Por Quem Eu Não Esqueci

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Há uma voz de sempre
Que chama por mim
Para que eu lembre
Que a noite tem fim

Ainda procuro
Por quem não esqueci
Em nome de um sonho
Em nome de ti

Procuro à noite
Um sinal de ti
E espero à noite
Por quem não esqueci

Eu peço à noite
Um sinal de ti
Por quem eu não esqueci...

Por sinais perdidos
Eu espero em vão
Por tempos antigos
Por uma canção

Ainda procuro
Por quem não esqueci
Por quem já não volta
Por quem eu perdi

Escrevera Jaebeom, pela centésima vez, acerca de Jinyoung. Todas as noites era um novo poema, uma nova estrela a ser admirada, uma nova esperança...
O Jinyoung foi o seu grande e único amor, porém, não correu tal como nos filmes da Disney ou nos clichés românticos, simplesmente... Não correu. Algo tão ardente teria se tornado num amor às cegas.
Jaebeom perdera todo o contacto com o Jinyoung. Na verdade, será que alguma vez o teve sequer? Ele imaginava que sim, mas quanto mais o tempo corria, mais ele achava que o que tinham vivido não passa de meras histórias da sua cabeça e imaginação fértil.
Jinyoung era um homem incrível ao ponto de fazer o Jaebeom abdicar de todos os outros relacionamentos amorosos que ele tinha.
Até ao momento, o que o Jaebeom gostava era rodar. Rodar a boca pela cidade. Amava sentir-se livre e defendia que pertencia apenas a si próprio, a sua alma era livre no seu corpo e o seu corpo era livre na Terra.
Contudo, ele arriscou-se a prender-se ao Jinyoung... e foi largado.

Foram dois belos anos.
Após entrar para a faculdade, Jaebeom teria perdido todos os seus melhores amigos e Jinyoung, nunca os teve...
Conheceram-se pois tinham aulas juntos.
Jaebeom era alegre e animado, fazia amizades com uma enorme facilidade e sabia muito bem como conseguir a amizade, confiança e até amor de alguém. Ele tinha muitos truques na manga, o que lhe dava jeito, sendo o que ele fazia era explorar novos corações.
O Jinyoung nem por isso, ele estava confortável com a sua própria companhia, a solidão teria se tornado sua amiga e companheira. Ele não tinha amigos nem irmãos, nem procurava ter. Apenas limitava-se a dedicar-se aos seus estudos pois teria prometido à sua querida mãe que iria tirar boas notas, por ela.
Park Jinyoung... tudo o que ele mais amava, a sua mãe. Aliás, era a única pessoa que ele amava...
Não, ele não amava a faculdade nem nenhuma disciplina em particular, não amava as pessoas, não amava a vida nem sequer a si mesmo. Mas amava a sua mãe. Grande mulher, forte e guerreira...

Ao longo que o tempo decorria, mais o Jaebeom se questionava e se interessava pela vida de Jinyoung. Porquê que ele é assim?
Ele sabia que não devíamos questionar a personalidade de cada um, cada ser humano é um ser e tem o seu jeito único, tal como Jinyoung tinha o seu. Mas eles queria saber. Tal como cada um tem o seu jeito, cada um tem a sua razão.
Querem saber? Jaebeom nunca chegou a saber de fato o porquê de Jinyoung não querer falar com ninguém e passar o tempo todo sozinho.
Mas o fato de ele estar sempre sozinho, por algum motivo, entristecia o Jaebeom e dava-lhe uma enorme vontade de ir ter com ele e acabar com a sua solidão.
Porém ele tinha receio, pois os seus amigos já teriam tentado, e o Jinyoung teria rejeitado a amizade de todos.
Até ao dia em que isso já não importava ao Jaebeom e assim foi ele, largado, tentar entrar no coração do Jinyoung.
Se foi bem sucedido ou não, essa questão ainda está por responder...

O que aconteceu, aos olhos de todos, era incrível. Uma coisa era ser reservado, mas o Jinyoung era fechado. Fechado a todas as pessoas que tentavam contactar com ele.
Mas, por algum motivo, ele não rejeitou o Jaebeom. Quer dizer, de primeira ele não falava muito, mas o outro não desistiu e assim insistiu em entrar no seu coração.
Conseguiram construir uma amizade. Devagar, com o tempo, o Jinyoung começou a confiar no Jaebeom e falar-lhe sobre si, sobre a sua família e sobre os seus sentimentos. Mas isso tudo era muito raso.
Já Jaebeom, devagar, ao longo do tempo, ia apaixonando-se por ele. Questionava-se o porquê do Jinyoung conversar e gostar apenas dele, e isso fazia-o sentir-se especial, o que ajudava a ele apaixonar-se mais e mais.

Tudo isso, toda essa paixão é um conjunto de momentos que não consigo explicar.
Jaebeom não esqueceu o dia em que o Jinyoung o presenteou com um globo de água com uma rena e flocos brancos a imitar a neve pelo Natal.
Ele não esqueceu das tardes que passavam sozinhos a conversar sobre tudo, como se no mundo só existissem eles os dois.
Ele não esqueceu de tudo o que fez pelo Jinyoung. Por o defender, por o amar.
Ele não esqueceu das suas brincadeiras na água no último dia de faculdade, nem do momento em que ia confessar os seus sentimentos ao Jinyoung mas tudo isso tinha ficado atracado na garganta.
O Jinyoung tinha avisado que talvez eles nunca mais fossem estar juntos, mas o Jaebeom não queria acreditar nem acreditou, pois para ele, não havia um motivo para tal.
Mal ele sabia que o Jinyoung tinha razão e que era mesmo o último dia em que iam estar juntos.

E assim, sem avisar, o Jinyoung partiu. Agoniado, o Jaebeom procurou durante anos e anos o seu amado, mas não teve resultados. Ele não tinha redes sociais e não sabia a sua morada, então, como um doido, louco de amor, Jaebeom corria a cidade à procura de ver o Jinyoung mais uma vez, falava com a lua, chorava todas as noites e escrevia-lhe cartas e poemas todos os dias.

Ele amou-o intensamente, como ninguém, cegamente, Park Jinyoung. Ele teria se apaixonado por todo o mistério que ele era, teria se apaixonado por tudo o que o Jinyoung lhe dava que não dava aos outros...
Teria se apaixonado por aquela relação alimentar bem o seu ego.
E agora, morria de arrependimento por naquele último dia não ter sido honesto com o Jinyoung e desperdiçar a oportunidade de saber o quê que afinal ele sentia.

Triste vivia Jaebeom, a amar uma pessoa que não tinha nenhum contato à anos.
Ele jurou a si mesmo que jamais esqueceria o Jinyoung. E assim cumpriu.

Quem Eu Não EsqueciOnde histórias criam vida. Descubra agora