Holy || moonsun (FINALIZADA)

VIII: Necessidade

Notas
Boa leitura! :)

XXX

O calor dos lábios de Yongsun ainda impregnava o corpo e alma de Moonbyul, lhe fazendo perder alguns segundos na tentativa de situar o momento em que se encontrava. Brevemente confusa, a ponta de seu indicador contornou a própria boca, como quem buscava confirmar se o ato anterior não havia sido uma mera ilusão de seu imaginário.

— Você me beijou. — Mesmo com a voz aparentemente calma, seu interior estava se revirando e seu coração poderia ser confundido com fogos de artifício.

Era como se houvesse uma festa dentro de sua cabeça, mas apenas ela havia sido convidada.

Visivelmente envergonhada, os óculos da Kim estavam embaçados e dificultando sua vista, da mesma forma que se encontrava. Ela simplesmente não sabia o que pensar; de repente, havia beijado uma garota e sequer se importava com os castigos que acreditava que seriam lhe destinados.  

Era como se tudo o que houvesse aprendido em sua vida estivesse desaparecendo, e ela mesma estava apagando.

— Eu não sei por que fiz isso. — Respondeu ríspida, cruzando os braços e abraçando o próprio corpo numa forma de ser seu auto consolo. Seus olhos percorriam os arredores do bosque, que não estava tão longe do edifício onde, naquele momento, provavelmente estava acontecendo o culto onde deveria estar.

E ao invés de estar clamando para que seu Deus lhe perdoasse, estava apenas se afundando ainda mais.

— Você sabe sim. — Ao olhar para a direção de Byulyi, se deparou com a garota mais próxima do que deveria de seu corpo, sentindo suas mãos tocarem em seus braços e em seguida, se abaixarem para sua cintura, sendo impossível evitar a aproximação. — Me dê um motivo para não lhe beijar agora.

As palavras provocantes atingiram Yongsun como uma flecha. Sua boca tremia e sua consciência parecia ter adormecido; parecia que no joguinho que Moonbyul lhe fazia jogar, ela sempre perdia.

— Não vai me responder? — Perguntou de forma sarcástica, empurrando o corpo menor contra uma árvore, tendo ainda mais controle sobre a Kim.

— Não tenho nada a dizer. — Quando os olhos de Moonbyul ganharam ainda mais energia, sabia que a partir dali, não haveria mais volta. Poderia jurar que estava se controlando e que nenhum daqueles sentimentos eram reais, mas nada poderia explicar o calor de seu corpo e o enorme desejo que possuía de ser tocada.

Era como se estivesse necessitada, e precisasse ser atendida imediatamente.

— Então não se importa se toda essa gente te ver beijando outra menina? — Ela chegou mais perto, o bastante para estarem separadas unicamente por suas bocas, que ainda carregavam a sensação do beijo recente.

— Eu me importo.

Por um momento, Byulyi sentiu os fogos de artifício se apagarem e a mais profunda solidão retornar, não conseguindo evitar os pensamentos precipitados. Prestes a se render ao pessimismo, sentiu sua mão ser puxada e seu corpo ser guiado para longe do bosque, tendo suas conclusões confundidas quando a porta da antiga construção se abriu, sem quaisquer sinais de companhias indesejadas.

— Por isso, me beije no quarto.

• • • 

A pouca claridade no corredor dificultava os passos rápidos e ansiosos de ambas, que tateavam o escuro em busca da comodidade do quarto em que estavam hospedadas. Quando a porta do último andar se abriu, sua tranca fora fechada no mesmo momento, numa clara demonstração de necessidade.