nota: me perdoem pela demora, porém, estamos chegando ao fim!!
»●« »●«
- Está pronto?
Pete tentava lutar contra o fecho de sua mochila quando ouviu a voz de Patrick.
- Não sei. Acha que isso é mesmo uma boa ideia?
- Claro. Ela é sua avó, vai adorar nos ver. O que está levando aí?
Tentou olhar sobre o ombro do namorado.
- Comprei algumas coisas para ela...
- Precisava levar em uma mochila?
- Não queria carregar na mão.
- Você é preguiçoso.
- E você é intrometido!
Mostrou a língua para o namorado e continuou com a sua tarefa. Por mais que parecesse não demonstrar, estava extremamente feliz. Quem o conhecia bem, sabia notar os pequenos sinais. A maneira que sorria excessivamente, o jeito que sua risada soava diferente e como andava com olhares apaixonados por aí.
Os últimos meses haviam sido perfeitos. Seu emprego não poderia ser melhor, a procura por um novo apartamento estava indo melhor do que esperava e sem contar o seu parceiro incrível. Parecia estar nas nuvens.
- Ok, podemos ir?
Hesitou por alguns segundos. Estava muito ansioso. Era a primeira vez que iria na casa de sua avó em anos. Nem conseguia se lembrar claramente da última vez que havia estado lá.
- O que está te deixando nervoso?
- É só que... estou com medo do que pode acontecer.
- Vai dar tudo certo. Confie em mim. Ela te ama. Esse não é o momento de ter medo.
- Ok... estou pronto.
- Estou tão orgulhoso de você, meu amor... - depositou um beijo na testa do mais alto.
Após se despedirem de Bowie, foram para o carro. Pete estava melhorando muito em relação ao seu trauma. O grupo de apoio, as calmas tentativas, a presença de Patrick, tudo ajudava-o a não deixar os acontecimentos passados tomarem conta de suas ações.
A viagem foi tranquila. Apesar de morar na cidade, a mulher residia em uma área distante. O trânsito atrapalhou um pouco, porém, tempo depois finalmente chegaram no pequeno apartamento que possuía. Não tinha razão em ter uma casa grande, afinal, morava sozinha e não tinha familiares. Bem, pelo menos, não tinha ninguém até alguns meses atrás.
Assim que abriu a porta, a mulher os recebeu com um grande sorriso e abraços longos.
- Sintam-se em casa, amores. Estou cozinhando, mas não sei se vai estar bom, faz muito tempo que não cozinho. Entre as visitas ao hospital, só comida congelada com pouco sódio.
- Nós também só comemos coisas congelada, não se preocupe, vovó.
Sentia-se estranho chamando-a dessa maneira. Precisava se acostumar a ter uma avó.
Ele deixou a mochila em um canto e começou a observar os retratos na prateleira perto da televisão. Reconheceu um como do seu pai adolescente, outro dela mais jovem, um de seu pai o carregando no colo. Sentiu um aperto no coração, desejando que lembrasse do homem daquele jeito. Não como quem havia destruído sua vida.
Até que chegou em um de uma mulher morena sorrindo segurando a mão de um garotinho de cabelos enrolados, que também sorria, deixando a mostra um espaço nos dentes.
Foi impossível conter as lágrimas naquele momento. Pegou o porta retrato e segurou com força contra seu corpo. Sentia mais falta dela do que pensou ser humanamente possível. Em meio a visão nublada pelas lágrimas, notou que havia outros retratos da mulher. Em seu casamento, com o filho pequeno nos braços, cozinhando ao lado da sogra e uma no natal entregando bonecos de Star Wars para o menino. O ultimo Natal que passaram juntos. Seus soluços eram o único som que podia ser ouvido em todo o pequeno apartamento. Ele passava o dedo suavemente sobre cada retrato, como se acariciasse o rosto dela.
- Posso ver? - Patrick perguntou.
- Claro.
