Love notes | wonkyun

sobre olhares intensos demais e cantadas nerds

Changkyun nunca entendia muito bem o porquê de, ao mesmo tempo, ficar altamente feliz e se sentir como um porco indo para o abate quando dava cinco e meia da tarde e ele saía para ir buscar o irmãozinho na aula de dança.

Talvez se parasse para pensar sobre com um pouquinho mais de calma e carinho, ele com certeza compreenderia tudinho nos mínimos detalhes. Não era nada muito difícil de sacar, bastava lembrar-se de certo motivo — que tinha um metro e setenta e sete, cabelos tingidos de um rosa chamativo, uma bunda linda demais para ser real, olhos intensos, mas ao mesmo tempo tão doces quando ele abria aquele sorriso meigo, um corpo incrível e um rosto tão bonito que parecia ter sido desenhado pelos deuses — e tudo ficava cristalino como água.

A verdade verdadeira mesmo era que Changkyun fazia um check in no chão toda vez que via o professor de dança de seu irmão. Trocando em miúdos, ele tinha uma queda maior que a do Muro de Berlim pelo rapaz alguns anos mais velho. E até mesmo Hyungwon, o caçula da família Im, sabia desse fato, porque o garoto não conseguia, nem se quisesse, esconder o tamanho de seu precipício por Lee Hoseok.

Obviamente, o mais velho não era poupado das zoações por parte de toda a família, já que Hyungwon, nas palavras de Changkyun, era "um bocudo que merecia umas palmadas" e não perdera um segundo sequer antes de dedurar o irmão assim que ficou ciente da paixonite aguda dele por seu professor. Contou também para seu melhor amigo, Minhyuk, que ria da cara de Changkyun toda vez que o via.

E sua mãe ainda dizia que não tinha como crianças de 14 anos serem cruéis.

Naquela segunda-feira, lá estava ele, alguns minutos atrasado para buscar o irmão, porque praticamente se arrastava pelas ruas. Não que não quisesse ver Hoseok — por deus, era a coisa que mais queria na vida —, mas o Im sentia que nunca sabia como agir perto do mais velho. Quando não gaguejava, soltava alguma piada muito tosca e ficava sem saber onde enfiar a cara que queimava de vergonha. Hoseok, educado e gentil como sempre, só ria de sua performance patética.

— Eu sou um desastre, não consigo nem ser normal perto do crush. — Resmungava para si mesmo, esfregando o rosto nas mãos. — Ele deve me achar super bizarro. — Choramingou, os barulhos desesperados que soltava só intensificando conforme a escola de dança ficava mais próxima. Então, aceitando o fato de que não havia muito para onde correr e rezando para todas as entidades possíveis, torceu para que não pagasse nenhum mico pelo menos uma vez na vida e suspirou pesadamente, apressando os passos. Cumprimentou a recepcionista da academia e subiu as escadas até a sala onde seu irmão assistia às aulas, vendo que algumas das crianças já iam embora acompanhadas de seus responsáveis. Hyungwon, entretanto, ainda não estava no lugar em que sempre se encontravam, perto da escada, esperando-o como era de praxe, o que levou Changkyun a franzir o cenho e caminhar um pouco mais corredor adentro. Quando alcançou a porta da sala, entendeu o porquê da demora.

Hyungwon e Minhyuk estavam sentados em um cantinho, parecendo realmente entretidos em alguma conversa pessoal, porque simplesmente ignoraram os chamados tanto de Hoseok, quanto de Changkyun. E o rapaz de cabelos loiros quis esganar o irmãozinho por deixá-lo sozinho, naquele silêncio constrangedor, com seu crush supremo.

Changkyun, tentando ser discreto, ergueu os olhos de seus pés para Hoseok, só para pegá-lo fitando-o intensamente de volta. Mordeu o lábio inferior, empurrando um punhado dos cabelos para trás, já que, repentinamente, ficara quente demais, e corou, precisando se esforçar desesperadamente para não soltar um suspiro todo apaixonado, porque, porra, aquele garoto era lindo demais!

As pernas bambearam sob a intensidade quase palpável do olhar que não desviara de si um segundo sequer. Era quase como se Hoseok estivesse encarando a coisa mais incrível no mundo e Changkyun sentia seu coração batendo tão forte que chegou a ter medo de o mais velho ouvi-lo.