No domingo Emma amanhece com febre, Olivia faz um chá para menina e a serve com um remédio, já eu fico ainda mais irritado com isso tudo, fico pensando se a febre não foi ocasionada por conta da carta.
Depois que Olivia mede a temperatura dela, vem até mim, um pouco preocupada.
— A febre está muito alta Olivia? — pergunto.
— Trinta e nove senhor, mas eu dei remédio, quem sabe abaixe, mas se continuar é bom leva-la ao médico! — Ela diz.
Paro na porta, e a olho pela brecha, vejo que a menina está com o rosto um pouco vermelho, parece suar, sinto vontade de me aproximar e vê-la melhor, porém não consigo entrar no quarto. Fico frustrado.
— Vigie a febre dela! —peço a ela, Olivia assente com a cabeça.
— Não precisa se preocupar senhor, eu vou cuidar dela!
— Eu vou sair, mas é por poucos minutos, eu já venho!
Me viro e vou até o escritório, pego a carta de dentro da gaveta e desço a escadaria, vou até ao estabulo para falar com James, pergunto a ele onde Hannah mora, e ele me explica, assim que me viro para sair, ele me chama novamente, parece preocupado:
—Senhor, o senhor vai discutir com ela por conta da menina? — Ele pergunta.
— Você mesmo não disse para eu tomar cuidado, que ela pode estar com más intenções? —pergunto.
Ele dá de ombros.
— É, como disse, ela é estranha e ninguém sabe quase nada dela, mas, eu estive pensando enquanto conversava com senhor Michael, se ela tiver com boas intenções? Sei que não podemos confiar, tudo anda muito perigoso, mas, também acusa-la sem ter certeza... seria melhor o senhor não pegar muito pesado! — Ele fala.
— Não vou acusa-la de nada, só vou pedir para ela se manter longe de Emma, ela mandou uma carta para minha filha fingindo ser mãe dela, e quando contei a verdade a Emma, ela ficou triste e agora tá até doente, o que prova que essa mulher está fazendo mal a menina... — falo, ele então assente com a cabeça.
— E por que ela fez isso? — Ele pergunta.
— Nem eu mesmo sei... — dei de ombros. — Mas isso é o de menos, eu vou só dar esse recado a ela... — acrescento e James concorda.
Assim que me despeço dele, entro no carro e sigo a instrução que ele me passou, James explicou tão bem, que chego até o endereço sem problema algum, olho o pedaço de papel onde anotei o nome da rua e o numero da casa, ao confirmar vou até em frente à casa dela, começo a tocar a campainha, e ela demora um pouco para atender:
Assim que ela abre a porta e eu a vejo de novo, sinto a raiva desaparecer um pouco, para sentir no lugar um imenso nervoso, não sabia por que, mas senti um ar estranho na presença dela, que não sabia definir direito o que é, mas tento não pensar, disfarço, tento me manter firme, para ir direto ao assunto, e fazer o que tenho que fazer.
Minha relação com Emma não era a das melhores, mas ainda tenho que protege-la... pensar no melhor para ela. É a minha responsabilidade.
— Richard... — Ela fala, parece nervosa ao me ver.
— Quem te deu permissão para fingir que é a mãe da minha filha? — pergunto, tentando manter uma voz firme, a expressão dela deixa claro que ela foi pega de surpresa. Tiro logo a carta do bolso e entrego a ela, vejo que ela a olha e fica ainda mais nervosa. — Eu sei que foi você que escreveu!
— Eu só... eu só... — Ela gagueja, não consegue dizer nada, também o que ela pode dizer? Eu já sei o que ela fez!
— Emma já tem dificuldade para encarar a realidade das coisas, e você ainda inventa que ela pode conversar com a mãe morta? Deixando-a ainda mais estranha do que já é? Emma tem que crescer, e sua atitude só colabora para ela ficar dentro de uma bolha, nesse mundo fantasioso que ela criou!
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Lembranças Cinzentas
RomanceExiste algum tipo de regra para superar uma dor? Hannah e Richard estão sempre fazendo essa pergunta, duas pessoas totalmente diferentes, mas que tem algo em comum: Ambos vivem preso a uma dor muito profunda que viveram no passado. Hannah mudou-se p...