Até transbordar - Único

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Na manhã de mais uma sexta-feira corriqueira, Park Sooyoung chegou animada a empresa em que trabalhava,e que também era administrada por sua família. Mesmo que a Park's não fosse maior empresa no ramo automobilístico, ainda sim controlava uma boa parcela do mercado.

A jovem tinha crescido em meio aos carros, mas seu amor era resumido apenas a pilotá-los e não vendê-los, como seus pais pretendiam. Assumiu a co-presidência, não por mérito, mas por privilégio.

E aquilo era um verdadeiro erro.

Era um pouco triste para o própria jovem admitir seu fracasso para vendas, porque ela se esforçava muito para agradar seus pais, que construíram aquele império com todo carinho. Contudo, definitivamente aquele cargo não era para ser exercido por Sooyoung, já que os últimos balanços financeiros eram a prova viva disso.

Para Sooyoung, a pior parte foi perceber que seus pais não admitiam o erro, ou não queriam aceitá-lo, já que sempre procuravam um motivo novo para tentar justificar a queda dos lucros.

"É a época", "O mercado não está aquecido", "Precisam abaixar os impostos". Era o que eles diziam.

Com os resultados nada satisfatórios, o clima de desânimo começou a rondar a empresa e, para motivar seus funcionários - incluindo sua única filha -, a família Park resolveu chamar um profissional para ministrar uma palestra motivacional naquela manhã de sexta-feira.

Sooyoung ficou aliviada em não ter que encarar os gráficos decrescentes naquela manhã, e se acomodou em uma cadeira no final da fila, onde pode observar de longe, um universo que não era seu.

Era bom não estar à frente daquela empresa, naquele palco, nem que fosse apenas por uma manhã.

O único problema era que o palestrante não variava nem um pouquinho a entonação, e não demorou muito para que a morena tirasse um pequeno cochilo, ainda que maneira involuntária.

Quando acordou, graças ao cutucão de seu colega de trabalho, Sooyoung conseguiu pegar uma parte que dizia algo sobre mudança de planos, e de rotas. A jovem semi-cerrou os olhos, já que aquele assunto a interessava.

Queria muito mudar de profissão, mas não sabia como e nem qual outra área tentar.

— Pois bem meus caros, saibam que às vezes o trajeto é muito mais importante que o destino final. — O senhor de meia idade apertou o microfone enquanto olhava para uma dezena de funcionários. — Aproveitem o ambiente que vocês tem e curtam cada passo.

O homem continuou a gesticular durante a meia hora seguinte, falando que momentos de transições eram inevitáveis. E quem em ocasiões assim, o melhor a se fazer, era inclusive dar uma pausa. Que viagens a lugares amenos poderiam ser inspiradoras em ocasiões conturbadas.

Pela primeira vez na vida, a Park procurou acreditar naquele discurso de palanque. Talvez porque aquelas palavras bonitas, ainda que sem muito significado aparente, fossem sua única opção no momento.

Já que se encontrava perdida e frustrada, achou melhor arriscar.

No intervalo da palestra, correu falar com seus pais, afinal não poderia pegar seu Del Rey e sumir no mundo, por mais que tivesse vontade. Não só pelo fato de não ter dinheiro o suficiente para se rebelar, e enquanto morasse com seus pais, devia satisfações a eles.

— Eu estive pensando... em ir a praia nesse final de semana. — A morena sugeriu uma viagem curta, para não preocupar seus familiares, que costumavam ser bem protetores. E no fundo, sabia que aquela era sua única opção mesmo, porque não tinha tempo. – E nem coragem. – O suficiente para fazer um mochilão por aí.

Contra Corrente »  Jung HoseokOnde histórias criam vida. Descubra agora