...our gazes meet

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Eu estava sentada no topo da duna esperando o sol se pôr para que eu pudesse agradecer por mais um dia maravilhoso, gostava de fazer isso quando viajava para a praia. Fui sozinha, meus amigos estavam ocupados demais trocando saliva entre si ou dormindo por ter bebido demais até o sol nascer, mas eu não estava totalmente sozinha, a duna estava lotada de pessoas que também queriam ver o pôr do sol. E também tinha ela.

Eu a vi quando me virei para pegar a câmera na bolsa e percebi que o espaço ao meu lado não estava mais vazio. Ela era linda. E eu só percebi que estava a encarando demais quando seus olhos se encontraram com os meus, me fazendo perder o fôlego. Seus olhos eram castanhos, e eu nunca vi olhos tão brilhantes quanto os dela.

Ela sorriu para mim. O sorriso grande fez seus olhos se comprimirem, era a coisa mais adorável que eu já tinha visto na minha vida. Seu sorriso era seu charme e transmitia uma paz... eu me senti em paz só de observá-lo. Acho que ela sabia que ele era seu charme, pois soltou uma risada breve — que som maravilhoso era aquele? — e disse oi pra mim. Murmurei um "oi" de volta e senti minhas bochechas esquentarem. Eu não era do tipo tímida, então não sei porque eu estava reagindo daquela maneira.
Acho que a presença dela me intimidava, não de uma maneira ruim... eu não sei explicar, mas a beleza dela me deixava sem saber como reagir a sua presença.

Mas eu nem tinha tempo pra ficar pensando no quão vermelha eu deveria estar — e não era por conta dos dias que eu estava pegando sol naquela praia —, pois a morena de dreads desandou a falar sobre como aquela era uma das vistas mais bonitas que já tinha visto, e naquele momento eu esqueci qualquer timidez e comecei a falar sobre como aquele era o meu lugar favorito no mundo.

Enquanto o sol não se pôs, eu descobri que seu nome era Kim Jongin, que era um pouco mais nova que eu e que gostava de fazer mochilões durante as férias da faculdade. Eu a ouvi falar sobre suas viagens, as pessoas e os lugares incríveis que conheceu, as histórias que viveu, e mesmo absorvendo tudinho o que ela falava, eu apenas conseguia prestar atenção no tom de voz mansa e rouquinha, no jeito que ela sorria enquanto falava de algo, nos dedos com anéis que seguravam a garrafa de cerveja e como aqueles lábios carnudos encostavam na boca da garrafa para ingerir o líquido. Como eu queria ser aquela garrafa.
Meus dedos estavam se coçando para não fazer alguns cliques. Ela estava perfeita, os últimos raios de sol batiam contra sua pele, deixando-a com um tom dourado por conta do bronzeado. Era difícil não querer fotografar tendo uma imagem tão linda a minha frente. Ela estava tão distraída falando de como esperou o ano todo para poder conhecer aquela praia em que estávamos que nem percebeu quando eu levantei a câmera e tirei algumas fotos. Jongin estava sentada no lugar certo, no momento certo.

Os últimos raios do sol que estava se pondo iluminavam a duna e deixavam um tom arroxeado no céu e a paisagem não podia estar tão linda.
Fechei meus olhos e agradeci pelo dia, pela viagem e... por ela.

Quando abri os olhos, Jongin estava me encarando e, de novo, eu corei. Por que diabos eu reagia assim? Eu não sei. Só sei que não consegui evitar sorrir também. Ela tinha um sorriso contagiante.
As pessoas começavam a descer a duna e aos poucos iam ficando apenas algumas pessoas, e nós duas. Eu não queria ir embora ainda, queria ficar ali aproveitando a companhia dela, sentia que tinha muito a ouvir sobre Jongin. Acho que ela também não queria ir embora, pois perguntou se eu era fotógrafa ou se apenas fotografava por hobbie, e aos poucos eu fui falando sobre mim, assim como ela tinha feito antes.

O sol se pôs por completo e foi nos deixando no breu da noite, pois só havia iluminação lá embaixo, onde ficavam as barracas de praias e pousadas. O tempo foi passando e em algum momento nos levantamos e fomos conversando enquanto andávamos à beira mar. Jongin falou apaixonadamente sobre a beleza e a singularidade de cada lugar que conheceu e sobre sua paixão pelas cidades litorâneas, e eu apenas ouvia com toda atenção para poder absorver o som da sua voz e guardar tudo aquilo na memória.
Em algum momento de nossa caminhada, paramos em frente à pousada em que ela estava hospedada, e eu percebi que não era tão longe assim da minha. Ela se virou para mim e me mostrou aquele sorriso cheio de dentes, aquele sorriso bonito que tava ferrando com meu coração. Me pediu meu número e me disse que esperava que a gente se visse de novo antes que uma de nós fosse embora, e eu não sabia mais o que fazer naquele ponto.

Era hora de ir, certo? Mas eu não queria. Eu queria conversar mais, queria ter mais da sua companhia, mas eu não verbalizei minhas vontades, então apenas disse "tchau". Jongin sorriu mais uma vez, mas era como se fosse a primeira e eu sorri junto, ela se aproximou de mim e segurou meu rosto com uma das mãos. Meu coração tava acelerado, ela se aproximava cada vez e logo tocou meus lábios com os delas.

E aquele beijo superou qualquer expectativa que eu tive durante as horas em que estivemos juntas e eu estive pensando em como seria beijá-la. O beijo era lento, calmo e tinha o gosto da cerveja que ela bebia mais cedo. Ela separou nossas bocas primeiro, me deu um último selinho antes de virar e entrar na pousada.

Eu nem lembro como cheguei na pousada, só me lembro de pensar em Jongin.

E tudo que eu queria era encontrá-la de novo.

The MomentOnde histórias criam vida. Descubra agora