Eu que os matei

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Ainda não entendi muito como tudo isso aconteceu na minha vida, mas de alguma forma aconteceu, e cá me encontro, dentro de uma viatura indo para a cadeia. O motivo? Bom, eu "matei" meu pai e minha madrasta.
Antes que pensem que sou um monstro sem coração, o que de certo modo é compreensível, vou voltar um pouco na história, para tentar fazer vocês entenderem e claro, tentar entender minha situação.

Para darmos início a narração, preciso que tenham em mente que tenho 21 anos, sou um rapaz franzino, com um rosto bem acentuado, careca, olhos bem escuros, e pálido, bem pálido. Costumo pensar bem antes de agir, calcular o grau da consequência de minhas atitudes, mas é evidente que dessa vez eu não fui um ser tão pensante.
Imagino que agora vocês estejam um pouco receosos e pensando que eu já queria mata-los por alguma futilidade e que eu iria querer sair impune, mas de algum modo deu errado né? Ora, vocês estão redondamente enganados.

Tudo começou quando cheguei ontem a noite em casa e ouvi meu meio irmão e meu pai em uma conversa meio estranha, na verdade estava mais para uns sussurros. Me aproximei da cozinha e me vi em choque, meu pai estava sentando no meu meio irmão,  ele estava suado, com sua barriga balançando a medida que ele subia e descia, meu meio irmão estava sorrindo e segurando o ralo cabelo do meu pai enquanto empurrava o quadril de encontro a sua anca. Ambos estavam suados, arfando e gemendo. A cena era repugnante para mim, meu pai um homem de 58 anos, casado a mais de 15 anos com minha madrasta estava fazendo sexo com o filho dela, o mesmo menino que por diversas vezes ele chamou de filho, o menino que ele ajudou a criar, um menino de 17 anos, como meu pai havia chegado ao ponto de dar para um menino, minha mente não conseguia processar toda aquela nojeira então eu me virei em silêncio e subi as escadas. Eu estava determinado na manhã seguinte conversar com Edu, e com meu pai isto não podia continuar a acontecer, além de ser nojento, repugnante e asqueroso era um crime e Elizete não merecia que seu marido e seu filho lhe traíssem dessa maneira, ainda mais depois de saber que seu ex marido e amigo de longa data havia falecido.

Passei pela porta do quarto de papai e Elizete e não tinha ninguém na cama, fiquei assustado, e pensando será que ela teria levantado e ido beber água ou pegar algo no andar de baixo? Se assim fosse ela teria se deparado com a loucura dos dois e poderia ter ido embora, mas por outro lado eu duvidava que eles teriam continuado, ela não sairia sem antes fazer um escândalo e o carro dela permanecia na garagem eu tinha o visto ao chegar. Não, Elizete poderia estar no banheiro...

Fui arrancado de meus pensamentos quando ouvi Edu gemer alto, quase como se estivesse gritando, fiquei tentando a voltar lá embaixo e parar os dois, mas seria vergonhoso demais para todos nós. Eu teria que esperar até o dia seguinte. Ouvi novamente um gemido exasperado e logo em seguida um som de algo pesado batendo ao chão. Fiquei mais uma vez com o instinto de descer para ver o que eles dois estavam fazendo, mas me contive, não era nessa situação que queria abordar-los, eu acelerei meu passo entrei no quarto e fechei a porta, dali eu só sairia na manhã seguinte praticamente direto para o carro da polícia.

Eu apaguei na cama, com roupa e tudo, eu dormi tanto e de forma tão pesada e acordei com uma dor de cabeça, sentindo um odor forte de sangue. Parecia haver algo morto no meu quarto, então abri meus olhos e olhei minhas mãos, e para meu espanto ela estava vermelha, coberta de sangue, eu estava todo molhado, minha cama igualmente suja e quando olhei para a porta que antes se encontrava trancada agora estava escancarada e um caminho de pé descalço seguia até onde eu estava.

Minha cabeça latejava, eu não estava entendendo o que estava acontecendo, porque tudo estava sujo de sangue, por que eu estava sujo de sangue? Sai do meu quarto correndo e logo me deparei com minha madrasta caída no chão, nua e com uma faca em suas costas, o seu sangue estava empossado ao lado dela. Ela estava com os olhos ainda abertos, em uma reação de desespero eu arranquei a faca de suas costas e mais sangue espirrou em mim, fiquei desesperado, chamei seu nome diversas vezes, mas não obtive nenhuma resposta. Ela já estava mais do que morta.

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