My Girl With Red Hair

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Pov Laura

Um bom filho a casa torna, assim sendo, decidi voltar para a casa dos meus pais e enquanto não pensava em uma solução melhor. Optei por ir em meu carro sozinha, com Catcher, rumo a Garopaba, cidade onde eles residiam no momento. Não foi fácil convencer minha mãe de que eu não me jogaria no primeiro poste que visse pela frente; ela me achava dramática demais, embora saiba que não tenho coragem para matar nem uma barata, muito menos a mim e ao meu cachorro. Eu queria apenas silêncio, queria pensar, mas ela só aceitou depois que concordei em seguir o carro deles feito um cordeirinho adestrado.

Eu queria pensar em tudo que vivi naquele dia. Acordei tão feliz e estava a ponto de terminar a noite me sentindo um lixo. Quando foi que tudo mudou? Quando Katy soltou a primeira lágrima? Quando Ryan saiu do meu lado e foi em direção a ela? Quando eu finalmente percebi que havia sido abandonada? Não acho que seja, acho que isso começou muito tempo atrás, eu é que não me dei conta. Você não repara que seu noivo e sua melhor amiga são amigos demais, pois amizade entre eles é o tipo de coisa que você quer que exista. O mundo seria mais feliz se todos os namorados, noivos, maridos, gostassem das amigas das namoradas, noivas, e esposas. Mas como perceber quando essa amizade passa a ter um significado maior?

Eu fui sincera quando disse à Katy que ela deveria ter me contado porque eu sairia do caminho. Eu realmente sairia, mesmo que não soubesse como ficaria, mas talvez nossa amizade pudesse ter sobrevivido depois que a tormenta fosse embora. Eu teria dado valor à sinceridade deles, eu sei que teria. Sempre fui o tipo de pessoa que se arrepende de ser grosseria, que jamais é ignorante com ninguém de propósito, que tem aversão a magoar as pessoas. Eu teria entendido; por mais difícil que fosse, eu teria apoiado.

Eu sei o que você está pensando... Não, eu não sou boazinha demais, apenas prática. Aprendi há muito tempo as consequências de se humilhar alguém. Os dois se amam, eles se abriram comigo, que tipo de gente é, de propósito, empecilho para duas pessoas que se amam ficarem juntas? Se eles me amassem como eu os amava, teríamos superado tudo isso. Ou pelo menos, cortaríamos os laços de forma diferente, com um corte cirúrgico e limpo, ao invés de eu estar sangrando sozinha rumo a um lugar que não tem mais nada a ver comigo. Saí de lá por um motivo... O que me faz pensar nela...

Você deve estar se perguntando sobre a garota dos cabelos ruivos.

Minha família morou em Florianópolis durante toda a minha infância e adolescência, mas minha avó materna sempre morou no centro de Garopaba, uma cidade litorânea no interior de Santa Catarina, e era lá que eu e minhas irmãs passávamos todas as férias. Sempre senti que a cidade era mágica. Adorava a forma de como cada praia era diferente uma da outra, o fato de termos um pequeno deserto tão perto de nós.

Raramente ficávamos em casa, pois, ao contrário de muitas avós, a minha sempre foi meio biruta e moderna. Nada de assar biscoitinhos para ela. Dirigia feito uma louca e pedalava sua bicicleta mais rápido do que minhas irmãs mais velhas. Usava só esmaltes vermelhos e saltos. Não existia tédio naquela casa, todos os dias fazíamos um programa diferente, íamos a uma praia diferente ou simplesmente saíamos e ficávamos na praia do centro, perto de casa, brincando, nadando, tomando sol, curtindo uma vida sem responsabilidades, escolas ou as manias de limpeza da nossa mãe. Mas tudo mudou no verão de 2008.

Foi quando a conheci.

Em junho daquele ano, vovó ficou doente. Não era nada de mais, apenas uma gripe muito forte que gerava desconforto, e minha mãe ficou preocupada em deixá-la sozinha. Vovô morrera muito tempo antes e minha mãe não queria que ela ficasse sob os cuidados de suas amigas, assim, resolveu me mandar a Garopaba antes do tempo, para eu ficar de olho nela e ajudar como pudesse.

The Girl With Red HairOnde histórias criam vida. Descubra agora