From Zero - 2won [PTBR]

Prólogo

Hyungwon olhou mais uma vez para o pequeno aparelho dentro da caixa de madeira. A prata refletiu a luz do sol. Suas mãos tremiam levemente, mas a decisão estava tomada há muito tempo. Mesmo assim, ele não podia evitar sentir-se ansioso.

Sentado em sua penteadeira com a caixa em sua frente, suspirou quando o reflexo de seu marido pareceu. Ele sentiu as mãos de Wonho em seus ombros, mas o homem não disse nada pelo o que pareceu horas.

"Você realmente vai fazer isso?" perguntou pela terceira vez naquele dia.

"Sim..."

Hyungwon tentou ler a expressão no rosto do marido, mas ele não demonstrou nenhuma reação. Isso era o pior que ele poderia oferecer a Hyungwon, um grande monte de nada.

Virando na cadeira para encarar Wonho, Hyungwon pegou suas mãos o puxando para baixo para sentar na cama em sua frente. Cara a cara agora, ele podia ver claramente o quão preocupado o outro estava.

"Eu sei que você está com medo, babe..."

"Pode apostar que eu estou com medo, Wonnie" Wonho disse um pouco alto demais, fazendo os dois travarem e esperarem para ver se foram escutados, mas depois de um minuto nada aconteceu. Passando os dedos por seus cabelos loiros, Wonho abaixou sua voz para dizer: "Você vai arriscar muito por muito pouco, eu não consigo entender."

Ele parecia tão frustrado e com medo que Hyungwon quase desistiu, mas então ele tocou o aparelho dentro da caixa e o espelho se encheu de imagens.

Outro Hyungwon com outro Wonho em outra dimensão.

Eles estavam tão infelizes. Eles destruíram um ao outro e agora seu casamento não era nada mais do que brigas e corações partidos. No meio estava Jong-Suk, o filho de seis anos deles.

"O que você vê quando olha para a vida deles?" Wonho perguntou depois de um suspiro, olhando para o espelho também.

"A relação deles já se desgastou há muito tempo, a única coisa os mantendo juntos é o Jongie. Mas ele percebe que seus pais não são mais felizes e ele tenta tanto ser um bom menino. Ele pensa que é culpa dele, Wonho." Hyungwon sentiu os olhos arderem, seu lábio inferior tremia e a garganta doía a medida que ele segurava as lágrimas. Respirou fundo antes de dizer: "Eles estão sofrendo tanto, eu não consigo suportar isso quando sei que posso consertar tudo."

"Mas o preço pode ser muito alto, Wonnie. Você vai colocar responsabilidades demais nas mãos de uma criança de seis anos e se der errado... Você realmente está preparado para a possibilidade de nunca voltar para casa, para mim e para nosso filho de seis anos?"

Os olhos de Hyungwon deixaram o espelho enquanto ele soltava o aparelho e segurava as duas mãos de seu marido ao perguntar:

"Você se lembra dos nossos votos de casamento?"

Wonho já sabia onde essa conversa iria parar então ele apenas assentiu.

"Não há um mundo, dimensão ou universo paralelo onde eu, Hyungwon, não amo você, Wonho..." ele começou.

"Ou eu, Wonho, não amo você, Hyungwon."

"E nunca haverá" Wonnie terminou.

"Eu não pensei que você iria levar isso tão a sério"

"Você sabia o que e como eu era quando disse 'sim' para meu pedido de casamento" ele provocou o loiro.

De repente era Wonho que tinha lágrimas descendo em suas bochechas. Antes que Hyungwon pudesse dizer qualquer coisa, uma terceira voz veio da porta do quarto.

"Papai, porque o Pai está chorando?"

Os dois homens se assustaram com a presença do filho. Wonho limpou as lágrimas e forçou um sorriso ao chamar a criança para perto. O garotinho parou entre os dois esperando uma explicação.

"Jongie..." Wonho tentou, mas as palavras simplesmente não vieram. Olhou para baixo tentando esconder sua tristeza do filho.

"Você se lembra o que isso é, querido?" Hyungwon chamou a atenção da criança quando apontou para o aparelho na caixa de madeira.

Jongie assentiu devagar.

"É a caixa do vovô com a coisa de tempo-espaço" ele respondeu, "o Pai disse que eu não deveria tocar nela sem sua permissão, Papai."

Hyungwon lhe deu um pequeno sorriso e colocou a mão em sua grande bochecha.

"Isso mesmo. Você é um garoto muito inteligente, não é mesmo? O melhor garoto no mundo todinho"

Jongie sorriu orgulhoso de si mesmo.

Wonho não conseguiu segurar o choro, começando a soluçar, fazendo Jong-Suk e Hyungwon o olharem. Então o menino pareceu perceber o que estava acontecendo.

"Papai, o pai está chorando porque você vai fazer algo com a coisa da caixa, não é?"

"É, querido. O que você acha sobre isso?" Hyungwon estava com medo que o menino ficasse assustado ou até mesmo pedisse para que ele não fizesse isso. Ele estava com medo porque não seria capaz de fazer aquilo se seu próprio filho pedisse para que ele ficasse.

Jong-Suk tirou a mão de Hyungwon que estava em sua bochecha e a segurou, então pegou a mão de Wonho também.

"Uma vez você me disse que mexer com o tempo era perigoso então você só faria isso se fosse muito importante. É muito importante?"

Hyungwon pensou por um minuto antes de perguntar gentilmente:

"Jongie, você consegue imaginar um mundo onde eu e o seu pai não nos amamos? Onde você não ganha beijo de boa noite de nós dois ou nós não temos as sexta-feiras de pizza?"

O olhar de Jong-Suk dizia tudo que Hyungwon precisava para continuar.

"Existe uma realidade onde isso está acontecendo e quebra meu coração pensar que o pequeno Jongie está sofrendo, você não concorda?"

O menino ficou em silêncio por alguns minutos antes de virar para Wonho.

"Pai, você está preocupado porque isso pode dar errado e o papai pode se machucar?"

Os olhos de Wonho encontraram os de Hyungwon num acordo silencioso, não faria sentido mentir agora. Ainda sem conseguir falar, ele apenas assentiu.

"O pequeno Jongie também? E os papais dele?" Wonho assentiu mais uma vez. "E os tios também?" Wonho confirmou mais uma vez e Jongie fez uma pausa, então ele abriu um grande sorriso surpreendendo seus pais. "Mas o papai consegue fazer qualquer coisa, ele vai consertar os outros nós e eles vão ter a noite de pizza como a nossa família."

Wonho não pode evitar sorrir, ele puxou o garoto para seu colo enquanto Hyungwon os encarava. Seu mundo todo estava bem a sua frente, e ele não conseguia nem imaginar a vida sem eles. Ele sentiu o coração acelerar. Não podia negar que estava com medo, mas também tão feliz por tudo que possuía. Como ele poderia privar aquela outra família disso?

"Me diga, Jongie. O que você faria se você tivesse que fazer seu pai e eu nos apaixonarmos?" Wonnie perguntou.