ENERGY | shinkami

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Sempre que alguém perguntava para os alunos da UA onde estava Kaminari, a resposta era a mesma: "Procure o Shinsou". A regra era essa, onde estivesse um aluno estaria o outro. E o mais interessante era que eles não pareciam interagir muito entre si, apenas quando outros não estavam por perto. No geral eles só ficavam um do lado do outro, cada um fazendo a sua própria coisa.

Frequentemente viam os dois sentados na biblioteca com os ombros encostados, estudando matérias separadas e apenas se comunicando por olhares. Ou no refeitório lanchando lado a lado com as mãos entrelaçadas por baixo da mesa, de vez em quando dando comida um na boca do outro. Nenhum aluno sabia dizer ao certo quando eles começaram a andar grudados, mas o fato era que os dois alunos não saíam um do lado do outro por nada.

E também tinha o fato interessante de que todos foram instruídos pelo próprio Kaminari a o levarem diretamente ao dormitório de Shinsou sempre que ele tivesse um curto-circuito. Todos obedeciam, sem entender ao certo por quê o loiro saía daquele quarto apenas no dia seguinte e com o seu nível de energia nas alturas. 

Muitos alunos fofocavam entre si e especulavam o motivo pelo qual os dois eram tão grudados, alguns até jurando que ambos eram um casal. Apesar de existirem alguns casais homoafetivos na escola, a maior parte dos alunos duvidava dessa teoria, já que Denki e Hitoshi não exibiam quase nenhum afeto em público. Qualquer fosse a resposta para essas indagações, a verdade era que era muito curiosa a forma como Kaminari e Shinsou pareciam atrair um ao outro como imãs de polos opostos que simplesmente não conseguiam se afastar.

— Hey, Shinsou! — Os alunos do corredor ouviram Kirishima Eijirou gritar, arrastando consigo um Kaminari completamente fritado pelo seu próprio quirk. O garoto de cabelos roxos virou-se lentamente em direção ao colega de turma, já entendendo o que ele queria assim que viu o estado lerdo e idiota do amigo. — O Kaminari acabou exagerando de novo, haha! Você sabe como ele é com o quirk dele, né bro... — Sorriu aberto mostrando todos os seus dentinhos de tubarão. — Cuide bem dele, mano!

Cuidadosamente entregou o garoto para Hitoshi, que o segurou pelos ombros com firmeza. Nesse momento o corpo do loiro deu um pulo, pequenos raios amarelos passeando rapidamente por sua pele e olhos como se ele tivesse levado um choque.

— Hehehe... — Kaminari ria abobado, sem compreender o que acontecia à sua volta mas se sentindo repentinamente feliz. Sabia que precisava aprender a controlar a força de seu quirk o mais rápido possível, mas para ele era muito mais difícil já que não conseguia treinar muito antes de seu cérebro ficar completamente fritado, do mesmo jeitinho que estava naquele momento.

Shinsou suspirou, levando a sua mão para segurar a de Denki firmemente. Os olhos patetas do loiro desceram devagar até os dedos enlaçados, um sorrisinho bobo surgindo em seu rosto.

— Shin...sou... Hihihi... — O arroxeado sentiu suas bochechas se avermelharem levemente com o jeito fofinho do amigo. Estalou a língua, o puxando para  levá-lo consigo para o seu quarto nos dormitórios da UA. Como já haviam explicado a situação para os professores anteriormente, Kaminari tinha a permissão de passar a noite lá quando necessário. — Onde... vamos?

— Para o meu quarto. — Respondeu baixo, o ajudando a se locomover. Ficou um pouco acanhado quando passaram do lado de um grupo de alunos de outra série, que os encararam curiosos.

— Pro seu... quarto?! — Denki exclamou alto, chamando a atenção do grupo. Os adolescentes começaram a murmurar entre si, alguns soltando risinhos maldosos. Shinsou murmurou um palavrão baixinho, arrastando Kaminari com um pouco mais de pressa. "Ótimo" pensou ele. "Como se já não houvessem boatos o suficiente sobre nós dois".

Chegando no corredor dos quartos Hitoshi cumprimentou alguns colegas de turma, todos já entendendo o que estava acontecendo ao verem Kaminari completamente acabado. Já fazia parte do dia-a-dia dos alunos da 1A ver o Shinsou sendo o responsável por ajudar o loirinho a se "recarregar", por mais que não realmente entendessem como era todo o processo.