P.O.V Calum
Cada vez que venho a este sítio, lembro-me mais dele, mais daquela pessoa que me deixou... do nada... sem me dar se quer uma explicação. Para o que ele fez há várias explicações que podem ser dadas... Talvez tenha sido o medo de um dia todos descobrirem a nossa relação, ou então quem sabe tenha sido porque disseram que me fariam mal como nas histórias em que tudo fica bem... Quem sabe, mas eu? E eu? Eu não sei. Cada vez que penso nos momentos em que tavamos juntos, nas brincadeiras, quando ele me punha a mesa e sem querer fartava-se de partir as coisas que supostamente decorariam a nossa mesa. Nada do que passei com ele pode ser esquecido, mas, agora? Agora eu quero esquecer tudo o que eu e o Luke passámos. Os momentos que aqui tivemos neste parque no qual nos conhecemos quando ambos sofriamos de bullyng na escola por sermos diferentes. Eu pensava que ele me entendia, pensava que tavamos juntos, pensava que um dia nos poderiamos assumir como o que somos e finalmente sermos felizes, mas não, não vale a pena pensar, pois ele foi e não volta, o Luke não volta, por mais que eu queira que ele volte, não há volta a dar. Durante toda a mentira que vivi com o Luke os bons momentos matém-se e os maus? Os maus esses fazem-me chorar, pensar que poderia ter estado abraçado ao seu corpo, a cheirar aquele seu perfume que eu tanto gostava e não, discutia pensando que nada daquilo iria acabar, sabem o que é o pior? ACABOU. Mesmo que ele agora voltasse, mesmo que ele agora me dissesse que quer assumir uma relação comigo, eu não sei o que aconteceria ao meu coração porque ele faz sempre tantas promessas, e sabem o que trazem essas suas promessas? Sofrimento, sofrimento e mais sofrimento. Com tudo o que eu estou a pensar descobri que o Luke não me amava, ou talvez amasse mas não ao ponto de querer estar comigo no bem e no mal como os casais normais, ele preferiu ir embora, preferiu seguir com a sua vida e dizer adeus ao Calum, ao unico homem que teve sempre com ele, sem o abandonar, sem lhe dizer que poderia ser julgado pelo mundo, que o protegia... Sei que o mundo é demasiado pequeno para que um dia eu e ele não nos encontremos mas sinceramente eu não quero que seja agora... O meu coração ainda está partido como se não tivesse mais cola que o pudesse colar por causa dos seus mil pedacinhos minusculos que foram quebrados. O nome Luke não sai da minha cabeça, é como que se ele estivesse na minha mente e chama-se por mim, como se... como se nada o Luke não está mais, o Luke foi, partiu, para nunca mais voltar e cantarmos juntos no carro.
É difícil olhar para o banco que se encontra a meu lado e ver que não está mais preenchido pelo Luke com os seus olhos azuis que brilham para mim e com o seu sorriso branco esboceado no seu rosto e principalmente com os seus lábios que por poucas vezes diziam a tão simples e bonita palavra "Amo-te". Sim, ele dizia-a poucas vezes mas as vezes que ele a dizia eram momentos tão perfeitos como a flor branca e simples que se encontra por baixo do suposto banco do Luke. Flor a qual ele muitas vezes tentou arrancar para me oferecer em sinal do seu amor, mas nunca, nunca conseguiu e agora? Agora entendo o porquê de não conseguir tal coisa... a flor queria ficar ali... para sempre, para que nestes momentos eu me lembrasse dele, para que nestes momentos eu me pudesse revoltar cada vez mais contra mim próprio e preguntar se eu fiz algo de errado com ele, se eu disse o que não devia, se eu forcei algo que não deveria ter sido forçado, se eu... se eu... sim, porque para mim a culpa da sua partida não passa de minha.
Quando acabo os meus pensamentos um menino aproxima-se de mim e a minha primeira visão foram os olhos dele, azuis como os do Luke, olhos os quais me fizeram acreditar por breves momentos que poderia ser o Luke que tinha voltado para me proteger, para me tirar desta dor tão profunda, mas não, não passava de um menino de 5 anos.
"Podes brincar comigo? Não tenho ninguém, o meu irmão mais velho não quer que eu brinque com ele e a unica coisa que eu reparo neste parque é a tua tristeza e a tristeza do teu olhar e eu quero que brinques comigo" - disse-me ele tentando sorrir.
"Sim, claro"
Assim que me levantei é como que se um vento profundo trouxesse de novo o prefume do Luke para as minhas narinas que tão bem sabiam distinguir o mesmo, mas quando aquele vento foi embora ainda mais me lembrou o Luke, o vento também foi embora, simplesmente acabou por também partir.