A fragrância das flores fúnebres...e do doce perfume.

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O céu nublado e o vento gélido, faziam os galhos ressequidos das árvores farfalharem ao som dos corvos que cercavam o cemitério, olhando através do mesmo viasse a Red Church, a igreja que ficava no centro daquele mapa, nesse instante correndo para o limiar entre a marquise do casamento e o cemitério, deixando o suor e as gotas de sangue caírem ao chão. 

Ela estava com as roupas surradas e rasgadas em certos pontos, segurando seu abdômen um pouco abaixo dos seios, com a gotas frias de suor escorrendo debaixo do pequeno véu preso ao chapéu que usava, Vera tinha seus cabelos desgrenhados e sujos, seu vestido negro estava com as barras que ficavam um pouco abaixo do joelho rasgadas, a perfumista conseguiu escapar, com a ajuda da Coordenadora que agora enfrentava o caçador, mas ferida não tinha forças para ir muito longe e seu caríssimo "Euphoria" estava nas últimas. 

 - Af...af...pre-ciso, encontrar...alguém. 

Murmurou ela caindo de joelhos, se apoiando em uma das lápides na entrada do cemitério, logo ouvindo passos sutis, quebrando as folhas secas e galhos mortos pelo estreito caminho, lá estava seu salvador, com os cabelos cinza curtos formando uma leve franja em sua testa, usando a máscara que escondia seus lábios, usando a roupa cinza escura de sempre, o Embalsamador encontrou Vera. 

 - Vamos senhorita Nair, acalme-se estou aqui. Ajudarei como puder, foi um pedido vindo de Martha.

Disse ele baixo enquanto abria sua maleta, como trabalhou durante um bom tempo, na funerária de sua família, o fúnebre rapaz a frente dela seguiu retirando alguns instrumentos médicos de sua mala. 

Ele retirou um pequeno vidro de formol, outro de álcool, e logo ataduras, pomadas, algodões, bisturis, linhas e agulhas cirúrgicas, além de um soro para lavar as mãos antes e depois do prosseguimento, fora a maquiagem que carregava na ala mais funda de sua maleta. 

 - M-muito obrigada, Aesop.

Foram as únicas palavras que Vera conseguiu proferir enquanto ofegava, cansada e ferida. 

Ele então retirou as luvas brancas e calçando-as disse. 

 - Serei o mais gentil possível, mostre-me o ferimento. 

Ela a contragosto, retirou a mão que pressionava o corte em seu abdômen, o golpe não fora muito profundo porém era extenso e havia deixado um pedaço de pele agarrado a parte final do corte. 

O homem a frente da perfumista estreitou os orbes oblíquos ao ver aquilo, e então levando a mão a maleta disse. 

 - Algo assim não é tão grave, porém é deveras óbvio que eu não sou o mais indicado para tal tarefa, infelizmente a Doutora Emily não está conosco essa partida, não tenho como anestesia-la conseguiria suportar a dor??

Ele ofereceu sua mão para que ela segurasse, ela um pouco envergonhada estendeu a mão e apertou com as forças que lhe restavam, tentando não demorar o Embalsamador teve de usar uma tesoura banhada em álcool, para cortar o excesso de pele e depois de limpar com um algodão com álcool e formol, ele iniciou uma sutura rápida ela apertou as mãos dele com toda a força que detinha naquele instante, mordeu os lábios mas as lágrimas desceram por seu rosto, o sangue de Vera escorria pelo vestido e por seu abdômen mas depois de cinco pontos dados pelo Embalsamador, ela já estava um pouco mais aliviada, ele então diz. 

 - Irei acrescentar dois algodões molhados em álcool e uma atadura por cima, infelizmente não será o suficiente, em tais condições é o máximo que posso lhe fornecer...mas por hora deve ajudar a senhorita a seguir.

Depois de amarrada a atadura ele estende a mão a Vera, que com os olhos lacrimejando pela dor dos pontos diz. 

 - Sou grata Aesop, devem estar faltando duas máquinas, Tracy está em uma delas não é, então decodifique ao meu lado. 

Identity V. Os monstros em nós mesmos...a fuga para o recomeço. Onde histórias criam vida. Descubra agora