Manual do Usuário Para Colegas de Quarto

Manuais não existem apenas para desperdiçar eucalipto.

Constrangedor. É a única coisa que consigo sentir no momento: constrangimento.

Certo. Estou blefando na verdade, foi simplesmente impagável a expressão do meu querido síndico insuportável — o qual tem um nome que nem é muito considerável — ao ver as diversas caixas de cores exuberantes com os remetentes mais aleatórios e intencionados deste planeta. Tudo muito bem escolhido com a minha total falta de experiência. Era necessário usar o meu primeiro salário como alguém auto independente em alguma coisa que apenas eu iria aproveitar. E nada mais justo do que comprar vários brinquedinhos para meu corpinho ficar em êxtase total. Uma vitória para um Jeongguk com muitas dívidas para pagar entre seus muitos sonhos para realizar.

Então, não, não estou constrangido. Pelo contrário, é uma vitória única minha a qual Park Jimin está terminantemente proibido de se deleitar com o meu próprio deleite que ainda é um tanto quanto desconhecido, mas, sei que é muito bom. São um total de nove embrulhos com as mais diversas cores e remetentes bastante específicos. Repleto de exigências em itens nada caros, paguei tudo a preço de banana! Na verdade, até comprei uma banana! Ela é fluorescente no escuro, o que deve ser muito útil para pessoas que não sabem ao certo onde colocá-la. Praticidade! Amo uma publicidade. Poderia facilmente ser contratado para propagandas nesse tipo de telemarketing, ninguém sairia decepcionado com o tanto de elogios que posso fazer sobre esses produtos tão eufóricos.

Até pensei em um lugar legal para deixá-los depois de abrir. O meu apartamento é o 304 em um lote antigo que era do Hoseok e do Jimin antes de enriquecerem e acabarem mudando para o centro da cidade — mas não pensem que isso me deixou livre de suas preocupações com a minha péssima alimentação movida a macarrão instantâneo de microondas e minhas paranoias de universitário cansado, pelo contrário. Como o meu bendito colega de quarto é Kim Taehyung, a minha situação de garoto livre de amigos insuportáveis não funciona muito bem; pois, vamos combinar: ele nasceu no penúltimo dia do ano de 1995 apenas para ser melhor amigo de Park Jimin e ajudar aquele pequinês metido a Tinker Bell a deixar tudo na minha vida um caos.

Pelo menos Hoseok o mantém ocupado na maior parte do tempo, o que me livra da fadiga.

Consegui um altar para todas essas belezinhas. Depois de protelar sobre colocar no rack de mogno que a mãe do Taehyung comprou 'pra gente o ano passado, ou, na possibilidade de colocar dentro dos armários da cozinha, mas, do jeito que o Kim é desastrado, é perigoso usar um dos meus preciosos como escumadeira para fazer comida, e não sei se isso é muito higiênico, o que sobrou apenas o banheiro. O problema é que tem tantos cremes e tipos específicos de sabonete lá dentro que tudo iria se perder e quebrar. Então, óbvio! Restou o ateliê do hyung, onde tem espaço para absolutamente tudo, até mesmo servindo como inspiração para as obras dele.

Antigamente o Hoseok e o Jimin eram colegas de faculdade que rachavam gastos. Jimin namorava alguém cujo não recordo do nome e Hoseok estava muito ocupado em começar sua academia de dança para crianças e adolescentes. Então, onde encontra-se o ateliê do Tae era o quarto do Park e onde fica o nosso quarto era o quarto do Jung. E de qualquer maneira, eles mais transavam no sofá da sala do que qualquer outra coisa (depois de todo o clichê de amigos para amantes). Às vezes fico preocupado de pisar na porra de um dos dois impregnada na parede! Mas, ainda agradeço — mesmo que sem agradecer — esse pequeno espaço (que agora será o ventre dos meus brinquedinhos) que divido com o Kim. Moramos juntos já tem uns par de meses, ainda 'tô na faculdade e ele está tentando se situar na vida, ambos completamente perdidos e muito felizes. E que se foda o capitalismo.

E talvez, só pelo fato do Kim adorar contato físico nas noites, consegui preparar uma estante específica ao lado dos seus potes de tinta para que nenhum deles estrague ou seja tocado por quem não é digno.