→ fique até o final

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Diante às luzes da cidade grande, Taehyung não conseguia ver bem o céu noturno. No entanto, ele achava bonito como tudo parecia um borrão diante seus olhos encharcado pelas lágrimas — embora odiasse o motivo que o levou as tais.

Ser sensível lhe tornava frágil, infelizmente. O infortúnio era saber que sensibilidade não é sinônimo de emocional, o que afirmava a hipótese que seus amigos sempre apontavam e lhe causava irritação; "Você é muito sensível, Tae!"

Taehyung é sensível e emocional, isso o torna frágil.

Porém, ele se sentia forte e poderoso quando usava salto alto e maquiagem carregada. Só deus sabe o quão grandiosa foi a sensação que aquele garoto sentiu ao se olhar no espelho pela primeira vez montado. Não havia feito a própria maquiagem — ainda era um iniciante que sequer sabia segurar um pincel —, porém, Namjoon fez um grande e ótimo trabalho em transformá-lo numa drag queen. Taehyung se lembrava do conceito; algo meio feérico, com cores cintilantes. A boca mais carnuda do que realmente é — ele não fazia ideia de como Namjoon deixou sua boca maior — em um gloss, a pele tinha textura de pêssego e as sombras amareladas fundidas num rosa o deixou com um aspecto fantasioso. Como uma fada, de fato. Era verdade que sua testa doía um pouco pelas sobrancelhas puxadas com cola e a peruca loira também o puxando ainda mais, porém ele sabia muito bem que a dor era presente em todos os sentidos naquele âmbito. Nunca se esqueceria daquela sensação, tão pouco a sensação de andar em um salto alto pela primeira vez. Quis aprender; achava bonito e fascinante. Um amigo de Namjoon, Jung Hoseok, andava muito bem de salto alto e ele foi o responsável por encorajá-lo a cada dia que pensou em desistir — até mesmo quando torceu o pé; Hoseok estava lá para levantá-lo e dizer um "Pretty hurts", bordão que ele só foi aprender depois de alguns meses.

Naquele momento, naquela rua, Taehyung sentia um outro tipo de dor.

Seus saltos vermelhos lhe davam apenas um incômodo, mas ele não parava de andar. Algumas pessoas na rua o encarava, mas não por ele ser uma drag queen — e sim, por estar chorando. Era normal drag queens aparecerem naquela rua, existia tudo que é tipo de atração artística naquele lugar e o horário era propício para diversidades. Aquela era a primeira vez que Taehyung não quis chamar a atenção por onde passava quando estava montado. Aquela era a primeira vez que se sentia um lixo montado; a maquiagem muito provavelmente estava um desastre e a peruca mal colocada. Suas pernas já doíam pelos saltos, mas era uma dorzinha de nada comparada ao de seu emocional. De seu coração em si.

Cansado e sem rumo, o Kim se aproximou da praça principal da cidade e sentou-se no primeiro banco que achou disposto ali. Ele aproveitou para enxugar as lágrimas — o que não adiantava muito, já que logo uma nova lágrima escorria pela face — e tirou os saltos. Seus pés estavam cobertos pelo tecido fino da meia-calça que vestia, então ele não se importou em começar a andar sem os sapatos. Pensou em tirar a peruca, mas provavelmente se sentiria mais ridículo ainda; então continuou como estava. Um pouco mais calmo, ele voltou a andar com intuito de votar para casa — então seguiu um rumo que já conhecia.

Particularmente, ele adorava aquela parte da cidade e a ambientação pareceu necessária para acalma-lo. Músicas que provinham de lojas e carros misturavam-se no ar junto com o som do tráfego e vozes, as pessoas alheias aos sentimentos negativos da drag queen. Aos poucos, esses sentimentos foram aos poucos se perdendo quando foi agraciado por uma música calma, cantada por uma voz igualmente serena.

Algo que é importante ressaltar novamente sobre aquela pavimentação, são as atrações artísticas. Muitos músicos cantavam na rua e Taehyung achava isso simplesmente incrível — uma vez pegou-se assistindo a uma música inteira de uma garota que tocava oboé muito bem; as pessoas que viviam da arte sempre fascinou o Kim.

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