Iminência de conflito - Parte única

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Os exércitos estavam enfileirados, para a alegria dos deuses da guerra. Ou poucos filhos que não marchariam ao lado de seus pais estavam orando nos colos das mães, entre lágrimas e soluços apavorados. Civis refugiavam-se onde eram capazes de ver o campo de batalha, e ninguém sabia dizer se aquilo era bom ou ruim.

Várias camadas de homens armadurados, disciplina mantida pelo olhar pétreo de generais que não paravam de berrar. Eram humanos apesar da fúria inumana que acumulavam dentro de si. Mas como os inimigos eram monstros, não havia vergonha em recorrer a outras criaturas.

Águias negras, grandes a ponto de serem maiores que os casebres da região, levavam com elas arqueiros e besteiros. Fazendo-lhes companhia, toda a sorte de imensas aves, quase todas domesticadas.

Havia os feiticeiros, e neles residia boa parte da esperança.

Todos sabiam até onde ia a força dos guerreiros, quanto sangue suas espadas podiam fazer jorrar. Era de conhecimento público a real extensão das tropas, até a mais humilde criança sabia quantos homens trajavam uma armadura.

Mas ninguém fazia ideia do quão poderosos eram aqueles feiticeiros.

Contra eles, feras inumanas que se alimentavam do sangue de inocentes. Formas de vida selvagens, desprovidas de qualquer civilidade, apenas e tão somente um amontoado de animais bípedes. Portavam armas enferrujadas como um auxílio a suas garras, presas compridas que quase alcançavam seus queixos e cauda que cumpriam a função de chicote.

E eram milhares. Numericamente superiores às suas futuras vítimas, apostavam nisto para vencer. Muralhas os separavam de seus oponentes, e eles não pareciam dispostos a apressar seus rivais.

O exército quase totalmente humano aguardava algo. Alguém. Um sinal. Um Rei que inspirasse as tropas, talvez. Um estopim para que o sangue inimigo jorrasse em nome da paz, por mais contraditório que tal frase sempre tivesse se mostrado ao longo dos séculos.

Uma pomba. Albina, singela, quase insignificante comparada às águias e grifos que sobrevoavam o céu.

A pomba que simbolizava a fé nos deuses da justiça. A pomba cuja imagem era retratada nas flâmulas do reino. A pomba que, para eles, era tão sagrada quanto a vida.

O branco de suas penas contrastou com o colorido do arco-íris. Era o sinal.

O conflito começaria. 

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⏰ Última atualização: Nov 24, 2014 ⏰

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