Capítulo I

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        O frio em Nova Iorque nunca decepciona. Tudo parece mais confortável no inverno. A sensação do calor do sol junto ao vento entre 5 e 7 graus Celsius era pura. Bastasse se fosse só o clima. O branco da neve combinado com o marrom dos troncos das árvores extasiava a visão de qualquer um. Era terça-feira, no entanto, dia de movimento nas ruas. A Universidade de Nova Iorque estava calma como sempre, ainda mais no curso de Biologia, que muitos não viam mais sentido em fazer com tanto distúrbio na ciência. Os alunos que persistiram, contudo, seriam levados pela inteligentíssima professora Kenya para a estufa naquele dia. A estufa é um dos lugares mais bonitos da universidade, construída por arquitetos bem famosos nos Estados Unidos. Caberia uma floresta inteira lá dentro, tudo para preservar o maior número de espécies possível. Os alunos se espalharam dentro da estufa. Há alguns bancos que ficam em um caminho de pedras, e ao redor ficam muitas árvores de grande porte. Foi lá onde uma das alunas de Kenya sentou. Ela pôs no seu colo seu notebook e continuou seus estudos sobre botânica. A professora, enquanto isso, explicava alguns princípios do conteúdo para outros alunos ali perto. A aluna se sentiu inspirada naquele lugar, devido à grande beleza das árvores que a cercavam e das flores e espécies que eram preservadas dentro da estufa. Além disso, as vidraçarias eram lindas e todas se conectavam em um ponto no teto, formando uma espécie de planetário gigante de vidro. Ao olhar para o seu lado, no entanto, ela viu um menino alto e forte de costas para ela. O menino parecia concentrado, sua cabeça estava inclinada para cima, parecendo estar observando a paisagem. Seus braços estavam para trás e suas mãos se encontravam nas suas costas. Ele tinha uma postura séria e curiosa. A aluna nunca tinha o visto no campus. Curiosa, logo foi se aproximando para ver se o rosto lhe era familiar. Ela foi devagar para não assustar o menino, que estava claramente bem concentrado. Ele usava um moletom marrom e calças jeans escuras, seu corpo aparentava ser bem malhado. Ela ficou de pé ao lado dele, mas o menino não reagiu. A diferença de altura era nítida, o menino parecia um atleta. Após poucos segundos, ela deu um passo à frente para observar seu rosto. Ele estava de olhos fechados, mas ela já notava que realmente jamais tinha visto aquele menino na vida, o que a deixava mais intrigada ainda, afinal o que um desconhecido fazia dentro da estufa, um lugar que supostamente era para ser seguro para as espécies em extinção? Ele claramente não era um professor, era muito novo para ser um. Parecia ter 20 ou 21 anos. Seu rosto era bem harmonioso e seu maxilar bem marcado, seu cabelo era castanho. A tonalidade era parecida com a dos troncos das árvores que estavam ali. O sol atravessava os vidros da estufa e batiam no rosto do menino, que permanecia de olhos fechados. Então, a menina resolveu voltar ao banco onde estava estudando, a fim de não atrapalhar seja lá o que for que o garoto fazia. Seus passos para voltar ao banco eram lentos, mas não deixavam de fazer barulho por causa das pedras do caminho. Quando tinha se distanciado um pouco, ela ouviu a voz do garoto atrás dela:

         — Desculpe, em que posso ajudar? — o coração da aluna parou por alguns milissegundos ao ouvir a voz grossa do menino, mesmo ele falando aquilo em uma tonalidade alegre.

         Quando ela virou seu corpo, se encantou com os olhos bem verdes do menino. Ela, nervosa por não saber o que fazer, improvisou:

         — Eu só estava me perguntando se você era um aluno novo, ou algo do tipo. — falou, dando uma leve gargalhada ao terminar a frase.

         — Na verdade, eu só estou aqui para coletar algumas informações, sou biólogo.

         — Que bacana, mas você não trabalha aqui né? Nunca vi você por perto.

         — Eu acabei de ser transferido para cá de outra universidade.

         A conversa terminou ali mesmo. Ela nem se esforçou em prolongar a conversa, pois só queria voltar ao banco onde estava sentada primeiramente. Por mais que ele tenha sido amigável, ela estava nervosa por ter agido de maneira tão estranha.

         No final da tarde, quando as aulas acabavam, a menina tinha o costume de ir tomar chá no Starbucks dentro da universidade. O tempo estava nublado, o que fez ela se perguntar se iria para casa logo antes de chover ou se iria comprar sua bebida. O fator decisivo foi sua fome. Ela estava faminta depois daquele dia e decidiu ir a cafeteria para pegar um cookie, também. Além disso, pensou que a chuva iria demorar mais um pouco ainda.

        Ao chegar lá, fez o seu pedido: chá de maçã com canela e um cookie de chocolate preto e branco. O único banco disponível era um do lado de um homem não identificado, por estar com uma jaqueta grande e com capuz. Aconchegou-se ali e suspirou. O frio vinha com tudo, e ela só vestia uma blusa, que não esquentava muito. Logo, ouviu:

         — Você vai ficar com frio se não colocar outro agasalho. — era a mesma voz do menino que tinha encontrado na estufa.

         — É que eu não trouxe outro, mas obrigada. — ela não tinha percebido quem era ainda, só quando o menino tirou o capuz — Ah! Você de novo!

         — Ethan, prazer. — disse o homem, levemente sorrindo.

         — Luna.

         Os dois pararam por aí. Ela tomava seu chá e ele o seu café. Os dois não trocavam olhares, apenas sentiam a presença um do outro como se a conversa não tinha acabado ainda. Nesse instante começou a chover. Era um clima estranho, literalmente.

         — Você quer uma carona para sua casa? Vi que está a pé e essa chuva vai te atrasar muito. — ofereceu o garoto, educadamente.

         Ela jamais aceitaria aquela carona. Luna não era boba. Sempre se perguntava: e se for um louco me seguindo querendo me sequestrar?

         — Obrigada, mas vou esperar a chuva passar mesmo. Provavelmente vai passar em alguns minutos.

          — 13 minutos. — disse Ethan, percebendo que assustou a garota com um número tão específico.

          — Por aí. — ele tentou consertar.

         Ficava tudo cada vez mais estranho, então ela resolveu ir embora naquele instante.

         — Acho melhor eu ir agora mesmo.

         — Espera! Leve essa jaqueta para não tomar chuva. — ele tirou sua jaqueta e a colocou nos ombros de Luna.

         Ela, adquirindo confiança, aceitou. Vestiu a jaqueta e disse:

        — Obrigada! Amanhã me encontra na estufa que devolverei a jaqueta.

         Ethan observou ela se distanciando cada vez mais até que perdesse totalmente Luna de vista. Ele não tinha culpa, era a garota mais linda que ele já tinha visto. Luna era loira de olhos azuis, magra e sempre se vestia bem. Além disso, uma das melhores alunas do curso de Biologia. Admirado pela beleza da garota, perdeu o foco e ficou ali, sentado, por alguns minutos.

         — Ethan! — uma voz masculina ochamava.

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⏰ Last updated: Feb 09, 2020 ⏰

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