Pelos longos corredores do palácio do Olimpo, a morada dos deuses, Ártemis andava apressada, tentando evitar seu irmão, Apolo.
- Quero que você venha à reunião - Apolo dizia, seguindo a irmã - Há muitos assuntos a serem discutidos.
- Conto com você para me representar, irmão.
Ártemis não queria mais saber de longas reuniões ou de tempo perdido entre os antigos deuses, que faziam os dias correrem muito devagar.
- Tenho certeza que nosso pai gostaria de nos ver lá.
- O pai não vai se importar, tem todos os outros aduladores para comparecer.
Ártemis era uma das filhas favoritas de Zeus, então sabia que ele não seria duro com ela.
Pegou seu arco, flechas, uma faca de caça e saiu pelas grandes portas do palácio. Respirou o ar frio e puro do alto Olimpo, sentindo-se revigorada. Abaixo havia o mundo mortal, o lugar que ela mais amava passar o seu tempo.
Ártemis era a deusa da lua e da caça. Nessa noite de lua cheia, não havia hora melhor para caçar.
Pegando carona na luz da lua, Ártemis desceu flutuando nos raios luminosos, com o vento balançando seus cabelos e o mundo terreno crescendo a cada minuto.
Aterrissou numa densa floresta verde, úmida e fresca. Respirou fundo e ouviu o som dos animais e folhas farfalhando. Nas florestas antigas sempre se sentia mais em casa que no monte Olimpo.
Andou silenciosa pela floresta, ouvindo os sons das corujas e os uivos dos lobos, como a mais exímia caçadora, buscando a presa ideal para suas habilidades. Esgueirava-se pela floresta por pelo menos meia hora quando se deparou com um homem alto e forte, com cabelos compridos e negros. Escondendo-se atrás das árvore, ficou a observá-lo. Ele era habilidoso principalmente com o arco e a flecha, mas também dominava a lança com maestria.
Por um longo tempo ela observou aquele homem, até que se descuidou, passando embaixo de um feixe da luz da lua. O brilho que Ártemis emitiu ao entrar em contato com a luz do astro que dominava chamou a atenção do homem.- Quem está aí? - ele perguntou, segurando firmemente a lança.
Vendo que havia sido descoberta, Ártemis saiu de trás das árvores. Ao entender que estava na presença de uma deusa, o homem logo se colocou de joelhos.
- Minha deusa! Não havia percebido quem era.
- Não se ajoelhe - Ártemis se apressou em dizer - Hoje eu sou apenas uma caçadora.
- A senhora é quem penso que é? - perguntou ao ficar de pé.
- Quem pensa que sou?
- Imagino que seja Ártemis, a deusa da caça.
- E da lua. Não se esqueça da lua - ela o corrigiu.
- Nunca me esqueço. Sempre que há uma lua cheia como hoje eu agradeço, e quando não há, peço por uma boa caçada.
Ouvindo tamanha devoção no caçador, Ártemis ficou intrigada.
- Qual seu nome, mortal?
- Eu me chamo Órion - sacou uma faca de esfolar e continuou com seu trabalho, tirando o couro de uma corça - E eu não sou um mero mortal. Sou um descendente dos gigantes. A força deles está em meu sangue.
- É meio pequeno para um gigante - ela riu.
- O que posso fazer? Sou mestiço e tive o azar de herdar o tamanho humano. Mas se me acompanhar, minha deusa, verá que não há nenhum homem mais habilidoso na caça.
- Isso sim foi de um ego gigantesco. Vejo que a humildade não é seu ponto forte.
- E pra quê eu haveria de ser humilde? - ele estava muito sério ao dizer isso - É apenas a verdade. Não há melhor caçador dentre os terrenos.
Ártemis colocou a mão no queixo, imaginando estar diante de uma ótima oportunidade de diversão. Era por isso que gostava de estar em meio aos terrenos; sempre havia algo para se fazer.
- Gosta de apostas, Órion?
- Às vezes sim.
- Pois eu amo apostas - disse colocando a mão no peito, como quem se orgulha muito de uma habilidade especial - Eu lhe farei três desafios, e se você passar nos três, lhe darei um presente divino.
- Que tipo de desafios?
- Desafios de caça, porém devo alertá-lo, serão desafios muito difíceis.
- Se são desafios de caça, eu aceito.
- Obrigada, Órion. Você está fazendo minha visita ser muito mais interessante.
Fim do Capítulo 1- Siga meu canal Mitomaníacos para histórias em vídeo -
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Mitologia Grega - Ártemis e Órion
Short Storyuma das histórias mais bonitas da mitologia grega. Que conta sobre o romance improvável entre uma deusa casta e um descendente de gigantes.