Sombras

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...A noite começa como se fosse um pequeno felino mostrando sua graça, para logo depois atacar sua presa indefesa...

A festa estava apenas no início da melhor parte, mas Kimberley não quis permanecer no mesmo local que seu ex-namoradinho John. Ela estava triste e magoada com o fim de seu relacionamento, relacionamento que era somente seu e não de John.

Kimberley era uma jovem de 17 anos e que tinha um corpo perfeito como poucas de suas amigas de escola. Seu longo cabelo loiro e seus grandes olhos azuis-celestes a deixava com um tom angelical. Quando deixou a festa sentindo certo gosto amargo em sua boca devido sua breve raiva sentida ao ver seu ex-namoradinho beijar outra garota, ela notou que, pelo menos, a noite estava em seu favor.

Um ar quente lhe soprou a pele como se alguém estivesse respirando ao seu lado. Com isso ela resolveu caminhar até sua casa passando pelo parque da região que era aberto e sempre estava cheio de pessoas fazendo algum tipo de exercício.

Enquanto caminhava ao som de pessoas que estavam a caminho da festa, Kimberley pensava no motivo do ser humano agir daquela forma, ela não entendia o motivo de seu coração bater em um ritmo que lhe incomodava a alma.

Ela amaldiçoou John ao máximo de sua raiva, sim ela o amaldiçoou.

Pouco após ela ter passado pela praça onde naquele dia poucas pessoas caminhavam, talvez todos estivessem na mesma festa que o inútil do John, ela pensou. Logo ela resolveu sentar se em uma das grandes pedras que enfeitava todo o lugar.

Quando ela abaixou a cabeça para deixar suas lágrimas caírem, um som estranho e distorcido logo a fez erguer a cabeça. Olhando para todos os lados, ela não conseguiu identificar de onde estava vindo aquele som, na verdade, a única coisa que ela conseguiu notar foi que todo o local parecia estar escuro.

Ela sentou-se logo abaixo de uma lâmpada, assim sua mente logo a avisou que seria apenas uma ilusão de ótica.

Mas o som lhe atingiu os ouvidos novamente e desta vez mais forte.

Olhando para trás, nada lhe pareceu diferente, quando ela olhou para frente avistou um casal caminhando a alguns metros e percebeu que talvez fosse alguém fazendo alguma coisa próxima ao parque.

Mas quando sua visão atingiu o chão a sua frente, ela notou inúmeras sombras grandes e de pessoas que não estavam ali.

Assustada ela logo se levantou e deu alguns passos para trás de modo a entender o que estava acontecendo, mas a única coisa que viu foi à escuridão por trás da pedra em que estava sentada.

As sombras, por outro lado, permanecera no chão fazendo alguns gestos com suas mãos humanas, Kimberley logo resolveu sair daquele lugar, mas ao caminhar para fora da luz em que estava, algo segurou seus pés fazendo-a cair de volta nas sombras.

Ela se machucou devido à queda e seu braço sangrando fez com que o som bizarro se tornasse insuportável para seus ouvidos. Tentando se levantar, ela notou que os pingos de seu sangue que caiam ao chão, estavam sendo sugados pelas sombras. Sem saber o que estava acontecendo e sem ter o que fazer, ela procurou por mais alguém naquela praça, mas o escuro dominou sua visão e a única coisa que ela conseguiu ver foram às sombras sedentas por seu sangue.

Gritar foi à solução básica de sua mente, mas logo ela sentiu sua garganta arder e sua voz sumir assim que uma rouquidão lhe atingiu a voz. Ela não teve noção do tempo, mas gritou por cerca de vinte minutos seguidos sem obter nenhuma resposta.

O braço sangrava cada vez mais e as sombras pareceram ganhar vida. Sua única intenção era correr e correr.

Ela deu dois passos para trás de modo a pegar impulso, a luz mais próxima ficava a uns cinco metros, ela correria sem para e sem olhar para trás e assim ela fez.

Quando passou para escuridão ela sentiu o som distorcido lhe estourar os ouvidos, suas mãos logo tentaram abafar o som e a cada passo parecia que alguém tentava lhe parar.

Quando estava a um passo da luz ela caiu de cara no chão, seu corpo ficou junto às sombras, sua cabeça caiu na luz e logo que ela sentiu a dor atingir sua face, percebeu que as sombras estavam lhe atacando agora. Elas sugavam seu corpo e lhe comia a pele causando lhe uma dor sem fim.

Kimberley não via rostos, somente sombras e dor, sombras e dor. Seus gritos voltaram conforme sua dor aumentava, quando pensou que seria seu último suspiro, ela soltou um berro e apagou.

Levou tempo até sua visão retornar, e quando conseguiu enxergar ao seu redor, ela notou que ainda estava na festa, notou que era a mesma cena antes dela sair, a cena em que John beijava a garota.

A mesma cena onde ela corria até o banheiro e pegava a tesoura pontuda e com uma dor sentimental, se mutilou até desmaiar e sangrar. Sua própria morte deixou as sombras lhe carregar ao inferno dos suicidas.

Fim

SombrasWhere stories live. Discover now