O Primeiro - Parte 6

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— Paula quem é esse? – Rogerio perguntou olhando feio para o rapaz. Gustavo percebeu e sentiu o sangue ferver.

— Quem é você para falar assim com a Ana? – Gustavo tentou andar na direção de Paula para protege-la daquele homem que parecia extremamente irritado. Rogério, porém, avançou com a cadeira de rodas e impediu-o. Essa atitude reforçou o que Gustavo sentia em relação ao cadeirante.

Rogério empurrou Gustavo, mas ele se defendeu fazendo o mesmo. Antes que o pior acontecesse, Paula interviu falando alto.

— Por favor, parem os dois!. – Ela se colocou entre eles. – Gustavo, espere lá fora. Eu preciso falar com Rogério.

Ana Paula sabia que não podia menosprezar a presença do esposo em favor de Gustavo. Tinha consciência disso.

— Não vou esperar coisa alguma, Ana! Quem esse aí pensa que é? – Rogério girou a cadeira de rodas na direção de Gustavo. Paula novamente serviu de muro entre eles.

— Gustavo, faça o que te pedi. Está tudo bem. Pode ir. – Rogério percebeu que Paula não queria que Gustavo soubesse que estava casada. Sentiu isso nas entranhas da alma e o ciúme tomou conta dele.

— Sou o marido de Paula! – Ele apontou para o anel no próprio dedo. Pegou na mão dela e beijou bruscamente. – E tenho todo o direito de falar com ela a hora que eu quiser!

Gustavo arregalou os olhos e perdeu a voz. Marido? Ela estava casada? A enfermeira sentiu que o teto desabou sobre a cabeça dela. Não havia explicado sua situação para Gustavo e nem teve tempo de dizer a Rogério que o ex namorado não havia morrido.

— Como que você está casada? Que história é essa, Ana?

— Gustavo, por favor. Eu preciso falar com Rogério, primeiro.

— Não. Vamos falar todos aqui de uma vez. – Rogério falou alto, ainda não tinha relacionado o nome do rapaz com a história dos documentos. Só queria aquele homem longe daquele quarto. – Paula é minha esposa e você não deveria entrar dessa maneira no quarto dela. E você Paula, por que o deixou entrar assim? É intima dele por acaso?

— Fui namorado dela e continuaria sendo se não tivessem tentado me matar. – Rogério ficou surpreso. Então, esse era o fulano que ela acusou-o de ter mandado matar. O fazendeiro mirou a esposa em silêncio ela estava nervosa e com olhos marejados. Não precisou dizer nada, eles se entenderam no olhar.

— Ele está vivo, Paula! – A enfermeira sentiu no peito essa afirmação vibrante do esposo. Rogério apertou os olhos cujas veias pareciam pular. – Eu te pergunto rapaz, você já me viu em algum lugar, reconhece o nome Rogério Monteiro?

— Não, eu nunca vi o senhor em minha vida. – Rogério olhou para Paula erguendo as mãos. Ela se sentou na cama abaixando a cabeça sem chão. O que poderia fazer agora que a bomba explodiu nas mãos dela?

— Eu não estou entendendo nada. O que está acontecendo aqui, Ana? – Ele tentou tocar nela porque notou que a enfermeira não estava bem. Rogério, porém, agigantou-se diante dela usando o braço para impedir o rapaz. Gustavo não gostou e tentou tirar Rogério dali.

— PAREM OS DOIS! – Ela gritou empurrando o engenheiro. – Gustavo sai do meu quarto, agora! Por favor!

— Mas Ana... – Ele insistiu e Paula teve de ser mais enfática.

— Por favor, saia!

Ele não gostou, mas sentiu que não tinha poder ali dentro. Sentiu-se derrotado, terrivelmente derrotado. Fechou a cara e saiu batendo a porta. Paula trancou na chave para garantir que nem Marquinhos os interrompesse. Tinha que acalmar Rogério, ou as coisas ficariam piores.

Um Milagre - A Que Não Podia AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora