Capítulo Cinco

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A jovem sentia seus músculos queimarem, sua respiração era dolorida e sonora. Fraca, parou de correr. Sem o impulso a diante, terminou por desequilibrar-se e cair de joelhos na lama, observando a longa estrada que ainda tinha pela frente.

As lágrimas escorriam por suas bochechas; incontroláveis, tão densas quanto as chuvas de verão que inundavam a França. As chuvas, porém, traziam felicidade e recomeço – suas lágrimas não: eram apenas rios salgados de desespero.

E confusão.

Como nunca soubera sobre aquela mulher? Onde ela estava naquele momento? Cumpriria com sua promessa sangrenta? Uma pessoa morreria naquele jantar, mas quem? Quem a mulher queria destruir mais que tudo?

E tudo aquilo que ela contara, era verdade? Ou os segredos tinham sido criação de uma mente perturbada?

Por mais que fingisse não saber, uma parte no fundo de si sabia a resposta para alguma daquelas perguntas. Vira um reflexo macabro de si mesma naquela tarde, uma imagem tão parecida consigo – e, ao mesmo tempo, tão diferente. Uma mulher quebrada, que buscava apenas uma coisa: vingança.

Buscou forças de onde não tinha mais, puxou a saia pesada de seu vestido, afundou os pés na lama e ergueu-se. Cuspiu alguns fios de seu cabelo loiro, os quais se infiltraram em seus lábios. Corria contra o tempo e não precisava de relógio para ouvi-lo passar.

Tic.

Toc.

Tic.

Toc.

[226 palavras]

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