A Infancia

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Já era tarde da noite quando começou a chover, caiam pingos d'agua que mais se pareciam com pedras de tão forte que batiam nas janelas, o cômodo estava mal iluminado por apenas 4 velas que flutuavam como se fossem muito mais leves do que o ar, em meio aos estrondos de trovões e relâmpagos da tempestade um barulho maior ainda se sobre saiu entre eles, era...
- HELGA! - Gritou uma mulher - por Merlim cuidado, quantas vezes já disse para não subir em cima da mesa?
A mulher de olhos castanhos claramente cansados, cabelos que se pareciam loiros - era difícil de saber com um lugar tão escuro quanto aquele cômodo - e relativamente alta, devia ter mais ou menos um metro e sessenta centímetros de altura, estava com alguma coisa na mão que era muito semelhante a um galho de árvore, era até um pouco torto.
- Lumus! - disse ela
O galho agora estava com a ponta iluminada e os rostos das duas mulheres estavam nitidamente visíveis, o que se pareciam com cabelos loiros na verdade era apenas o reflexo da luz emitida pelas velas, seu cabelo na verdade era castanho escuro porém o seu olhar cansado era perfeitamente notável não importava a escuridão, em seu colo havia uma menina de olhos muito bem abertos, castanhos e um pouco mais claros, o cabelo era igual ao da mulher que a segurava - um pouco mais cacheado na verdade - mãos e pés pequenos, uma pele tão lisa quanto ao de uma pedra que foi amolada recentemente, a menina devia ter no máximo dois anos de idade, e agora se encontrava no chão perto de sua mãe que estava um pouco ocupada parecia lavar as louças, o mais curioso é que, não havia colocado a mão em nada e mesmo assim a louça estava ficando limpa.
- Frida? - perguntou um homem de voz meio rouca - tudo bem ? Ouvi você gritar o nome de Helga, aconteceu alguma coisa?
- Tudo bem Osman - Respondeu - ela apenas subiu em cima da mesa mais uma vez.
- Flutuando de novo, hein Helguinha?
- Sim, mas ainda vai aprender! Ela é apenas uma criança.

Já era manhã do outro dia, a chuva forte havia cessado e as velas quase derretidas completamente estavam sob a prateleira da cozinha, ao contrário da noite passada o sol lá fora estava lindo, os pássaros barulhentos por um momento poderia-se imaginar que estavam brigando ou que suas canções iriam durar pelo resto do dia, Helga que dormia profundamente em um berço ao fundo da sala estava na companhia de um homem grande, com uma barba e bigode robustos, sua mão certamente derrubaria uma porta se o mesmo decidia-se dar um tapa forte, de olhos grandes e verdes claros, ele se encontrava relaxado em sua cadeira em frente à uma janela, com o jornal da manhã em suas mãos - que quase cobriam a página inteira - leu a manchete " Yorks Hawks ganham o campeonato inglês de Quadribol" - com sorriso no rosto - Veja Frida, finalmente! Isso me faz esquecer a decepção do ano passado.
- Fracamente - disse Frida ríspida - será que você só sabe ler as notícias sobre Quadribol? Há 10 minutos atrás pedi para você ler sobre a coluna de receitas do Ernesto.
- Só leio se você fizer a receita.
- Todas as vezes a mesma chantagem, me dê aqui esse jornal.
" Almôndegas flamejantes ao molho picante" - dizia no título da coluna
- Almôndegas? Ernesto tem feito receitas um pouco estranhas ultimamente.
A feição de desgosto da mulher não escondia, não havia gostado nada do que acabou de ler e seria obrigada a repetir o prato da semana passada, frango assado...
- Com pedaços de rabanetes - Osman quase aos gritos de felicidade - mal posso esperar.
Com toda a empolgação vinda do homem a pequena Helga acabou acordando mas se manteve quieta, não chorou, não derrubou nada no chão para chamar atenção, tão pouco saiu flutuando como da ultima vez que subiu em cima da mesa.