- Uau... - era a primeira vez que via a mãe do namorado - ela era linda. Acho que puxou isso dela.
- Tem certeza?
- Absoluta.
O outro deu um pequeno sorriso triste.
- Ele está certo. Realmente puxou isso dela.
A idosa saiu da cozinha, parecendo chorar também.
- Eu amava tanto sua mãe... mais do que jamais amei meu filho. Ela era a filha que nunca tive. Uma pessoa bondosa, amorosa, carinhosa, que se importava com os outros e ela me deu um presente que era a coisa mais importante da minha vida toda. Mais que ela, que meu filho, que meu marido. Ela me deu um neto incrível. E agora tenho dois netos.
- Dois...?
- Vocês dois!
Ele colocou os quadros no lugar e a abraçou, sendo logo seguido pelo ruivo.
- Nunca poderia pedir por netos melhores. Agora vou poder acompanhar várias coisas de avó... como ir no seu casamento. Uma pena que vou ter só um casamento para os dois, mas vale a pena.
- Por que um casamento só? - franziu a testa.
- Porque vão casar um com o outro.
Estavam boquiabertos. Não tinham mencionado nada a respeito da relação.
- Como... sabe?
- Desde aqueles dias no hospital, percebi que tinham sentimentos um pelo outro que iam muito além do que pensavam. Também sabia que não estavam prontos para admitir aquilo. Precisavam de um tempo para compreender a si mesmos, antes de transmitir isso para o outro.
Ambos estavam chocados. A mulher parecia um Mestre Yoda, falando sabiamente coisas que nem eles haviam percebido.
- Agora vamos almoçar que cozinhei e fazia séculos que não cozinhava. Preciso saber se não estou enferrujada.
- Nós já vamos. Pode nos dar um minuto, por favor?
- Claro, queridos.
Assim que a mulher se afastou, Patrick abraçou o mais alto, deixando que chorasse em sua camiseta. Sabia que ficaria uma bela mancha escura nos próximos minutos, porém, não poderia se importar menos.
- Está tudo bem, meu amor. Está tudo bem.
- Eu... sinto falta dela. Ela... iria adorar você.
- Sei, e sei que adoraria ela mais ainda.
- Ela era... doce, gentil, generosa, carinhosa... mas era um pouco mandona demais, às vezes. Ela ficava magoada facilmente e passava dias sem falar com meu pai. Mas, no fim, ela nos amava muito.
- O amor dela vai sempre te acompanhar.
Chorou por mais alguns minutos, segurando no mais novo como se sua vida dependesse disso.
Seu coração estava tomado por inúmeros sentimentos. Porém, em meio à tudo, sentia-se em paz. Finalmente havia encontrado a vida que sempre sonhara. Sabia que ela estava feliz por ele. Sabia que estava vendo-o de algum lugar melhor. Sabia que sempre o amaria, pois ele a amava a de volta. E nada, nada mesmo, em todo o mundo, poderia acabar com o elo mais forte que existia: o amor.»●« »●«
Assim que entrou no apartamento, Patrick sentiu Bowie correndo por entre suas pernas. Foi incapaz de parar de sorrir enquanto observava seu apartamento. Sentiria falta daquele lugar. Porém, sabia que seria melhor para ambos. Poderia investir mais em sua carreira, Pete ficaria mais próximo da cafeteria e iriam economizar bastante. As lembranças que tinha ali em mistas. Mas, por hora, gostaria de se lembrar das boas. Fora um lugar em que passou ótimos momentos. Com certeza, alguns não tão bons assim. A vida é feita da mistura de ambos.
- Como está se sentindo, Pete? - questionou, assim que adentraram no quarto.
- Melhor impossível. Passei minha adolescência inteira sonhando com ela e nunca consegui ter essa chance.
- Você costumava sonhar muito.
- É... já sonhei em ser astronauta. Mas agora percebo o quão sozinhos eles são. Não quero isso para mim. Prefiro ficar aqui, ao seu lado, com meus pés tocando o chão e minhas mãos tocando aqueles que mais amo.
