Não consigo mais viver sem você-27

472 26 2
                                    

Eu me atrapalhei todo na desculpa, especialmente por notar que Jordan se divertia com a situação mantendo um sorriso no rosto, e somente vendo o quão estabanado eu estava foi que se adiantou a dizer:

_ O Roger estava contando-me uma piada que achei engraçado e no clima de diversão eu acabei acertando uma almofada nele que me devolveu, foi isso, aí vocês chegaram.

_ Poxa meu filho, que bom que vocês se dão tão bem, mas eu fico triste por você nunca partilhar desses momentos comigo também, eu sou o seu pai e queria que você se divertisse comigo igual se diverte com o Roger, lógico que não há comparação eu já sou velho e o Roger tem a mesma idade que você, tem mais energia mas eu queria que você, me olhasse como um amigo também.

Jordan o olhou e depois se virou para mim, e eu fiz um movimento confirmando com a cabeça e sorri, imediatamente ele entendeu o recado e pegou uma almofada jogando no papai, que abriu um sorriso jogando a almofada novamente para Jordan e assim ficamos os três, e por incrível que pareça até mesmo minha mãe entrou na brincadeira apesar de reclamar quando meu pai lhe acertou a almofada no braço. Parecíamos quatro crianças brincando, o clima estava descontraído embora mesmo na brincadeira minha mãe não interagiu em nenhum momento com Jordan, mesmo assim foi um momento divertido em família.

Entre dias de sol e dias nublados os meses e anos se passaram, já faziam quatro anos que Jordan veio para a fazenda, já não conseguíamos esconder o que sentíamos, e a nossa proximidade começava a chamar a atenção mas conseguíamos driblar a situação, havia burburinhos quando passávamos isso se devia as indiretas que Zulu destilava todas as vezes que nos encontrávamos, mas ninguém tinha certeza de nada, Jordan e eu éramos cuidadosos quanto a qualquer manifestação de carinho em público, eu assim preferia, era entre as quatro paredes do seu quarto que nos entregávamos as juras eternas do amor que sentíamos, lógico que Jordan as vezes pressionava-me para que assumíssemos logo e assim acabaríamos com todo aquele medo que eu sentia, mas eu conseguia controlar a sua ânsia.

As horas ao seu lado era as melhores, íamos juntos ao trabalho, voltávamos juntos para casa na hora do almoço e depois que meus pais adormecia ainda desfrutávamos de bons momentos em seu quarto, porém em uma tarde quando voltávamos do trabalho no curral, assim que Jordan abriu a porta uma voz masculina o chamou:

_ Jordan?

Tanto ele como eu nos viramos na direção a voz que para mim era estranha, mas Jordan abriu um largo sorriso e abriu os braços indo em direção a um distinto senhor de meia idade, ele era gordinho e tinha em sua cabeça cabelos tão brancos como a neve.

_ Bryan... que saudades de você.

_ Eu vim te buscar Jordan, o prazo que sua mãe lhe deu de cinco anos em companhia do seu pai está perto de findar.

_ Ir embora daqui Bryan, não sei...

_ Você não quer ir para casa Jordan... Vai me dizer que criou gosto por cuidar dos animais.

_ Não é isso, mas é que...

Ele me olhou e eu igualmente o olhava. Meu pai se pronunciou:

_ Jordan meu filho, eu ficarei muito feliz se desejar ficar aqui comigo.

_ Douglas, eu sei que o Jordan ama a cidade, acho improvável que ele queira ficar.

_ Bryan, eu entendo que ele goste da cidade, mas nesses quatro anos e meio que ele está aqui pode ser que ele tenha criado amor por esse lugar que é dele também, acho que é ele quem tem que decidir.

_ E então Jordan... você volta para a cidade, ou ficar aqui nesse lugar?

Naquele momento todos os olhares estavam sobre Jordan que permanecia calado, então eu fiz um gesto a ele para que ele respondesse:

_ Bryan... de fato eu amo a cidade, é onde eu nasci e cresci, quando cheguei aqui eu estranhei, um lugar que não tinha nem internet, um chuveiro elétrico, não tinha modernidade nenhuma, eu tive que reaprender tudo ao reverso, acordar cedo, tirar leite de vaca, cuidar de cavalo, diferenciar serpentes peçonhentas das não peçonhentas, mas eu aprendi... a verdade é que estou feliz aqui, eu amo...

Ele demorou o olhar sobre o meu...

_ Eu amo está aqui, portanto Bryan, eu irei ficar, não sei se para sempre, mas eu não vou com você.

_ Você tem certeza Jordan?

Bryan perguntou meio incrédulo para ele que balançou a cabeça confirmando:

_ Confesso sinceramente ficar admirado com a sua decisão, nunca imaginei você decidir morar em um lugar com cheiro de estrume.

Ele olhou para o meu pai:

_ Sem ofensa, mas é que eu nunca imaginei o Jordan escolher um lugar com cheiro de estrume ao movimento da cidade grande.

_ Eu entendo Bryan, não me ofende em nada.

Bryan pernoitou aquela noite na fazenda, ele ficou no quarto de Jordan por essa razão tive que reprimir o desejo de invadir o seu quarto e beijá-lo, no dia seguinte logo depois do café da manhã ele ainda insistia com Jordan:

_ Tem certeza de que deseja ficar... tem as casas que a sua mãe te deixou, tem seus carros, sua moto, as ações.

_ Eu sei que você gerenciará tudo isso como sempre fez Bryan. Você sempre foi como um pai para mim, obrigado meu velho amigo.

_ Você foi o filho que eu não tive Jordan, eu vou te apoiar na sua decisão.

_ Douglas se importa se o Roger me acompanhar até a estação de trem para levar o Bryan?

_ Vai com a caminhonete Roger, faço questão de que volte sempre que desejar Bryan, meu filho tem alta estimação por você então sempre terá em mim uma gratidão eterna. Obrigado por ter sido o pai que eu não pude ser para ele, fique sossegado que esse rapaz, é muito amado por aqui.

_ Eu fico feliz em saber disso Douglas, eu temia que a decisão da Rebeca tivesse efeito contrário, mas vi que minha amiga acertou quando exigiu que ele viesse para cá, eu sinto ele até mais calmo.

Bryan estendeu a mão ao meu pai que apertou em um cumprimento e partimos para a estação, onde esperamos Bryan retornar a cidade, só então ali mesmo na caminhonete eu lhe roubei um beijo, e ao retorno para casa durante todo o trajeto ele veio acariciando minha nuca:

_ Você sabe o motivo pelo qual eu fiquei não sabe... eu não conseguiria mais viver sem você. 

O amor acontece devagarOnde histórias criam vida. Descubra agora