Quem Poderia Imaginar?

Capítulo Único

Gêmeos.

Sasuke Uchiha agora era pai; de gêmeos. Quem poderia imaginar?

- Não me diga que vai chorar... - sussurrou Hinata, a voz fraca devido às horas que passou gritando sobre como mataria seu marido caso sobrevivesse àquilo.

Hinata agora era mãe. Mãe dos gêmeos Uchiha. Quem poderia imaginar?

- Não estou chorando, você é quem está. Quer um espelho emprestado?

- Vai à m-m - a voz dela falhou por um momento - merda.

- Você não deveria falar palavrões em frente as crianças, Hinata-chan! - repreendeu-a, mas não estava realmente bravo.

- Calado... V-você é tão chato. Por que me casei com você, mesmo?

Casados. Hinata e Sasuke eram casados agora. O que começou com um simples flerte para aquecer um coração partido tinha terminado em casamento entre o casal mais improvável de Konoha. Quem poderia imaginar?

- Porque você me ama e eu também te amo - respondeu, sorrindo fracamente para a esposa deitada no chão frio de uma caverna. - É o que as pessoas fazem quando se amam.

- Co... conheço muitas p-pessoas que, mesmo se a-amando, não se casaram...

- Não falo sobre o casamento - balançou a cabeça negativamente. - Falo sobre... Família.

Sasuke Uchiha perdeu seu clã, toda sua família, ainda na infância. Embora tivesse crescido rodeado por mulheres que dariam tudo para ser a mãe de seus filhos, sabia que nunca mais voltaria a ter uma família. Já tinha até mesmo se acostumado com a ideia. E então, ela apareceu. E agora ele tinha uma nova  família. Quem poderia imaginar?

- Sasuke...

- Quem está chorando agora, Hinata-chan?

- V-você... Você está... - retrucou, esticando a mão e tocando o rosto do marido enxugando as lágrimas que corriam soltas pela pele macia dele.

Quem poderia imaginar?

Quem poderia imaginar que no sétimo mês de gestação, enquanto Sasuke estava fora em missão, Hinata seria raptada?

Quem poderia imaginar que Sasuke teria forças para suportar o sofrimento de passar dois meses sem nenhuma notícia de sua amada esposa?

Quem poderia imaginar que, após tantas buscas infrutíferas, Sasuke teria de implorar ajuda justamente da pessoa que dizimou sua família?

Quem poderia imaginar que depois de matar os sequestradores com suas próprias mãos, Sasuke encontraria, no cativeiro, uma Hinata em pleno trabalho de parto?

Quem poderia imaginar que durante aquela missão de resgate recuperaria o irmão e perderia a esposa?

Quem?

Quem poderia?

Não ele.

Nunca ele.

Sasuke nunca imaginava o pior e era por isso que o pior sempre acontecia com ele.

- S-sasuke...

- Sinto muito... H-hinata-chan... Eu sinto tanto! - exclamou.

Esquecendo seu orgulho, desabou de vez. Com a cabeça apoiada sobre a clavícula da esposa, chorou copiosamente; seus soluços dolorosos ecoando por toda a caverna, competiam com o choro infantil das crianças enroladas em sua blusa branca e na capa preta da Akatsuki.

- Por que está... se desculpando? Você não tem... culpa...

Indignado, Sasuke levantou a cabeça para encarar a esposa nos olhos.

- É claro q...

- Hitomi e Hayato - ela o interrompeu.

- O quê?

- Os n-nomes - tossiu algumas vezes. Estava ficando cada vez mais pálida. - A menina, Hitomi. O menino, Hayato.

- São belos nomes, Hinata-chan.

- Di... diga a eles... diga a eles que fui eu que escolhi. Não vá mentir, Sasuke - disse, tentando soar ameaçadora. Mas com a voz tão fraca, a pele tão pálida e os olhos cheios de lágrimas, Hinata parecia tudo, menos ameaçadora.

Sasuke sentiu seu peito doer.

- Você mesma vai contar isso para eles, não eu.

- Hai... - concordou, mais por querer agradá-lo do que por acreditar em suas palavras. - Sasuke... Faça um favor... para si mesmo...

- Hã?

- Me beije - ordenou, risonha.

Sasuke quis rir com ela, afinal, era bom saber que os meses passados em cativeiro não apagaram a essência arrogante de sua amada esposa. Ele realmente quis sorrir com ela. Então por que, quando a beijou, as lágrimas e dor no peito se intensificaram?

Gêmeos.

Sasuke Uchiha era agora pai de gêmeos.

Família.

Sasuke e Hinata Uchiha formaram uma linda família juntos.

Felicidade.

Finalmente, ele havia recuperado-a. Só para tê-la arrancada de si quando não estava olhando.

Quem poderia imaginar?

Quem?