- Isso foi bonito. Poderia escrever uma música com isso.
- É... falando nisso, nós pensamos em um lugar para colocar meu baixo no novo apartamento ou vou simplesmente deixá-lo onde pode encostar suas patinhas na minha preciosidade?
O mais baixo revirou os olhos, rindo enquanto o outro passava os braços ao redor de sua cintura.
- Vamos pensar nisso. Prometo não encostar minhas patinhas no seu baixo.
O moreno riu, beijando levemente o rosto pálido do namorado. Então, continuou descendo os beijos até chegar no pescoço. As costas do outro estavam pressionadas contra a parede. O clima estava cada vez mais quente até que Pete sentiu algo puxando a barra da sua calça levemente. Ignorou achando que era apenas coisa de sua cabeça, entretanto, ouviram latidos.
Bowie tentava conseguir a atenção deles e, assim que seu objetivo foi cumprido, deitou-se com a barriga para cima, pedindo carinho para os donos. Foi impossível não rir, mesmo que tivessem sido interrompidos.
Pegou o animal nos braços e levou para fora, fechando a porta.
- É assim que pessoas com crianças se sentem?
- No começo, provavelmente sim. Depois viram aqueles casais de vinte anos de casamento que quase nem se olham.
- Lembro que costumávamos fazer piadas sobre isso o tempo todo. Bem, ainda podemos ser esse tipo de casal.
- O que quer dizer com isso?
- Sabe, hoje quando minha avó falou sobre nosso casamento, me dei conta do quanto queria isso.
- Isso é... um pedido de casamento?
- Eu, uh, acho que sim. Sei que não é tão bom quanto um pedido em frente ao público inteiro de um jogo de futebol, mas espero que sirva.
- Isso é muito melhor. Tenho tudo que importa para mim. Você.
- Então, Patrick Stumph, aceita se casar comigo?
Algumas lágrimas escorriam por suas bochechas, tornando seus rostos brilhantes como se centenas de cristais tivessem sido colocar os ali. Aqueles segundos de silêncio não necessitavam palavras para serem os mais importantes de suas vidas. O sorriso que deu era tão grande que fazia seu maxilar doer. Mas não pretendia parar de sorrir de maneira alguma.
- Sim, Pete. Claro que sim.
Ele o abraçou com força. Paz. Amor. Felicidade. Eram tantos sentimentos que não eram capazes de descrever.
Por anos, haviam sonhado com aquele momento. Era como se conseguissem lembrar os momentos mais importantes que passaram juntos. O moreno se lembrava claramente da sensação quando percebeu que o amava. Tinha sido no pior dos acontecimentos, porém, não se arrependia de uma coisa sequer. O ruivo se lembrava da primeira vez que o viu, a ideia de jogador babaca de desfazendo quando começaram a conversar. Existiam tantas lembranças que passavam em suas mente a naquele momento, como um filme de romance clichê. Todas tinham algo em comum. A forma como não conseguiam se manter longe um do outro. Sendo depois do primeiro beijo ou os anos que passaram separados. Pete sempre esteve nos pensamentos de Patrick. Assim como Patrick sempre esteve nos pensamentos de Pete. Não se pode esquecer tão facilmente aquele para quem deu seu coração e tudo de si. Amavam um ao outro mais do que jamais pensaram ser possível amar alguém. Muitas vezes acabaram machucados e sozinhos por isso. Contudo, nunca mais estariam assim. Aquele era o último ato. Seu amor estava finalmente selado e nada no mundo poderia tirar isso deles.
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Astronaut ●Peterick●
Fanfiction»♡« Continuação de Everybody Wants Somebody »♡« Nem tudo termina em finais felizes. Na realidade não existem príncipes encantandos e felizes para sempre. Pete e Patrick tiveram que aprender isso da forma mais difícil. Dez anos após um trágico acont...