Capítulo 14

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___ Fernanda?

Ouço meu nome ser proferido, logo seguida de uma mão apoiando-me e me erguendo de forma cuidadosa.
Abro meus olhos e vejo um dos seguranças do hospital me olhando de forma preocupada, sem pensar duas vezes olho em direção à rua e vejo Felipo de costas indo embora, mais antes de sumir entre os carro, vejo seus olhos fixos em mim com promessas silenciosas das quais arrepiam todo meu corpo...

___ A senhora está bem?

Não, eu não estou nada bem, as dores em minha cabeça me deixam atordoada, não consigo equilibrar meu próprio corpo, falar que era algo tão natural se tornou algo impossível neste momento, é estranho querer gritar de dor e não conseguir, porque o meu cérebro está sendo afetado de tal forma que impede que simples comandos sejam passados ao meu corpo.
Sinto as lágrimas descerem por meu rosto, quando uma dor exorbitante me atinge e tudo o que sou capaz de pronunciar não passam de gemidos dolorosos, curvo meu corpo cansado, tenho a sensação de ter facadas em minha cabeça, e cada pontada me faz temer a outra, porque eu sei que a próxima sempre é pior que a anterior.

Meu corpo é erguido completamente do chão, sinto o balançar similar a uma caminhada forçada, alguém me carrega rumo ao hospital,  provavelmente o mesmo segurança que me encontrou e salvou mesmo sem saber das garras do Felipo. Quero me entregar a morte, estou tão cansada das dores, meu corpo está esgotado, é ridículo dizer mais tenho medo de viver ao mesmo tempo que temo morrer, a verdade é que a vida não me deu muitos motivos para lutar por ela, Felipo veio para me recordar disso, mais o que a vida não me deu eu conquistei sozinha, em um caminho árduo e exaustivo, eu criei minha própria família e por eles tenho medo de partir, a verdade é que eu não quero perder tudo aquilo que uma dia pareceria ser um sonho impossível para mim.





George Thompson




___ Alguém me ajuda aqui! Um médico por favor....

Ouço a voz desesperada de alguém logo atrás de mim enquanto finalizo as últimas anotações para encerrar meu dia e ir embora junto com minha filha e Rebeca.

Viro-me para ver do que se trata, vejo o rosto preocupado do homem a minha frente que usa uma farda de segurança do hospital, olho para seus braços e observo o homem se aproximar com alguém acolhido de forma segura neles. Desespero preenchem meu sistema nervoso ao ver Fernanda sendo carregada praticamente inconsciente. Minha filha geme incansavelmente

___ O quê aconteceu com a minha filha?
(Pergunto desesperado quando vejo ela encolher nos braços do segurança e gemer como se sentisse muita dor. Pego ela em meus braços e sigo em direção à ala de emergência. Deito seu corpo em uma das camas disponiveis quando começo a examina-lá, neste instante ela solta um grito agudo de dor o que me deixa mais desesperado, não sei o que minha filha tem, como poderei tratar de algo que desconheço?

Vejo Fernanda levar suas mãos a cabeça de forma desesperada.

___ Está doendo muito! Por favor me ajude! Me ajude!

___ Olhe pra mim minha filha! Me diz o que você tem para que eu possa te ajudar... Me fala o que você sente.

___ A minha... minha.... Por favor não me deixe morrer....
(Ela sussurra de forma quase inaudível, devido a dor que ela aparenta estar sentindo isto é o máximo que ela consegue, seu corpo tremula e sou obrigado a chamar a equipe para que a mobilize, e assim entraremos com uma medição para dor e após estabilizar o quadro faremos os exames necessários para saber o que ela tem.


Quando os medicamentos começam a fazer efeito posso observar o rosto contorcido em dor se transformar em algo sereno, mais nada é capaz de esconder as afeições cansadas que ela tem agora.

Minha filha pisca seus olhos de forma lenta, devido ao calmante que aplicamos para que ela por fim pudesse dormir um pouco e se recuperar o mais rápido possível, ao amanhecer o dia cuidarei exclusivamente de fazer todos os exames necessário para saber o que ela tem. Lágrimas rolam por seu rosto e eu com o coração apertado seco cada uma delas, vejo seus olhos se fechando lentamente, mais antes posso ver uma suplica silenciosa, da qual não sei desvendar, eu sei que ela precisa da minha ajuda, o problema é não saber com o que!


___ Cadê a Fernanda?


Ouço a voz do Ricardo na recepção do hospital, fúria me invade, eu saberei a verdade agora, eu sei que ele sabe o que a Fernanda tem, e me escondem, mais de hoje não passa, eu saberei a verdade com ou sem exames.


Caminho a passos largos rumo ao meu genro, o pego pela gola da camisa o pressionando contra parede, seu olhar surpresos me varre minuciosamente, mais ele não tenta reagir.


___ O quê a Fernanda tem?
E não me diga que não sabe porque eu não sou bobo, eu vejo seus cuidados excessivos com ela, a forma como a olha, o jeito que a cerca, e principalmente quando cochicham pelos cantos. Me diga a verdade agora!



___ Eu não sei do que você está falando!


Fico ainda mais furioso, ele está mentindo na minha cara!
Arrasto o homem de estatura alta e corpo atlético do qual renderia uma boa briga se ele resolvesse revidar, mais não o faz. Certamente por saber que está errado.
Ao chegarmos no quarto onde mandei transferiram minha filha para que ela ficasse o mais confortável possível abro a porta e aponto meu dedo na direção dela.

___ Olha bem para a minha filha naquela cama com todos os aparelhos ligados, soro e remédios nas veias, porque estava gritando a uma hora atrás de dor e repete pra mim se for homem que você não sabe do que eu estou falando!


Ricardo se aproxima da cama e abraça o corpo da Fernanda de forma desesperada, talvez eu tenha sido enérgico demais com ele, é visível o sofrimento que o Ricardo sente, mais eles precisam compreender que me deixar no escuro não é a melhor solução para ajudar a Fernanda!


___ Como ela está? Ela vai ficar bem?


Seus olhos me duplicam palavras de esperança, mais não posso transmitir elas agora, não sem saber de toda a verdade.


___ Como posso saber se eu nem se quer sei o que ela tem?
Amanhã iniciaremos os exames, mais eles demoram! Enquanto eu permaneço cego sem saber o que fazer a minha filha está aqui, dopada.


Vejo quando ele beija o rosto pálido da Fernanda e diz algo apenas para que ela escute, após alguns minutos ele se volta para mim.

___ Eu vou te contar a verdade, mesmo que isso destrua meu casamento! Essa é a melhor forma que eu posso escolher de perder a pessoa que amo!


A ESPERA DE UM MILAGRE 2Onde histórias criam vida. Descubra agora