CAPÍTULO ÚNICO

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Selvagem

1. próprio das selvas; agreste.
2. que nasce ou se desenvolve de forma indisciplinada ou sem controle.

[...]

Um som sútil corria pelo ambiente com as luzes acesas seguindo os movimentos sem pressa da figura baixinha. Era uma voz, que cantarolava uma canção romântica e bem conhecida por aquele que a cantava. O moreno de cabelos bagunçados andava de um lado para o outro com uma calça negra e com o torso completamente despido olhando as roupas dentro do closet pegando uma roupa ou outra colocando a peça a frente do corpo verificando se ficava do agrado. Após rejeitar várias opções uma segunda figura morena ultrapassou a porta do quarto silenciosamente escorando o ombro no batente ficando a observar o corpo mais baixo que o próprio resmungar irritado quando alguma roupa não ficava boa.

— A-Ying, essa ficou bonita.

O tom era sincero, calmo, limpo e direto, não dava precedentes para discussões. A figura que antes resmungava ficou em silêncio ajeitando a blusa de mangas cumpridas e gola alta jogando a jaqueta de couro por cima obedientemente quando ouviu o som da voz grave entoar um elogio. Wei Ying sorriu olhando para a porta e passou os olhos em Lan Zhan capturando a calça jeans branca junto com os tênis igualmente alvos, impecável da cabeça aos pés. Os cabelos alinhados perfeitamente em um topete suave compunham a beleza avassaladora dos traços perfeitos no rosto alheio, a camisa social azul clara dobrava-se até os cotovelos marcando levemente os músculos dos braços.

— Você está perfeito como sempre. — Não houve resposta verbal, apenas um sorriso minúsculo por parte do mais alto dos dois que logo se colocava com uma das mãos esticadas para seguirem juntos para fora da casa depois de apagarem as luzes e fecharem portas e janelas.

Wei Ying trajava o completo oposto do namorado, as roupas eram completamente escuras, um pouco justas marcando as coxas grossas. Em sua cabeça a pequena ideia de que o dia seria para aprontar ressoava na imaginação do pequeno Wei, o fazendo sorrir involuntariamente enquanto batia suavemente os dedos na coxa direita acompanhando o ritmo da música que tocava no rádio do carro. Embora Lan Zhan fosse sempre muito centrado, ele não pode deixar de olhar furtivamente com o canto dos olhos para o amado se perguntando o porque de tanta euforia. Resolvendo deixar de lado, o veículo apenas se moveu em direção a rua de trás em que moravam estacionando em frente a uma casa de cores claras. A buzina para chamar a atenção dos moradores foi desnecessária, devido a saída imediata do casal que morava ali. HuaiSang sorria acenando para Wei esperando que o namorado mal humorado trancasse a porta, logo os dois entraram no banco de trás deixando que os quatro seguissem viagem para o local da noite. Uma balada recentemente inaugurada.

A viagem fora tranquila apesar das risadas e conversas barulhentas entre Huaisang e WuXian que provocavam WanYin deixando o rapaz mais mal humorado do que já era causando risadas altas. WangJi seguia dirigindo calmamente em sua personalidade silenciosa tocando a coxa de Wei Ying vez ou outra quando o mesmo falava com ele. Por volta das dez e vinte e cinco, o grupo chegou a balada logo estacionando em uma vaga próxima a entrada que já continha uma fila extensa. Após trancar o veículo, os dois casais se dirigiram diretamente para a entrada apresentando os ingressos VIP, evitando de ficarem por horas esperando ao lado de fora.

Dentro, o ambiente possuía luzes neon piscando ao ritmo de uma música animada em volume altíssimo. Os dois mais baixos do grupo não perderam tempo segurando as mãos dos respectivos namorados, com os dedos entrelaçados seguindo de forma eufórica para as escadas que davam ao segundo andar. Mostraram os mesmos ingressos da entrada e foram conduzidos a uma pequena saleta ao fundo, com bancos macios e uma mesa redonda, um ambiente mais reservado. Todos sentaram e fizeram pedidos de bebida, exceto Lan Zhan que preferiu se manter sóbrio para voltar dirigindo.

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