𝑬𝒎𝒊𝒍𝒚 𝑫'𝑨́𝒗𝒊𝒍𝒂

1.5K 58 13
                                    

࣪ ִֶָ☾.

O vento gelado soprava do lado de fora enquanto eu observava atentamente a paisagem coberta de neve pela janela do meu escritório.

O inverno era implacável, e as árvores, despojadas de suas folhas, não passavam de troncos sombrios, o que fazia crescer uma melancolia inexplicável no meu peito. A neve caía em flocos densos, como uma cortina delicada, cobrindo tudo com seu manto branco.

Olho para a secretária, a ideia de manter este diário foi ridícula.

Me Levantei bruscamente da cadeira, contudo, ao fazê-lo uma das fotografias que estava sobre a mesa caiu aos meus pés. O vidro que a cobria se partiu em pedaços densos que agora cobriam o chão.

A peguei sem pressa, deixando meus dedos percorrerem as bordas desgastadas. Na imagem, uma criança sorridente parecia alheia às sombras que, anos depois, marcariam sua vida.

"Talvez seja isso. Cada história tem suas personagens, e cada personagem tem um início. Talvez eu deva começar pelo meu.". Pensei...

Fechei a janela para barrar o frio e voltei a me sentar. Peguei o lápis, olhei mais uma vez para a paisagem nevada lá fora e então comecei a escrever.

⁺‧₊˚ ཐི⋆♱⋆ཋྀ ˚₊‧⁺

Meu nome é Emily. Descente direta do Brasil, país onde nasci e vivi até os 5 anos. Depois disso, mudar de país se tornou um hábito obrigatório. Minha trajetória incluiu passagens como França, México, Rússia e, finalmente New York (USA).

Minha família nunca foi do tipo que constrói raízes. A cada nova tentativa de estabelecer uma vida estável, algo dava errado e voltavamos ao 0.
Perseguições, ameaças, homicídios e tentativas deles; sempre acabávamos por ser encontrados por algum rival.

Não é difícil adivinhar que meus pais faziam parte da Máfia Brasileira. Vivíamos no submundo, uma vida marcada pelo crime e pelas sombras, mas ainda sendo uma família. Afinal, apesar das dificuldades nada podia negar o amor que unia as almas dos meus pais, uma verdadeira história de amor que eu gostava de chamar de "romance entre balas".

No início, agiamos eles agiam sozinhos, sem muitos apoio fora da própria família, o que tornava tudo mais perigoso. Mas quando nos mudamos para a New York, nossa sorte mudou significativamente. Depois de anos de luta e testes de aceitação, meus pais finalmente ingressaram na gangue mais influente do país: a BLACKTHORN. Eu tinha 15 anos na época.

Com a BLACKTHORN do nosso lado, ganhamos proteção e estabilidade, ou pelo menos algo próximo disso. E com isso, desde cedo, precisei lidar com os problemas e encarar a minha realidade. Eu aprendi que por muito que eu feche os olhos e implore para mudar, nada muda, só ganha um novo prazo de validade todos os dias.

Minha história não é um conto de fadas. Não existem finais felizes aqui.
Só não esperava que fosse aos 17 anos que, em apenas 24 horas, minha vida mudaria por completo.

⁺‧₊˚ ཐི⋆♱⋆ཋྀ ˚₊‧⁺

Meu pai caminhava de um lado para o outro, os passos pesados ecoando pela sala. Ele estava agitado, nervoso, e sua frustração era palpável. Minha mãe, por outro lado, estava imóvel, os olhos fixos em algum ponto distante na parede, como se procurasse uma fuga para a realidade.

O ar estava pesado, tenso, e eu podia sentir a pressão apertando no meu peito. Não sabia o que estava acontecendo, mas algo grave estava por vir. O nervosismo se refletia em meu corpo, que não parava de balançar a perna e mexer no cabelo, tentando me acalmar pela décima vez.

Até que o Gatilho nos separeOnde histórias criam vida. Descubra agora