Capítulo Quarenta e Cinco.

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Boa leitura!

~•~

No final, o amanhã não chegou e hoje faz três dias que não falo com Natsu. Ele tem toda a razão de não me procurar, no lugar dele faria o mesmo. Eu não o procurei porque tive medo do que poderia acontecer, fui covarde, principalmente porque fui eu que trouxe o assunto "término" para a conversa, mas de hoje não passa. Seja o que for, não posso deixar se arrastar mais.

Minha mãe brigou comigo, como há muito não fazia, e eu só pude ouvir quieta, ela também estava certa.

Eu tinha consciência que era a errada da situação. No momento em que falei aquele monte de besteiras, sabia que estava no erro e que precisava me calar, mas não conseguia controlar minha voz. Eu estava sufocada com tudo o que passava e acabei descontando na pessoa errada.

Não sei há quantos minutos estava de pé, segurando a maçaneta da porta. Perdi as contas de quantas vezes respirei fundo, tentando juntar toda a coragem existente no meu corpo.

— Vamos, Lucy. Se você teve coragem 'pra falar aquelas merdas, precisa ter 'pra tentar arrumar as coisas. – respirei fundo mais uma vez. — Mas... e se ele não me desculpar? É um direito dele, mas preciso fazer mesmo assim.

Abri a porta e saí, era um começo. Puxei o ar mais uma vez e me movi até sua. Quando levantei a mão para bater, ela abriu, revelando uma linda ruiva que não perde a oportunidade de me alfinetar e provocar. Ah, ótimo.

— Oh… Olá, Lucy. – ela disse.

Ele parou atrás dela e me encarou.

— Oi, Erza. Tudo bem? – Erza Scarlet, colega de trabalho e ex namorada.

— Sim e você?

— Também. – falei sem empolgação.

Eu não estava nada bem, mas não daria esse gostinho a ela. 

Pensei que a ruiva ia embora, mas a mulher ficou parada na porta, entre nós dois. Ficamos os três parados e eu não sabia o que fazer: voltar ou continuar ali.

— Você pegou a autorização, Erza, já pode ir.

Ela riu.

— Agora que ela chegou, podíamos tomar um café e conversar sobre a vida. – revirei os olhos. — Tchau, Lucy. Tchau, Natsu. – ele assentiu.

— Tchau. – falei.

Ela me tira do sério, sempre dando em cima dele descaradamente. Eu confio nele, esse não é o problema. A questão é que ela não me respeita como mulher, parece que sou invisível. 

Agora estávamos apenas os dois e eu sentia seu olhar sobre mim. Cadê a coragem que reuni? Acho que Erza levou. Ouvi seu suspiro alto e me bati mentalmente. Droga, você é uma mulher adulta, aja como tal.

— Você quer algo, Lucy?

— Sim, conversar.

— Esqueceu de me acusar de mais alguma coisa? 

Eu merecia e estava preparada para esse tratamento, mas não queria dizer que não doa.

— Não, justamente o contrário.

— Então pode entrar.

Passei por ele e parei no meio da sala, observando a mesma bagunça de sempre.

— Senta.

Sentei no sofá e o esperei sentar ao meu lado, mas não foi o que houve. Sentou na poltrona. Já estou desanimando.

Não, força, Lucy.

— Vai falar hoje ainda?

Limpei a garganta e respirei fundo pela última vez antes de começar.

— Eu vim me desculpar. 

— 'Tô ouvindo.

— Você tinha razão quando disse que eu 'tava jogando minhas frustrações. Não só isso, aproveitei aquela sua brincadeira boba e descontei toda a raiva acumulada, mas foi em alguém que não tinha nada a ver. Foi muito errado fazer isso e você não faz ideia do tamanho do meu arrependimento. Eu sinto muito. – estou me segurando para não chorar.

— Se eu falasse que não me magoou, seria mentira. Foi tão fácil 'pra você sugerir terminarmos, que cheguei a questionar nosso relacionamento.

— E-Eu não quero terminar. De verdade, não quero. Me arrependi dessas palavras assim que elas deixaram minha boca, não sei o que me deu 'pra dizê-las. A pressão que tenho sofrido não justifica aquela cena que eu fiz, nada justifica. Por isso eu não 'tô tentando me justificar, eu… Queria voltar no tempo e não falar nada daquilo, mas isso não 'tá ao meu alcance. Eu só posso dizer sinceramente que sinto muito e me arrependo.

Silêncio… Essa foi sua resposta. Eu estava preparada para aquilo, ninguém é obrigado a aceitar as desculpas alheias.

— Olha, eu acredito no que diz, mas eu 'tô bem magoado. Você chegou do nada e me acusou de um monte de coisas que não fiz, até de falso me chamou. – não, não, não. Por favor. — Eu preciso de um tempo. – odeio isso, nunca gostei.

— Um tempo? – assentiu.

Odeio isso.

— Eu não quero terminar com você, mas não consigo dizer: "'tá tudo bem", não agora. — odeio isso. — Então eu pensei nisso.

Odeio esse negócio de "dar um tempo". Cria uma expectativa de que tudo se resolverá e no final, as coisas sempre terminam mal. Prefiro que tire o curativo de uma vez só, mas como eu também não quero terminar com ele, o melhor era deixar o curativo.

—… cy! – o olhei. — Ouviu o que eu disse?

— Sim, você precisa de tempo.

— Eu odeio esse negócio de "dar um tempo" e só 'tô pedindo, porque não quero terminar nosso relacionamento.

— 'Tá… Eu vou esperar o tempo que for preciso. – por favor, não demore. Levantei. — Você quer a… aliança de volta?

— Claro que não, nós não terminamos.

— Okay… – me senti levemente aliviada.

Andei em direção à porta, mas antes que eu a abrisse, ele pôs a mão e me impediu.

— Eu prometo. – sussurrou atrás de mim.

Apenas assenti. Preferi não falar, do contrário choraria.

Ao passar pela porta, tomei coragem e me virei, o encarando e pude notar seus olhos marejados.

— E-Eu vou esperar. 

Ele apenas assentiu.

Não queria que ele me visse chorando, então me apressei e entrei no apartamento. Fechei a porta, encostei nela e deslizei até o chão. Agora sozinha, eu chorei tudo o que estava guardado. 

Engatinhei até a mesinha de centro e peguei meu celular. Sentei no chão mesmo e procurei pelo número do meu porto seguro, o selecionei e esperei. O primeiro toque soou, depois o segundo, terceiro, quarto e a ligação foi atendida no quinto toque.

— Dessa vez fui eu, mã-e… E-Eu que estraguei tudo.

~•~

Lucy tá arrependida, o que não muda em nada a mágoa dele. 🤧

Apenas Um Mês... ou Talvez Mais! [Finalizada]Onde histórias criam vida. Descubra agora