4 anos depois

O tempo parecia voar, quando Osman e Frida menos esperavam a pequena Helga estava prestes a completar seus 6 anos de vida, em exatos dois minutos o dia 22 de junho de 997 já estaria batendo na porta e Helga esperava ansiosamente, tamanha era sua ansiedade que não havia notado que alguns copos se mexerem sozinhos e as páginas do jornal de seu pai passaram mais rápidas do que seus olhos podiam acompanhar.
- Me parece que alguém está ficando mais velha - Disse Frida - como você está se sentindo querida?
- Ansiosa - Helga parecia muito agitada - acho que só me senti assim quando papai me jogou para alto como se fosse um brinquedo, até hoje torço para os Yorks ganharem todos os campeonatos, papai poderia fazer isso todas as vezes.
Enquanto conversava com sua mãe, não havia reparado mas ela já estava mais velha a um minuto e meio, e seu maior presente de aniversário foi nada mais que os pratos deliciosos que Frida preparava, além de comer bem naquela noite, Helga se deu mais um presente e ficou acordada olhando as estrelas imaginando como seria a amizade entre sol, lua e as outras coisas no céu, por um instante passou pela cabeça dela que deveria ser um pouco solitário para o sol, afinal de contas quando ele está prestes a se encontrar com sua amiga lua, simplesmente precisa ir embora.
- Quando eu crescer - disse ela olhando para o céu - quero ter amigos que fiquem comigo do meu lado para qualquer coisa, assim como papai e mamãe! Será que vou ter uma amiga que faça pratos tão gostosos igual os dela?
Mas seu pensamento foi interrompido pela voz de sua mãe que dizia que estava na hora de dormir.
Na manhã do dia 22 de junho Helga e seu pai saíram para andar pelo vilarejo de York, e a menina não cansava de se admirar pelas lindas velas que pareciam não derreter, penduradas em suportes de prata ao longo do caminho, todos os casebres no vilarejo eram muito parecidos, de madeira com alguns acabamentos em pedra polida, algumas casas tinham pedras esculpidas e Helga se apaixonou por uma em especial, ao meio do caminho havia um casebre com a maior porta que a  menina já viu em toda sua vida até agora, ela tinha detalhes dourados mas mesmo assim, era muito humilde assim como o resto do vilarejo.
Alguns minutos de caminhada e seu pai parou perto de uma árvore com raizes tão grossas e fortes, que estavam totalmente aparentes Helga se aproveitou e se sentou em uma delas, estava muito cansada da caminhada.
- Perfeito - Falou satisfeito - isso deve servir.
- "Isso"? - Helga não fazia ideia do que seu pai estava falando
- Mais tarde te explico querida, agora vamos!
E partiram rumo ao casebre da familia Hufflepuff o qual tinha algumas madeiras um tanto quanto gastas, não bastava dizer a Frida que ele arrumaria todas as imperfeições, enquanto não estivesse feito ela o cobrava todos os dias.
- Papai... - com a voz calma e bem baixa - eu acho que temos um pequeno problema.
Osman se virou para olhar o que houve com sua filha e se sentiu aliviado pois não havia nada grave, porém seu vestido amarelo com detalhes pretos estava rasgado por conta das raízes da árvore, para infelicidade de Helga o vestido se perdeu completamente a parte a qual cobria suas pernas - até a altura do joelho - tinha ficado completamente preso, a feição de Osman também não era de completa felicidade quando se deu conta do que estava acontecendo, havia passado noites em claro com Frida para fazer aquele vestido e de repente de uma hora para outra, ele se foi.
A perda da parte de baixo do vestido rendeu a Helga uma caminhada muito animada, pois foi o caminho inteiro no colo de seu pai, ele achou que assim seria uma ótima forma de confortar a menina e alem do mais ela podia admirar ainda mais cada centímetro de seu vilarejo, era apaixonada por aquele lugar! Helga não cansava de dizer

Hufflepuff - A história de HelgaOnde histórias criam vida. Descubra agora