Dia 2

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A primeira vez que ele a viu foi quando ele havia fugido — mais uma vez — do castelo com a ajuda de Kirishima.

Bakugou se lembrava de pensar que ela era só uma camponesa fraca e irritante como qualquer outra mas, Deus, como ele estava errado.

Ele andava pelas ruas, tentando ao máximo esconder seu rosto da vista de todos ali. Não era costume o imperador nem sua família serem vistos pelos súditos, mas Bakugou não podia arriscar. Por isso usava aquele chapéu ridículo, se alguém descobrisse que o filho do imperador andava pelas ruas dos camponeses só por um pouco de ar fresco, só Deus sabe o que sua mãe faria com ele.

Ele prestava atenção em tudo ao seu redor, querendo aproveitar o pouco de liberdade que tinha quando conseguia ir para fora do castelo. Em algumas horas, quando ele voltar, ele ficaria preso dentro daquele lugar enorme, sendo seguido pra todo canto por Kirishima e Kaminari sobre ordens de seu pai como 'proteção'.

Pff- como se ele precisasse de proteção.

Enquanto andava, ele sentiu algo — ou melhor, alguém — trombar contra si e, ao olhar pra baixo, encontrou olhos marrons enormes encarando diretamente os seus. Eles eram realmente bonitos.

"Olha por onde anda, cara redonda."

Mas beleza não era algo que conseguisse seu respeito.

Em questão de minutos, o rosto antes cheio de preocupação por ter possivelmente machucado o maior ficou vermelho de raiva.

"Olhar pra onde eu ando? Mil perdões, senhor, mas até onde eu entendi, era você quem não olhava pra onde andava." A menor retaliou fazendo Bakugou franzir o cenho.

Ele iria gritar com ela, dizer o quanto ela era quem estava errada, mas aí Kirishima o impediu. Como sempre.

"Mil perdões, o meu amigo aqui é um pouco esquentadinho, não leve pro lado pessoal, por favor."

A garota desviou o olhar rapidamente para Kirishima, mas logo voltou a olhar o loiro, ainda irritada.

"Tanto faz." Ela disse, suspirando e em seguida indo embora.

Bakugou sentiu uma veia pulsar e, antes que Kirishima pudesse fazer qualquer coisa, ele havia segurado o pulso da mais nova, encarando novamente os lindos olhos castanhos.

"Quem você acha que é pra falar comigo assim?"

A menor riu irônica e puxou seu braço do de Bakugou. A coragem-

"Uraraka Ochako ao seu dispor." Uraraka — até mesmo o nome dela era bonito, se ele fosse outra pessoa, ele até elogiaria a garota. Mas ele não era. — fez uma pequena reverência, como se tirasse sarro dele. "E quem você é pra falar assim comigo?"

"Bakugou Katsuki."

Kirishima deixou sair um pequeno grito por ouvir o que o amigo havia dito. Por sorte, ninguém mais além dos três escutou aquilo. Nem mesmo Bakugou entendeu o porquê de ter dado seu nome verdadeiro, a raiva estava forte dentro de si então ele assumiu não pensar direito.

"...Bakugou-sama?" A morena perguntou, agora com os olhos arregalados enquanto a ficha finalmente caia. Ela deu uns passos para trás e Bakugou desejou nunca ter aberto a boca. Com uma cara que claramente expressava que ela não queria dizer o que diria, ela falou: "mil perdões, vossa alteza, esse comportamento não vai se repetir."

Ela fez uma referência de verdade dessa vez, o olhando uma última vez e indo embora o mais rápido que podia.

Bakugou assistiu a silhueta de Uraraka desaparecer nas ruas, com arrependimento por ter sequer reclamado dela.

Reis e Lágrimas - Kacchako WeekOnde histórias criam vida. Descubra agora