20 - Eu quero ficar com você

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- Eu realmente espero que você não me entenda mal. - Camille murmurou ainda meio grogue de sono. - Mas por que você está se arrumando tanto se ele não pode te ver?

Magnus parou de mexer na gola já perfeitamente ajeitada de sua camisa e a encarou pelo reflexo do espelho.

O suspiro foi inevitável.

Ele tinha dormido na casa dela naquele sábado, mas ao invés de assistirem filmes clichês da netflix como sempre faziam, acabaram por conversar durante boa parte da noite.

Camille não negou que estava chateada por aquele novo fato tão importante na vida do melhor amigo ter sido mantido em segredo durante quase dois meses, mas ela entendia o sofrimento do irmão gêmeo de Isabelle, que perdeu a chance de ver o mundo muito cedo.

- Eu não sei, Camz. Acho que só estou um pouco nervoso.

- Isso é normal, Banezinho. Todo mundo fica assim quando está prestes a transar pela primeira vez.

Magnus se virou tão rápido pra ela que quase desabou de tontura.

O sorriso dela, que acabou virando uma gargalhada, era largo e completamente malicioso.

- Camille! Não grita assim garota. Os seus pais estão no quarto ao lado. E quem disse que vamos transar só porque estaremos sozinhos o dia todo? Já ficamos sozinhos outras vezes e não aconteceu nada... tão profundo.

- Nessas outras vezes vocês não tinham certeza de que se gostavam tanto e que era um sentimento recíproco. - Ela observou ainda sorrindo. - E eu aposto 50 dólares que vai acabar acontecendo ainda hoje. Não porque vocês estarão sozinhos, como mencionou, mas porque eu vejo claramente que ele é a pessoa certa pra você.

Magnus ficou em silencio por um instante até que perguntou.

- O que te faz ter tanta certeza que ele é o certo pra mim? Você não o conhece.

- Mas eu conheço você a vida inteira, criaturinha lerda. Eu sei muito bem que só na quadra você conseguia sorrir tão plenamente, por mais duros que fossem os treinos. Mas agora esses sorrisos, essa felicidade toda foi redirecionada pra esse garoto. Ele com certeza parece te fazer muito bem.

Magnus a encarou e concordou fraquinho com a cabeça.

De fato ele só se sentia tão pleno e feliz quando estava jogando basquete, mas agora ele tinha as mesmas sensações perto de Alec, até mesmo só pensando nele, o que acontecia muito e estava acontecendo agora.

- Aí ó. Eu tenho total razão. - Camille se gabou. - Você já tá com essa carinha de bobo apaixonado de novo, então vai logo e aproveita bem. Na volta você pode me pagar os 50 dólares.

Magnus mostrou a língua pra ela, mas logo acabou sorrindo.

Ele se ajeitou mais um pouco, porque mesmo que Alec não o visse com os olhos, ele ainda o via com as mãos.

Também conferiu outra vez se estava tudo na mochila e esperou a mensagem de Isabelle avisando quando sairia de casa.

Quando finalmente a recebeu, se despediu da melhor amiga com um longo abraço e um beijo na testa, escutando-a sussurrar em seu ouvido.

"Estou muito feliz e orgulhosa de você."


****


Magnus estacionou o jeep no lugar de sempre, há duas quadras da casa, e caminhou até lá assoviando distraído.

Ele respirou fundo enquanto a campainha dos Lightwood terminava de ecoar, e tentou acalmar as batidas frenéticas de seu coração ao imaginar Alec atendendo aquela porta, mas foi completamente em vão porque nada seria capaz de prepara-lo para aquilo.

Be My Eyes - MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora