Parte 1. - O baile.

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"E basta eu te olhar para que tudo no mundo pareça certo."

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Era noite de baile, todos da corte de Selian, um pequeno reino no coração da Europa, estariam reunidos para que o príncipe pudesse escolher uma esposa diante dos olhos do povo.

Lírio, a filha do alfaiate do rei, teve sua presença permitida, mas foi avisada que não deveria cruzar o caminho do príncipe para não gerar distrações.

A bela moça de olhos negros, cabelos compridos e corpo curvilíneo, aceitou as instruções, desejando apenas estar entre os bons cidadãos para aproveitar de um banquete oferecido pelo rei.

O relógio dourado preso a parede do seu quarto marcava quase dez da noite quando ela terminou de se vestir. O vestido de veludo vermelho com detalhes dourados abraçou suas suaves curvas de uma forma que nenhuma outra vestimenta foi capaz até aquele momento. Os cabelos longos estavam soltos, caídos sobre as costas como um grosso manto, e seus pés foram bem acomodados em sapatos de baile, também vermelhos. Ela estava linda, estonteante.

── Esteja de volta antes de uma da manhã. ── Seu pai a avisou. ── A carruagem alugada estará te esperando.

── Sim, papai. ── Sorriu para o velho senhor e ele caminhou até ela.

── Divirta-se, meu anjo.

── Me esforçarei para isso. ── O pai dela tomou sua mão e a acompanhou até o exterior da casa, onde a carruagem a aguardava. ── Deus te acompanhe.

── Amém. ── Subiu, fechou a porta, e acenou para o pai.

A carruagem tomou o caminho do castelo segundos depois. Ela estava ansiosa, nunca havia estado em uma festa tão importante, queria que tudo desse certo e também desejava se divertir como jamais fizera.

Estava com vinte e três anos, não possuía pretendentes e talvez ficasse velha cuidando dos negócios de seu pai e dele próprio, até que falecesse.

Lírio não sabia a sensação de ser beijada, nunca fora tocada de forma mais atrevida, nunca teve um olhar lascivo lançado em sua direção. Às vezes chegava a pensar que diante dos homens de Selian ela não era nada mais, nada menos, que alguém invisível.
E aquele pensamento doía, doía muito.

A carruagem parou diante do castelo, onde outras carruagens estavam e ela desceu, tendo cuidado para não cair.

Ao colocar os pés em chão firme, respirou fundo, lançando para baixo a ansiedade, e caminhou até os guardas. Entregou seu convite e teve sua entrada permitida.

O caminho até o salão de bailes, onde a música alta estava por toda parte, mesclada a conversas animadas e o cheiro forte de perfumes e das bebidas caras, foi feito com agilidade. Ela não se preocupou em olhar para nenhum rosto, apenas desceu as enormes escadas que davam acesso ao enorme salão de chão de mármore branco, e se misturou a multidão.
Sentia os olhares queimarem sua pele, mas não se importou. Seguiu calmamente até uma das mesas e serviu-se com ponche, bebericando a bebida, que para o seu espanto, era muito saborosa.

Seus olhos curiosos vagaram pelo salão onde pessoas dançavam, e escondido em um canto mais escuro, ela encontrou um rapaz, cujo os olhos estavam sobre ela.

Lírio arquejou com a intensidade daquele olhar e olhou para outro lugar, tentando fingir que nada aconteceu, mas sua ação foi interpretada como um desafio.

A primeira coisa que ela sentiu foi o perfume, um toque amadeirado delicadamente unido a notas de amêndoas. Ela voltou a olhar na direção em que vira o rapaz e deu dois passos para trás quando o encontrou próximo demais dela.

Alpha Bear (Shortfic • Jimin)Onde histórias criam vida. Descubra agora