Capítulo 1

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Sofia

- Sofia, anda logo eu estou atrasada!
Minha irmã gritava enquanto eu descia as escadas da nossa pequena casa correndo com meu salto na mão.

- Vamos, desculpa. 

- Você vai sair na rua com a blusa aberta Sofia?

- Merda!
Joguei o salto no canto rindo da situação e parei para fechar minha blusa.

Laura já foi saindo e me esperava impaciente no carro, quando entrei ela o acelerou de uma forma que até me assustei, realmente estava com pressa, muita pressa.

Comecei a trabalhar com 16 anos para poder me sustentar e ajudar a Laura, foi muito difícil conciliar estudo com trabalho, mas eu consegui, passei no vestibular com uma das melhores notas, o que foi um orgulho pra Laura.
Infelizmente tive que trancar minha faculdade por problemas financeiros, comecei a trabalhar o dobro do que já trabalhava.

Eu e Laura saímos de casa cedo, nossa pais casaram muito jovens, era um casamento conturbado onde amor não era uma palavra existente ou pelo o menos conhecida por eles.
Minha mãe engravidou no primeiro ano de casamento e em menos de um ano do nascimento de Laura, ela engravidou novamente de mim.

Presenciamos muitas vezes nossa mãe chorar, apesar da pouca idade, tenho flashs dela sendo agredida por meu pai e chorando.
Ela não aguentou tanto sofrimento e fugiu em uma noite, abandonando as duas filhas de cinco e quatro anos.

Nosso pai não tinha nenhuma habilidade em criar duas meninas, então logo casou-se com uma mulher que também tinha filhos. De início eram tudo flores, ela nos tratava super bem e cuidava de nós duas, mas com o tempo o inferno foi começando.

Laura cuidava de mim e tentava me proteger, mas era quase impossível, nossa madrasta judiava de nós duas de todas as formas possíveis. Nos fazia de empregada e quando não acatávamos a ordem dela, éramos judiadas de todas as formas possíveis.

Quando Lara fez dezoito anos e eu dezessete, decidimos fugir de casa, íamos juntando economias até que conseguimos sair da cidade em que morávamos e alugamos um quarto na cidade grande.

Laura fez questão de que eu terminasse meus estudos assim como ela, enquanto ela trabalhava pra nós sustentar, mas ainda assim arrumei um emprego de meio período e fazia bico sempre que podia.

E assim fomos nos virando, terminei o ensino médio, prestei vestibular e passei em uma faculdade, foi a alegria da minha irmã.
Quando conseguimos nos estabilizar, alugamos um apartamento e Laura começou a fazer faculdade à noite junto comigo, enquanto trabalhávamos pela manhã e pela tarde.

Quando sai do emprego meio período que eu tinha, consegui um emprego numa confeitaria como garçonete.
A confeitaria fica localizada em um bairro nobre, os clientes que frequentam dão muita gorjeta boa, o que me ajuda muito.

- Dona Lu, que saudades! Como a senhora está?
Pergunto ao chegar na mesa de uma das minhas clientes preferidas aqui da confeitaria.

- Eu estava com saudades de você também, acabei de perguntar onde estava você! Viajei e tenho tanta coisa pra te contar, trouxe uma lembrancinha pra você. Mas eu estou bem querida, e você?

Dona Lu retirou uma embalagem de presente de dentro da bolsa e me entregou, só consegui sorri com aquilo, não tinha costume de ser tão mimada e amada assim.
Além de Laura, apenas meu melhor amigo Bryan me mimava.

- Oh dona Lu, fico muito grata por isso, mas não precisava!

Abracei a senhora que estava na minha frente e abri o presente, era um vestido extremamente lindo e com certeza havia custado uma nota.

- Você vai ficar linda nesse vestido, quando vi, só pensei em você!

- Obrigada, de coração, eu amei! E a senhora já sabe o que vai pedir?

- Espero te vê vestindo ele, você é muito bonita pra se esconder por trás desse avental. Fique tranquila querida, estou esperando meu neto, quando ele chegar faremos o pedido.

- Pode ter certeza que irei usar! Quando precisar, me chama, ok? Vou atender os demais clientes.

Abracei dona Lu novamente em forma de agradecimento e segui anotando os demais pedidos e servindo as mesas.

Enquanto servia uma das mesas, notei o ar de algumas pessoas da confeitaria mudar, algumas mulheres olhavam pra porta e eu como sou extremamente curiosa segui os olhares.

Um homem alto entrou na confeitaria, ele estava com uma farda da polícia civil e um cordão de delegado, o homem era um gato, de óculos escuro e cara fechada, me fez ficar sem ar com tanta marra.

Quando vi ele se aproximar da mesa de dona Lu e beijar a testa dela, constatei que era seu neto, ele retirou o óculos e pude vê o quanto ele era mais bonito ainda. Sua barba era feita perfeitamente, ele tinha um olhar sedutor e um sorriso mais ainda.

Dei um tempo para os dois conversarem e retornei a mesa segurando o tablet que eu anotava os pedidos e mandava para o sistema.

- Olá, licença, boa tarde

Assim que me aproximei cumprimentando os dois, o pedaço de perdição me olhou e no momento estranhamente eu fiquei nervosa.

- Mateus, finalmente posso te apresentar! Essa é a Sofia, a menina que tanto te falo que é linda e que você deveria conhecer.

No momento eu tenho certeza que fiquei pior que o tomate, dona Lu era sem filtros e isso me deixava admirada, mas pela primeira vez essa falta de filtro me deixou extremamente envergonhada.

- Dona Lu, está me deixando sem graça.

- Ah Sofia, você pensa que eu não percebi seu olhar quando meu neto entrou? Não venha com vergonha para meu lado menina, já sou como uma mãe pra você, te conheço bem.

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