Capítulo 5 - O passado vem à tona

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Admito que aquele sonho tenha sido totalmente inesperado, todos são, mas o que quer dizer estar em uma estrada escura em meio a um possível acidente? Sem contar o fato de ter uma mulher estranha parada me olhando, como se eu estar ali, fosse tudo o que ela queria. Minha avó sempre me disse que cada sonho não importa qual, tem sempre um significado. Diria que será difícil achar um que se encaixe com este sonho. Passei meus dedos sob meu rosto e abri os olhos, direcionando minha atenção para o relógio notei que já estava perto do horário de me levantar. Para que não saísse às pressas, me levantei com antecedência. Tentei pensar em outra coisa que não fosse aquele sonho, mas falhei completamente.

Enquanto me perdia em meus pensamentos, notei que a minha avó ainda não apareceu em meu quarto para me dar bom dia. Ela costuma a fazer isso desde que me conheço por gente. Saí do quarto e desci para a cozinha. Ela estava ao lado da mesa, fazendo o maravilhoso caldo de chocolate para por nas panquecas.

- Bom dia, vó. – Falei.

- Bom dia minha querida. Dormiu bem? – Disse ela pondo seu foco em mim enquanto mexia o chocolate.

- Sim e a senhora? – Respondi.

- Dormi muito bem. Se não estiver bem para ir a aula hoje não há problema querida. – Falou enquanto me olhava atentamente.

- Está tudo bem, vó. Prometo que dessa vez irei ficar bem. – Falei e desviei minha atenção para o chão.

Hoje será mais um longo dia. Provavelmente Lucas estará na escola, preciso aprender a me conter cada vez que ele tentar me tirar do sério. Comecei a comer minhas panquecas com recheio de chocolate por cima. Logo terminei e me levantei da cadeira. Admito que nesta manhã, minha avó estava um tanto diferente. Parecia não conseguir manter seus olhos fixos nos meus, como se me escondesse algo profundo.

- Vou indo vó, até mais! – Falei, mas ela nem se quer virou para me responder.

- Boa aula, querida. – Disse com sua voz trêmula.

Saindo da cozinha, subi as escadas e fui caminhando lentamente até meu quarto. Ao passar em frente ao quarto da minha avó, lembrei-me de seu livro misterioso, mas seria muito arriscado tentar pegá-lo agora. Continuei andando até chegar à frente do meu quarto. Talvez seja melhor pegar o livro quando ela não estiver em casa, assim não há riscos de ela me dar um flagra. Entrei no quarto e fechei a porta. Fui para o banheiro para tomar um banho rápido, decidi não lavar o cabelo hoje, melhor lava-lo somente amanhã. Após passar o sabonete pelo corpo todo e deixa-lo cair no chão por acidente, como sempre faço. Saí do chuveiro e me enxuguei com minha toalha azul clara preferida, cheia de pequenas estrelas com símbolos musicais. Enrolei-a em meu corpo e voltei para meu quarto. Peguei em meu guarda-roupa minha calça jeans preta e minha blusa de lã cor vinho. Coloquei meus sapatos brancos e retornei ao banheiro para me arrumar melhor em frente ao espelho. Diria que meu cabelo hoje está rebelde, espero que consiga dar um jeito de ele não ficar tão alto.

O prendi em um rabo de cavalo, finalmente acabei de me arrumar. Até que hoje não demorei tanto, considerando meu péssimo histórico de atrasos por conta do tempo que levo apenas para escolher uma roupa. Peguei minha bolsa e saí do quarto, desci as escadas e caminhei até a cozinha. Avistei minha avó sentada à mesa de cabeça baixa. Aproximei-me e falei:

- A senhora me parece triste hoje vovó, está tudo bem?

- Está sim. Dormi bem, mas... algumas vezes fiquei acordando entre a madrugada. – Respondeu.

- Teve pesadelos? – Perguntei.

- Dor de cabeça eu diria, nada de pesadelos. – Disse ela.

- Tente dormir esta tarde, a senhora definitivamente precisa descansar. – Sugeri.

O Outro Lado - O Segredo da Família GlarsonOnde histórias criam vida. Descubra agora