Faz de mim tua constelação

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Jeno não conseguia entender porque sua mãe havia, repentinamente, o obrigado a passar um dias no apartamento de seu irmão mais velho, e muito menos porque Huang Renjun vinha chegando todos os dias na faculdade com as mãos azuladas. As desculpas de que Doyoung parecia solitário, e que o chinês estava tentando colorir os cabelos não lhe caiam muito bem, até porque Doyoung namorava Jungwoo e o garoto passava o dia todo na casa do engenheiro; e Renjun com certeza era esperto o suficiente para saber que antes de tentar o azul, este deveria eliminar o preto com um descolorante. Mas não seria ele quem reclamaria, contanto que houvesse bolos e presentes, este não se incomodaria de fingir surpresa em uma festa de aniversário que já sabia da existência, não é como se isto nunca lhe tivesse acontecido antes.

Festas surpresas o lembravam Na Jaemin, bem como o céu cheio de estrelas e o cheiro de primavera. O Na sempre costumava preparar festas de tal tipo para o namorado, de modo que, com o passar dos anos, era praticamente impossível que o de cabelos rosas realmente acreditasse que Jeno nunca havia descoberto que os esquecimentos da data e ausência de carinhos e palavras doces em seu aniversario não eram propositais. Mas Na Jaemin havia ido embora, e com ele as festas surpresas, o céu repleto de estrelas e o doce aroma do desabrochar das flores, haviam perdido toda a graça. Quer dizer, não é como se ele não pudesse viver a magia dessas mesmas coisas na companhia de Renjun, era só que com ele as coisas pareciam...diferentes.

Alguns dizem por aí que não se é possível amar dois ao mesmo tempo, e muito menos que se consiga amar duas pessoas em mesmo grau de intensidade — exceto quando falamos de nossos pais, pois confessar a seu pai que sua mãe é sua predileta sempre assemelha-se a um crime, mesmo em situações em que a única palavra saída da sua boca é a famosa "Pergunte a sua mãe" —, mas Jeno sentia que aquilo era balela, pois tinha a mais absoluta certeza que amava Renjun tão fervorosamente quanto amara Jaemin, de modo que, se o Na estivesse vivo, este teria de, pela primeira vez na vida, experenciar o poliamor.

Entretanto, Jeno também poderia dizer com confiança que, mesmo sabendo que a chama do amor entre o primeiro namorado e o atual, lhe pareciam igualmente ardentes e vivas, essas chamas eram bastantes diferentes. Talvez a chama entre ele e Jaemin fosse esverdeada, simbolizando a calmaria, a juventude e a liberdade; já a entre ele e Renjun fosse de um tom de laranja, daqueles que te deixa entusiasmado e cheio de vontade de viver.

Por mais que amasse ambos, sabia que os dois meninos eram perfeitos opostos, os quais combinados, resultariam em um tonalidade roxa, daquelas que te lembram machucados. O Lee tinha certeza de que a relação entre os dois namorados resultaria em socos, chutes e pontapés.

Renjun estava mais para o cheiro de tinta fresca, e era adepto à festas avisadas, daquelas que se planeja um mês antes para que nada dê errado. Entretanto, em meio às diferenças que os circudavam, havia algo que ligava Huang Renjun a Na Jaemin, e este era nada mais nada menos do que o estopim para que os garotos se apaixonassem. O chinês também era um exímio observador do céu estrelado, mesmo que, teoricamente, o que o Huang procurava no céu não fosse exatamente os brilhantes pontos de luz, pelo menos não até conhecer Jeno.

Jeno se lembrava perfeitamente do momento em que vira o chinês pela primeira vez, e tinha certeza de que outro também tinha aquele dia fresco em sua memória. Fazia apenas alguns dias desde que Jaemin havia sido levado para longe de si, e tudo que o Lee sabia fazer era chorar e encarar as estrelas, esperando que de alguma forma, o namorado houvesse se transformado em uma delas, como uma vez havia lhe confidenciado. E foi bem ali, sentando no telhado de sua casa embrulhado em um edredom, que Jeno reparou que, naquela noite, ele não era o único a observar o céu azulado, Renjun também estava ali, encarando seu telescópio da varanda de seu quarto. Uma chuva de meteoros havia começado sem aviso prévio, fazendo com que os olhares dos garotos se encontrassem em meio as estrelas.
Mais tarde Jeno havia descoberto que o Huang procurava por óvnis naquele dia, e que ele não era exatamente alguém ligado às estrelas. No entanto, isto mudou facilmente quando Jeno e ele se tornaram próximos. Tal como fazia com Jaemin, Jeno também arrastara Renjun para se deitar sobre o telhado, contemplando as luzes no céu enquanto conversavam sobre a vida madrugada a fora.

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𝙽𝚘𝚒𝚝𝚎 𝚎𝚜𝚝𝚛𝚎𝚕𝚊𝚍𝚊 - 𝙽𝚘𝚛𝚎𝚗𝚖𝚒𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora