35. Martina

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- Eu te amo. - sussurrei, mas ele já havia caído no sono.

Eu queria ficar deitada nos braços dele pra sempre, mas não era possível. Nunca fora possível, pois ele sempre me veria como uma menina mesmo que eu já fosse adulta. Vitto nunca quis construir uma vida comigo e agora ele já tinha a Antonela. Era ela quem dormiria em seus braços todas as noites.

Levantei suavemente e fiquei observando o homem que tanto amava. Eu queria gravar aquela imagem em minha mente. Quando fosse embora, lembraria daquele momento pra sempre. 

- Obrigada. - sussurrei com a voz embargada. - Obrigada por estar ao meu lado desde que eu era uma criança. Obrigada por ter me protegido, por ter me acolhido e por ter me amado à sua maneira. Jamais vou esquecer você,amore mio, mas agora eu preciso seguir sem você, sem a esperança de que um dia você vá me amar como eu quero, como eu mereço. -as lágrimas corriam soltas. - Eu vou arrancar você do meu coração, Vitto, a qualquer custo.

Enxuguei as lágrimas e olhei pra janela tentando imaginar a hora. A luz da lua entrava pela cortina aberta. Levantei-me da cama, peguei minha roupa e a vesti olhando para o meu amor. Fechei as cortinas sem fazer barulho. Olhei mais uma vez para ele. Vitto dormia serenamente, tão lindo. Ainda mais lindo. Com aqueles cabelos em desalinho, o corpo forte e musculoso. Sorri ao ver a pequena cicatriz na altura da costela, no lado esquerdo. 

Aquela cicatriz era uma prova do quanto ele se preocupava comigo e me protegia. Lembranças que ficarão para trás. Assim como essa noite, pensei amarga. Guardaria aquela noite em meu coração como a mais perfeita de todas.

Saí do quarto de Vitto e fui direto para o da minha amiga. Ela dormia. Deitei-me na cama já chorando. Marcella sempre teve o sonho leve, então logo se acordou.

- Martina? - sua voz era de preocupação. - Ei, amiga, o que foi? - se virou pra mim ainda deitada e me abraçou.

Eu não consegui falar nada e ela também não me perguntou, apenas continuou me abraçando e falando palavras de conforto mesmo que não soubesse o que era.

- Sabe que eu te amo, não sabe? - perguntou quando meu choro cessou. Assenti envolvida por seus braços.

Sentei-me na cama e sequei minhas lágrimas. Marcella também se sentou.

- Preciso te dizer uma coisa. - Marcella estava apreensiva, mas esperou. - Você sabe que meu desejo sempre foi ser chef de cozinha. - ela assentiu. - Sabe também do curso que estou fazendo, mas sei que não conseguirei muito coisa aqui se ainda estiver presa aos meus pais. Eu preciso me libertar. - ela ouvia tudo atentamente. - O Fed me ofereceu uma oportunidade única. Ele vai estudar gastronomia em Paris e me chamou pra ir também. - Marcella arregalou os olhos. - E eu vou, Marcella.

- Você vai? - ela perguntou com a voz um tanto estrangulada. Eu assenti. - Pra Paris? - assenti mais uma vez. - Mas é longe demais, Martina.

Ela se levanta da cama e fica andando de um lado para o outro. Depois volta e se senta de frente pra mim.

- Se o problema é seus pais, você pode vir morar aqui. Mamma e papà te convidaram quando você se tornou maior de idade e você não quis. Mas se a sua situação está insustentável lá, você pode vir morar aqui. E você pode continuar o curso aqui mesmo em Buenos Aires. - ela sorri. - Problema resolvido.

Casamento por amor? - FINALIZADOOnde histórias criam vida. Descubra agora