Capítulo 4 - O Reencontro

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Depois da noite em que falei aqueles absurdos para a Mile e ela foi embora, mudei muito. Quer dizer não tanto assim. Tentei namorar umas duas vezes, mas o desejo por outras falavam mais alto. Eu não era apaixonado por nenhuma delas, então acho que foi isso. Se fosse a Mile eu nunca iria agir assim, com traições. Penso nela todos os dias, a saudade me consome. Sei que um dia ela irá voltar e quero muito fazer por merecer. Tudo que ela me aconselhava fazer, eu finalmente comecei. Prestei vestibular, estou fazendo faculdade de administração igual a escolha dela, faço curso de inglês, parei com os rachas... Não completamente eu confesso, às vezes ainda entro em um ou outro, é muito difícil resistir. Mas o principal, parei com as safadezas. Quando ela voltar, quero que perceba o quanto mudei. Hoje eu vejo o quanto eu era um idiota.

Faz um ano e meio que ela foi embora, falei com ela um dia depois que ela se foi e ha alguns dias atrás ela me mandou uma mensagem perguntando se eu estava bem, fui estúpido, mas o motivo foi porque não quero que ela fale comigo por mensagem. Quero que ela volte para Piracicaba e fale pessoalmente comigo. Mas também, na hora fiquei tão nervoso por conta do DDD  48, que quando ela respondeu que só queria saber se eu estava bem pareceu uma facada no meu coração, esperava mais, na verdade nem sei o que eu esperava. Mas uma coisa foi certa, não tinha o que responder, a cada dia estou pior por não ter ela aqui, sinto tanto a falta do sorriso, do cheiro do perfume, das conversas, de sair para nos divertir juntos. São momentos que na época tinha pouca importância, mas agora fazem muita falta. Daria minha vida para ter esses momentos de novo. Parece que tudo perdeu a graça sem ela aqui. A Luiza me passa todas as informações que preciso sobre ela. Sei que ela esta trabalhando, começou a faculdade do zero, que emagreceu. Ela fez questão ate de me contar quando a Mile saiu com um tal carinha. Eu fiquei possesso. Mas o que poderia fazer? Ela tem direito. A única coisa que posso fazer é mudar e tentar me tornar uma pessoa melhor, para quem sabe, ela me aceite.

Luiza também me avisou que ela esta na cidade cuidando da loja da sua mãe. Estou em frente a loja já faz mais ou menos meia hora, aproveitei a hora do almoço, queria tanto vê-la, nem que seja de longe. Meu coração esta disparado, como ela esta linda. Emagreceu bastante, esta um pouco mais loira, o vestido que ela esta usando é curto deixando as pernas bem torneadas à mostra. Ela sorri com as outras vendedoras e eu pareço um bobo aqui a idolatrando, como eu queria estar mais perto para ouvir o som do seu sorriso. Ela pode estar linda e gostosa, mas não é isso que me atrai hoje e nem antes. A aparência dela na real, não me importava. E sim quem ela realmente é. Ela é e sempre foi maravilhosa por dentro. Amiga, companheira, de bom caráter, sempre confiante. Se eu for falar todas as qualidades dela, da para escrever um livro. Fico observando ela de longe pensando como fui um idiota não demonstrando isso por vergonha, agora estou aqui quebrando a cabeça para arranjar um meio de me aproximar dela. Mas acho que não tem nada que eu possa fazer agora. A única coisa que posso fazer é esperar pelo aniversario dela. Vou tentar convencer Luiza a levá-la em alguma festa, assim lá eu posso me aproximar dela. Tenho muito medo da sua reação.

Mando uma mensagem para a Luiza, perguntando o que elas vão fazer no dia do aniversario da Mile.

_Ainda não falei com ela sobre o assunto. Porque esta me perguntando Otavio? O que você esta querendo aprontar? Ela não pode nem imaginar que eu falei para você que ela esta na cidade, é capaz de ela pegar o ônibus na mesma hora deixando tudo para trás de uma vez por todas. Por favor, não afaste ela de novo.

Ela me responde, essa é a realidade, ela não quer me ver. Isso me machuca. Ligo o carro e volto para a metalúrgica. Trabalho o resto do dia com a cabeça a mil. Penso em varias maneiras de me aproximar dela, mas ao mesmo tempo em que fico formulando planos, eu desisto de todos. Tenho medo que ela corra de mim, como já fez uma vez.

Já faz cinco dias que vou religiosamente à rua da loja da mãe dela, não fica no centro, mas fica numa rua bem conhecida por aqui. Paro o carro do outro lado da rua e fico observando ela de longe. Ela nem imagina que sou eu, pois pego o carro do meu pai que é todo insufilmado. Me falta coragem de entrar na loja, sei que estou sendo infantil com essa minha atitude de espionagem, mas não consigo agir, estou sendo um covarde eu sei. Pedi para que Gustavo bolasse um plano com a Luiza.

Te esqueci? Só que não.Onde histórias criam vida. Descubra agora