Capítulo Único

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Konoha não era a cidade mais agitada do mundo, na verdade nada acontecia nela, e para um garoto de sete anos as atividades eram de limitadas a nulas. Me recordo de dizer várias vezes para a minha mãe que aquela cidade não havia sido feita para crianças e sim velhos, tudo era tão parado e bom pelo menos até aquele dia, era. Morávamos ao lado de um orfanato, podia se dizer que dividimos uma cerca com ele e foi exatamente por isso que o conheci. Era um dia muito quente de verão, e eu olhava pela janela do meu quarto levemente entediado, quando um carro preto parou e um garotinho da minha idade saiu de dentro dele gritando a todo enfurecido com uma mulher que o prendia pela mão. Algo dentro de mim despertou naquele mesmo instante, aquele garoto estava muito bravo, e eu nunca tinha visto uma criança com tanta atitude como ele. Quando a mulher finalmente conseguiu arrastá-lo para dentro, rapidamente desci correndo as escadas da minha casa para ir até a cerca e tentar vê-lo novamente. Destino ou não, aquele foi o dia em que ele chegou para minha vida, e depois disso eu passei a ficar cada vez mais e mais naquela mesma janela, o observando correr o tempo todo, brincando ou fugindo de alguma ordem.

Seu nome "Naruto!''era o mais gritado em meio às coordenadoras, a cada minuto era possível ouví-lo ser chamado. Mas eu amava ver seu cabelo loiro revolto enquanto ele estava em constante movimento. Ele tinha olhos azuis, em um tom tão claro que se parecia com o céu em um dia limpo de verão ou com o mar, talvez safiras. Os olhos mais lindos que já vi, e eu nunca me cansei de apreciar aquelas íris. Ficava horas imaginando como seria ser amigo dele ou apenas correr ao seu lado. Então um dia aconteceu, ele estava saindo do orfanato para ir ao mercado que havia na mesma rua, eu o chamei e me apresentei ainda tímido. Naruto sorriu, o sorriso mais lindo que já havia visto e a partir daquele dia, nunca mais nos separamos. As mulheres do orfanato adoravam nossa amizade, diziam que eu era um bom exemplo para ele.

Enquanto crescíamos em meio a brincadeiras e artes, Naruto ia e voltava, nenhuma família era boa o bastante ou aceitava seu jeito teimoso de ser. Ele foi encaminhado para várias, mas não se adaptou a nenhuma. Todos diziam que ele era irremediavelmente rebelde e outras relatavam que ele gritava meu nome a plenos pulmões, até que finalmente o trouxessem de volta para o orfanato. Eu queria que ele tivesse pais amorosos e uma família para chamar de sua, mas meu lado egoísta o queria comigo também. E fazer parte da vida dele era tudo para mim, sempre foi. Os anos se passaram e com isso, Naruto foi ficando para trás, mas ele não parecia infeliz. Pelo contrário, ele sempre dizia que se estivéssemos juntos, tudo ficaria bem e que a felicidade estaria onde eu estivesse. Então onde estava Naruto, lá estava eu.

Quando completamos respectivamente quinze anos, estávamos sentados na grama do meu quintal depois de uma partida de futebol e Naruto seguia se vangloriando de que havia me vencido, ele sempre venceu e isso nunca mudou. Mas nesse dia, Naruto estava diferente, não parava de me olhar e quando eu perguntava o que era, ele desconversava. E quando decidi que estava farto daquele comportamento estranho falei que iria embora, mas ele me segurou. O quanto a sua vida pode mudar em uma tarde? Bom, a nossa começou naquele momento. Ele olhou nos meus olhos e disse que e eu era seu melhor amigo, mas isso eu já sabia, afinal de contas ele também era o meu. Mas como declarações de afeto sempre foram a coisa mais complexa para mim, eu me inclinei para beijá-lo no rosto, aparentemente aquela era a minha forma atrapalhada de demonstrar que me sentia da mesma forma. A intenção era ser apenas um beijo em seu rosto, mas o que era um selar na bochecha acabou sendo nosso primeiro beijo. Anos se passaram e ainda é confuso para mim pensar em como as bocas atrapalhadas e as línguas confusas se tocaram com timidez. Era estranho beijar um garoto, ainda mais quando se tem quinze anos e sua sexualidade ainda é um mistério e um caos de hormônios. Ele foi meu primeiro amor e mesmo que admitir isso no início tenha sido difícil, com o tempo passou a ser a coisa mais fácil e leve da minha vida.

Bastou um beijo para que toda nossa trajetória começasse a ser outra, de melhor amigo, Naruto passou a ser meu primeiro namorado e desde então único. Vivemos todas as experiências de um adolescente, uma a uma juntos e nunca separados. Ficamos bêbados, aprendemos a tocar ambos o corpo um do outro e assumimos a nossa sexualidade, o que aparentemente para minha família não havia grande descoberta nisso. Começamos a planejar o nosso futuro quando Naruto descobriu que aos dezoito ele precisaria sair do orfanato, não havia nada que pudesse ser feito e apesar dos meus pais gostarem dele, não estavam dispostos a o adotarem. Ambos trabalhamos em vários empregos de meio período para conseguir aos poucos juntar algum dinheiro, às vezes ganhavámos cinco ienes por um dia inteiro de trabalho, mas cada mísero iene era poupado e escondido debaixo do meu colchão.

Para dizer Adeus...Onde histórias criam vida. Descubra agora