segredos & ciúmes;

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Midoriya ainda estava tentando se recuperar psicologicamente da noite passada. Shouto havia acordado tarde, então ficou sob a responsabilidade do coelho preparar um café da manhã decente. O que foi uma péssima ideia porque as torradas quase queimaram, ele trocou açúcar por sal e deixou o café péssimo, mas o lobo simplesmente não se importou com aquele café da manhã caótico e apenas agiu como se o café realmente devesse ser salgado e o ponto certos das torradas fossem quando elas estivessem pretas.

E é claro que Midoriya ficou péssimo, pois ele não tinha muitas qualidades, então precisava de algo que fizesse Shouto se desviar do caminho heterossexual e experimentar uma nova fruta. Mas cozinhar não estava dentro dos seus dons adormecidos. E isso diminuía a lista de possíveis dons.

A viagem até o trabalho foi silenciosa, nenhum dos dois quis conversar sobre a noite passada e acabar recaindo no assunto da briga. Na verdade, desde bem cedo Midoriya estava com um mau pressentimento, mas achou que era só a sua ansiedade fazendo o seu trabalho e criando paranoias, mas era estranho como a tensão não havia se dissipado pela manhã como sempre acontecia.

— Kiri, dengo — Izuku chamou e tentou focar na realidade, no agora. — Vamos sair pra beber hoje?

— Nossa, o boy te liberou do seu cárcere privado? — o gato esboçou um sorrisinho maldoso. — Hoje vi um lobo, loirinho, uma delícia, mas acho que ele não gosta da fruta. Vi ele esperando uma gata.

— Podem ser amigos — Midoriya deu de ombros. — Só porque você é gay não quer dizer que todo mundo é gay. Talvez ele seja bi ou pan.

— Você fala isso mas reza fortemente para que o Shouto acorde um dia, se descubra gay, e resolva te comer de manhã e só terminar a noite — Kirishima riu. — Fala sério, você precisa esquecer aquele macho.

E de novo eles retornaram ao tópico: amores fracassados de Midoriya Izuku. 

— Eu não estou gostando dele, ele é só meu amigo — ele relembrou, e por mais que fosse triste, aquela era a verdade.

— Não sei como você consegue esconder sua paixonite por ele, fala sério, eu já tinha me jogado pra ele sem pensar duas vezes.

Midoriya queria poder pôr aquela ideia em prática, mas não podia fazer. Shouto era seu melhor amigo desde que tinham sete anos e era a pessoa que o sustentava. Ele não podia estragar anos de amizade só por conta de uma paixonite. Ele cultivou aquela relação com tanto cuidado e devoção, não podia deixar com que tudo se esvaísse entre seus dedos só por conta de sentimentos fúteis que não o levariam a lugar algum.

— É por isso que eu preciso beber — voltou a dizer. — Quero beber até você precisar me levar arrastado pra casa.

— Pega leve, coelhinho — Kirishima riu. — O lance do Shouto ter uma namorada no trabalho te afetou tanto que você quer beber em pleno meio da semana? Ao menos espera até a comemoração de Suncity.

— Eu quero um macho — Izuku suspirou pesado e voltou a olhar pelo salão vazio. — Eu realmente quero. Estou começando a perder a cabeça.

— Relaxa, coelhinho — o gato balançou sua cauda. — Mi casa, su casa. Você pode dormir lá em casa hoje à noite, a gente pode beber e assistir um filme. Acho que vai te ajudar.

— Eu tenho que ver com o-

— Aquele cabeçudo não é seu dono, Izuku — Eijiro chiou e revirou seus olhos. — Você não precisa pedir permissão pra fazer o que quiser, aquele rabugento não é a porra do seu dono.

— Ele costuma a fazer muita comida...

— Izuku, fala sério! Você só leva em consideração o que aquele cara faz porque tá louco de tesão nele — Eijiro revirou os olhos. — Todoroki Shouto é um hetero padrão e coelhos gays não devem gostar de lobos padrões.

blue blood; tododekuOnde histórias criam vida. Descubra agora