14.

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seis de fevereiro.

— É, Bia. Meu voo é daqui duas horas. — Eu respondia pela milésima vez, enquanto estávamos no telefone. Ela estava tão ansiosa quanto eu.

E como será a hora que vocês se verem?

— Não sei. Também estou nervosa. Ele disse que a Van vai estar parada no estacionamento pra me buscar. Pra disfarçar pras pessoas em geral.

Ele tocou no assunto do beijo?

— Não. Sabe, Bia. Talvez seja melhor eu nem falar nada. Vai que foi só coisa de momento?

Uhum, tá bom que foi. — Ela disse irônica.

— Sua ironia não vai me convencer que Luan Santana está apaixonado por mim.

E o que vai convencer?

— Não sei. — Eu disse suspirando.

E você, Jade? Você está apaixonada?

— Não sei, Bia. De verdade eu não sei.

Você por um acaso sabe de alguma coisa?

— Sei que gsotei de ter beijado ele. E que ele está nos meus pensamentos mais que eu gostaria. Que acho ele perfeito, mas isso não é novidade, sempre fui fã dele. Mas agora é diferente. Eu não conheço só a imagem publica dele. Eu conheço ele. Eu sei que amo quando ele faz questão de ficar perto de mim. Que amo quando ele me convida pras coisas, como ir pra Noronha. Amo a sensação quando estamos juntos. Até aquelas borboletas no estômago e meu coração acelerado. Sei que morro de medo de me iludir. De não ser nada do que eu quero. Medo de me machucar. Mas que se ele estiver disposto, eu estou disposta a tentar.

Isso não é paixão?

— Bia.

Oi?

— Cala a boca.

Olha, Jade, pra quem não sabe de nada, até que você sabe de muita coisa. Só falta assumir.

— Aham. Tá bom. Seguinte, eu estava procurando a parte de cima daquele biquíni que fizemos pra um trabalho da faculdade. E não achei nas minhas coisas. Por um acaso, a senhorita, pegou daqui?

Talvez.

— Ah Beatriz, você não tem jeito mesmo.

Ja, preciso desligar. Meus pais estão me chamando. Depois a gente se fala. Eu te amo, e boa viagem.

— Obrigada amiga. Também te amo.

×

Assim que chego no estacionamento do aeroporto de Congonhas, já avisto a Van. Um dos seguranças que estava no banco da frente, desce e me ajuda com minhas malas. Abre a porta, e quando olho porta a dentro, lá está ele. Me esperando no fundo da Van.

Dessa vez sem equipe. Só ele, o motorista e um segurança que eu não conhecia. Assim como eu, ele não segura o sorriso. E eu simplesmente não sei como agir. Será que dou um beijo? Vou deixar simplesmente ele comandar a situação por hoje, afinal, da última vez, eu já tinha tomado a atitude. Me sento perto dele.

—Oi. — Digo tímida.

— Oi. — Diz ele já passando o braço pela minha cabeça. E me puxando. E então me da um beijo.

— Ah, que saudade eu estava dos seus beijos. — Ele fala assim que separa nossos lábios. Eu sabia que tinha que ficar quieta, mas eu precisava saber em que pé estávamos.

— Luan, o que somos?

— Como assim, Jade?

— Aquele dia a gente se beijou, hoje eu cheguei e você me beijou. Eu preciso saber que tipo de relação temos. O que você sente por mim. Só pra ficar segura e não me machucar amanhã ou depois.

— Olha, eu sei que eu estou apaixonado por você. Assim como a Lua deixa a noite mais linda, e o céu azul foi feito pra passar o dia fora de casa. Assim como chocolate quente e frio combinam. Eu acho que eu e você fazemos uma bela dupla. E eu estou apaixonado por você. Sei que você tem seus limites. Sei que tem seu tempo. Não espero que você olhe pra mim agora, e diga que me ama, e que quer namorar comigo. Eu espero você estar pronta pra isso. Espero você estar pronta pra nós dois. Tanto em relação a sentimento, quanto no físico. Eu espero o seu tempo. Eu só quero te curtir, até você enjoar de mim, ou quiser algo mais sério.

Ao ouvir tudo aquilo, não tinha como segurar a emoção. Até porque ele disse olhando no fundo dos meus olhos. Eu não saberia responder aquilo. Afinal, o compositor era ele. Eu só era boa com desenhos e roupas. E então o puxei pra mais um beijo.

Porque eu queria tudo aquilo. Queria ele. Queria conhecer o mundo ao seu lado. Se ele tivesse me pedido em namoro naquele exato momento, eu diria sim. Eu realmente não me sentia pronta pra algo mais físico e carnal, mas pra estar ao lado dele, eu estava mais que pronta.

Como o Luan tinha marcado meu voo pra cedo, e fomos direto pra casa dele. E aí meu mundo desabou. Peguei um calmante e tomei. Já estava sentindo a crise de ansiedade bater. Não é todo dia que você conhece os pais do seu namorado. Inclusive, duas pessoas que você admira muito, pois criaram o seu ídolo.

Quando a Van estacionou em frente a casa do Luan, eu não quis descer, queria voltar pra Londrina e me esconder lá.

— Jade, vamos.

— Não não, Luan, desculpa. Vou voltar pra Londrina.

— Porquê você está tão nervosa?

— São seus pais, Luan. Amarildo e Marizete Santana. E se eles não gostarem de mim?

— Jade, é impossível não te amar.

— Aham, fala isso pras suas fãs quando elas descobrirem nós dois.

— Pode deixar que eu falo. Agora vamos.

— Luan, eles vão me odiar. Eu achei que fosse tirar de letra, mas são seus pais.

— Jade, quer saber? Eles já te amam.

— Que?

— É, a Bruna não para de falar de você e da Bia. Eles já te amam.

Desci da Van, pronta pra encarar os dois. Ou não.

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