Capítulo VI - The final Countdown

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É chegado o dia. O dia pelo qual tanto esperei, pelo qual tanto treinei. Eu e Mikhail vamos para o espaço hoje, em direção ao buraco negro. Será uma viagem de muitas semanas. Cerca de três. Quase um mês terráqueo...

O mais terrível de toda essa história é que eu e Mikhail não estamos nos dando nada bem desde a última conversa, e sobreviver no espaço com ele vai ser uma tarefa desafiadora.

Fui chamado para a sala do Capitão, por motivos óbvios. Finalmente iríamos sair daquela prisão para ir pra plataforma de lançamento, localizado na agência espacial de Oran, a IPEE (Instituto de Pesquisa e Exploração Espacial).

Vesti meu uniforme. Fui até a sala do Capitão, onde aguardamos a chegada de Mikhail. Quando Mikhail chegou, me fitou com um olhar ameaçador. Eu simplesmente ignorei.

— Estão prontos? se preparem, sairemos escoltados por alguns soldados do exército, por precaução e protocolo. — Disse calmamente o capitão.

Andamos pelo corredor, saímos da base e caminhamos até chegar ao portão principal da prisão. Um portão daqueles que um dia foi bonito, mas hoje só é um lugar reservado para pegar tétano.

— Marquem esse dia rapazes. O dia que vai entrar pra história. — Moore disse isso com tanta convicção que até aumentou a minha confiança.

Os portões da prisão se abriram e finalmente pudemos ver um pouco do mundo lá fora. A cidade bem arborizada, provavelmente consequência da política de arborização. Ruas bem pavimentadas com piche e borracha, as construções muito bem estruturadas, tudo certo. Montes de vendedores se acumulavam em suas barracas para vender comida, aparelhos, entre outras coisas. Todos estavam cientes do experimento de viagem no tempo, e todos queriam ver com seus próprios olhos o lançamento.

Não se engane, caro leitor, o público não queria ver o lançamento para elogiar. Eles estavam muito irritados que o dinheiro público (milhões) estavam sendo investidos em uma nave que seria lançada na borda de um buraco negro.

Enquanto passávamos escoltados pelos carros do exército, os cidadãos gritavam coisas como: "Dinheiro jogado fora!" ou então "Seus covardes! tem pessoas passando fome e vocês investem nisso!".

Eu por um lado, concordo com o povo, pois já passei fome, sei como é horrível e o quanto é um problema que o governo necessita resolver. Mas, na condição em que eu estava, ou seja, na de prisioneiro, não tenho muitas opções. Fazer o que? Eu não posso fugir disso, então vou encarar. A pesquisa é essencial no desenvolvimento de uma civilização, mas garantir que o povo não morra de fome já é prioridade.

Sair da prisão me deu uma falsa sensação de liberdade. Eu aproveitei ao máximo essa sensação, já que não me sentia assim há um bom tempo. Quando bons sentimentos nos invadem, é sempre bom aproveitá-los e fazê-los durar o máximo o possível. Era melhor do que sentir a maldita depressão. Falando nisso, não demorou muita pra maldita vir me atormentar. Quando me dei conta já estava tendo pensamentos como: "Eu não vou conseguir fazer isso", "Eu quero deitar e morrer", "Eu sou um condenado" entre outros pensamentos que a depressão traz. Aquele sentimento no fundo estômago já estava aparecendo. Até eu lembrar que pelo menos não estava na prisão. Até eu lembrar das sessões de meditação mindfulness que fazíamos na prisão. Lembrei das palavras do orientador da meditação: "Concentre-se na sua respiração.... Esqueça todo o resto, sinta o ar entrando pelas suas narinas, preenchendo o seu pulmão e o ar saindo quente pelo mesmo lugar que entrou... Respire fundo..."

Isso realmente ajuda. O orientador disse que nos ajuda a focar no momento presente e a esquecer todo e qualquer pensamento negativo sobre o futuro ou sobre o passado.

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