Capítulo Único

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Essa fic foi postada primeiramente no Spirit no dia 25/12 como presente de natal pra um amigo meu. É a minha primeira fic, então eu tava realmente nervosa e insegura em relação a minha escrita mas minhas amigas me incentivaram. Obrigada, gente!

Boa leitura e espero que gostem! :3

***

"Atenção, senhores passageiros! Aqui quem fala é o comandante do voo 2610. Gostaria de dar as boas vindas em nome da tripulação. Nosso tempo de voo previsto até o Japão é de 1h51min. Permissão para decolagem concedida. Uma boa viagem a todos!". Essa frase fora repetida diversas vezes por mim desde que me tornei piloto.

Quando mais novo, costumava admirar o céu. Em dias nublados, me chateava por não poder assistir a golden hour - período do crepúsculo logo antes do pôr do sol. Sonhava acordado com o momento em que entraria pela primeira vez em um avião para apreciar a vista lá de cima. Sempre deixei claro a minha vontade de ser piloto de avião, mas meus pais pensavam que era apenas um sonho de criança.

Ao completar 18 anos, decidi que faria o curso de Ciências Aeronáuticas. Eles ficaram surpresos, e só então perceberam que o meu sonho de criança era pra valer. Após a formatura, ingressei na Escola de Aeronáutica e lá se foram mais 2 anos de muito estudo, provas teóricas e práticas, cumprindo as horas necessárias para ser um piloto comercial. Com 24 anos - eu era o mais novo da turma - realizei minha primeira viagem.

Eu estava ansioso e ao mesmo tempo feliz. Quando me recordo daquele dia, sinto borboletas no estômago. É como se eu tivesse encontrado a minha casa. E ela era o céu. Era lá que eu pertencia. Bom, era... Até eu conhecer ele.

2 anos depois

A viagem até Londres foi longa e cansativa. Tudo que eu precisava era espairecer, então aceitei o convite dos meus colegas de tripulação e fomos até um pub. Como o voo de retorno era daqui 2 dias, não vi mal algum em tomar umas taças de Martini.

Conversa vai, conversa vem, me deparo com um garoto bebendo uma caneca de chopp. Sua atenção está voltada para o celular e vez ou outra, observa o movimento do local. Me chamou a atenção o fato dele estar todo de preto, o que criava um certo contraste com o seu rosto angelical. Seu olhar encontra o meu. Ele sorri e ergue a caneca como se estivesse brindando, e eu repito seu gesto. Fico sem graça e desvio o olhar. O que acabou de acontecer? Ele estava flertando comigo? Meu deus, eu nem ao menos sei flertar! Na verdade, eu nunca estive em um relacionamento porque meu foco sempre foi o trabalho. Dou um último gole e volto minha atenção para o garoto. Ele ainda me encarava com aqueles olhos que, presumo eu, eram tão escuros como a noite de Londres.

Não sei por quanto tempo ficamos naquele "joguinho do sério", mas quando percebi já era meia-noite e o dono do estabelecimento pediu para que nos retirássemos. Quando procurei por ele, já não estava mais por lá. Suspirei frustrado.

Naquela noite, sonhei com ele e acordei com a sensação de que nos reencontraríamos.

O celular desperta às 6 horas. O voo de volta para Seul estava previsto para 11h20. Me reuni com os colegas para tomar o café da manhã - o café da manhã dos hotéis eram sempre os melhores - e em seguida, cada um retornou para seus quartos para organizar as malas e irmos até o aeroporto. Chegando lá, nos direcionamos até a sala de embarque e ficamos aguardando.

Como passaria muitas horas sentado, resolvo caminhar pelo lugar e observar o movimento. A distração me faz bater em alguma mala e giro o corpo para pedir desculpas à pessoa. Imediatamente identifico o sorriso. O mesmo sorriso da outra noite. Era ele.

- Foi mal, eu deixei minha mala no meio do caminho. - vejo ele puxar a bolsa para perto enquanto segura um caderno com diversos rabiscos.

- Não tem problema! Acho que acabei me distraindo.

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