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Subi pro meu quarto, era pra viagem ser perfeita. Mas eu não era propriedade de ninguém. Nem um objeto pra Bruna e pro Luan ficarem disputando. Eu já tinha a família dele, a minha me pressionando. E já sabia o que me esperava quando ele me assumisse pras fãs. Não sabia se estava preparada pra isso. Era muita coisa pra minha cabeça.

No meu quarto, aproveitei pra desenhar. Não queria dar de cara com nenhum dos dois pelo hotel, e tinha trabalho a fazer. Estava no segundo desenho quando ouvi batidas na porta.

— Jade? — Era a Dona Marizete.

Corri abri a porta.

— Entra dona Mari.

— Já te disse pra parar com isso, né?

— Desculpa.

— Tudo bem, vim conversar com você. Posso?

— Lógico...

— Percebi que você ficou chateada com os dois no carro. Entendo o porquê. Mas queria te dizer que não ficar brava por muito tempo. É novidade pra eles também. Bruna vê em você a chance de ter uma irmã, e o Luan vê um futuro.

— Eu sei que não é fácil, mas nenhum dos dois me pediram se quer desculpas. Sem contar que os dois erraram e ficaram um jogando a culpa no outro. O Luan não me dá liberdade pra fazer minhas escolhas. E a Bruna acha que tem o direito de me monopolizar também. Eu só queria e precisava de um tempo sozinha. E eles não me dão isso.

— Você está certa. Quer ir tomar um suco comigo?

— Agora não, obrigada. Estou fazendo uns desenhos do trabalho, e não quero encarar os dois agora.

— Tudo bem. Se precisar conversar, eu estou aqui, tá bom?

— Obrigada, Do... — Ela me olhou feio antes de eu terminar — Mari. — Corrigi. Ela sorriu, me deu um abraço, e saiu do meu quarto, me deixando sozinha com meus desenhos e pensamentos.

×

Eu estava morrendo de fome, e com um rombo nas minhas economias. Não podia ficar me dando luxos, mas pedi um misto quente e um suco de laranja no quarto. Já tinha feito três desenhos, e precisava comer algo. Além de ler um pouco. Me sentei na varanda, com vista para o mar, a piscina - não vi a Bruna por ali, nem o Luan - e o pôr do sol. Sentei com meu livro, e meu lanche. Ouvi novamente batidas na porta.

— Jade? — Dessa vez era a Bruna. Eu não poderia ser criança pra sempre também. Afinal, tínhamos viajado juntos. Me levantei, abri a porta, e falei pra ela me seguir. Sentamos na varanda juntas.

— Jade, me desculpa. Você está certa. Eu não poderia te tratar como se você fosse minha boneca. Nem idade pra brincar de boneca eu não tenho mais.

— Tudo bem, Bruna. A situação chata já passou. Eu só precisava ficar um pouco sozinha.

— Você me perdoa mesmo?

— Perdoo. — Ela sorriu e me abraçou.

— O que você ficou fazendo presa nesse quarto hoje? Além de se encher de misto quente e suco?

— Essa foi minha primeira refeição, acredite. Me perdi desenhando pra coleção.

— Posso ver?

Mostrei a ela todo meu portfólio. Ela disse que eu teria que lançar aqueles vestidos para adultas também, pois estavam lindos. Quando me surgiu a ideia. Assim que a Bruna saiu, liguei para dona Aline.

— Jade?

— Dona Aline, a Bruna Santana me deu uma ideia maravilhosa. E se de vez fazermos a coleção infantil, fazermos mãe e filha? Podendo comprar as peças juntas e separadas...

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