A Coca-cola descia refrescante goela à baixo e uma sensação de brisa marítima renascia dentro dos seus corpos.
- Aqui está bem mais ameno do que lá dentro – Pedro.
- Parece que não corre ventilação natural aqui né – Oliver.
- Isso é um cine-sauna, um complexo de diversão – Pedro, rindo.
- Hahahaha, você não existe cara, cine-sauna – Oliver.
Terminaram seus refrigerantes e seguiram para o corredor escuro, uma sensação de suspense apetecia seus corpos. Pedro, sempre bravo e valente, liderava nossa Odisseia. Meu Alexandre, o Grande. Ao chegar ao fim do corredor Pedro avista um rapaz alvo e esguio. Sua camiseta regata preta e sua bermuda jeans deixavam grande parte de seu corpo à amostra. Magrelo. Sem pêlos. Seus olhos verdes faiscavam linhas vermelhas ao redor da pupila parecendo um vampiro saindo do seriado True Blood. Mister Green. Seus olhares se cruzaram e se firmaram por alguns segundos. A ampulheta dos desejos recontidos começou a contar rapidamente. Entraram em uma pequena saleta iluminada por uma luz vermelha ofuscante, seu chão batido remetia aos calçadões antigos da cidade e havia apenas uma cadeira de couro preta já muito desgastada dentro do lugar.
Mister Green chegou logo depois. Cumprimentamos-nos rapidamente. Pedro já demonstrava toda a sua vontade em forma e em envergadura. Pedro passava a mão por sobre a calça e, assim, sinalizava para Mister Green se juntar a nós. Mister Green prostrou-se ao Santuário de São Pedro-de-23cm-de-pura-felicidade. Rapaz devoto e penitente. Rezava seu terço fervorosamente. Pedro falava em línguas, palavras sem nexo. Mister Green mergulhava em altas profundezas e retornava a superfície em poucos segundos.
São Pedro enlevava-se aos céus mais azuis em dias de domingo. Oliver assistia o ato sacro e seus níveis de testosterona subiam, fluindo por todos os seus poros, músculos e carne. Mister Green apalpou a virilha de Oliver, sentindo em sua mão a espada de Escalibur. Oliver puxou Mister Green para junto de ti. Mister Green encobria a virilha de Oliver de beijos, sua saliva ácida deixava sua trajetória ziguezagueada por sobre a bermuda de Oliver. Mister Green mostrou-se habilidoso, abriu com os dentes o zíper e o botão da bermuda de Oliver. A Escalibur foi retirada da pedra, reluzindo na saleta. Mister Green sibilava ferozmente enquanto admirava sua conquista, Escalibur.
Pedro não perdeu tempo e logo estava adentrando os recôncavos de Mister Green. Meu Desbravador, meu bandeirante. Mister Green estremecia todos os músculos enquanto Dom-Fernão-Pedro-de-Alvarenga se deleita com sua descoberta. Carne, testosterona, serotonina. Mister Green demonstrava um fôlego incrível que extasiava Oliver. Profundo, profundo, profundo. Dom-Fernão-Pedro-de-Alvarenga dominava seu alazão-puro-sangue. Galopes, força, galopes, furor, galopes, intensidade, galopes, energia, galopes, abundância. Mister Green, São Pedro e Dom Oliver formaram um triangulo equilátero, ângulos iguais, lados opostos e mesma base.
São Pedro segurava firme nas carnes de Mister Green, deixando marcar avermelhadas na pele alva e quase pura. Dom Oliver estava em outra atmosfera, seu bravo soldado Mister Green empunha sua Escalibur com maestria, talento nato. São Pedro fremia tão alto que fazia eco naquela pequena caverna. Bravo. Dom Oliver e São Pedro beijavam-se como amantes na despedida, todo sabor de saudade misturado à paixão camoniana. Ritmados, à vante. Ritmados, terra vista. Ritmados, a luz. A tríade estremeceu em uma escala Richter 7.0, ecoando milhas e milhas ao sul, corpos desolados ao solo. Mister Green estava todo coberto do puro sêmen de Dom Oliver e São Pedro, jatos encorpados revelavam o ato final da Odisseia.
Dom Oliver e São Pedro revestiram de luz e saíram da caverna. Caminhando em passos largos e destemidos. Em poucos segundos estavam de volta a ladeira São João. A lua iluminava seus passos. Os dois olharam ao mesmo tempo para trás e sorriram juntos. Nostalgia, apenas isso. Nostalgia.
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As desventuras de Oliver (romance gay)
Historia CortaAs desaventuras de Oliver contas em todos os tons do desejo.