II.I.II

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Logo aquele salão estava cheio de nobres e suas famílias e logo o jovem duque pareceu esquecer a conversa que estava tendo com seu mordomo e só se escondeu atrás do mesmo tentando ficar invisível, odiava multidões e a atenção sempre acaba voltada para ele graças ao seu título e nessas horas o jovem duque desejava tanto ser invisível que fazia Devon se sentir um pouco culpado em não poder torná-lo transparente, seu jovem mestre só ficava confortável em ter platéia quando cantava, só. Devon até tentou, mas esconder um floquinho de neve no meio de tantas coisas coloridas é no mínimo complicado e acabou que a atenção foi quase toda direcionada aos dois no final das contas, mas entre os nobres e suas famílias havia um em especial em qual o jovem duque realmente tinha algum interesse, o jovem duque sorriu tímido ao ver Ciel Phantomhive se aproximar de sí, não admitiria que havia ficado feliz, não mesmo.

- Você… É o herdeiro da casa Everfree não é? - Ciel tentou puxar conversa, só para ver o jovem duque se encolher mais atrás de seu mordomo. - Haja paciência… Lembra? Da última vez que conversamos não chegamos a dizer muita coisa…

- Peço desculpas pelo meu jovem mestre, conde Phantomhive, ele fica desconfortável com tantas pessoas o observando se não houver nenhuma distração - Devon sorriu, logo tendo uma idéia - Desculpe a pergunta, mas por algum acaso, Sebastian está aqui com você conde Phantomhive?

- É claro que está, em algum lugar do salão.

- … Devon… - O jovem duque chamou, puxando de leve a manga de seu mordomo, que se aproximou para que seu jovem mestre pudesse sussurrar em seu ouvido - … Podemos sair?… Menos gente…

- É claro bocchan… - Devon voltou sua atenção outra vez para Ciel - Desculpe conde Phantomhive, mas meu jovem mestre precisa se acalmar, estaremos no jardim caso queira tentar conversar, sabe, o jovem mestre está sempre repetindo que adoraria lhe conhecer.

Devon sorriu para o pequeno conde e se apressou a tirar seu jovem mestre daquele ambiente estressante, não faria nenhum bem continuar ali de uma forma ou outra. O jovem duque seguiu seu mordomo-demônio até a parte mais isolada do jardim aonde havia um campo aberto com algumas belas flores selvagens violetas tão escuras que se passavam por pretas com certo efeito iridescente, se afastar da multidão foi o sulficiente para animar outra vez o jovem duque, que deitou na grama para observar as estrelas que começavam a brilhar, ficou assim por uns minutos, até Devon cuidadosamente colocar uma coroa de flores negras em seu jovem mestre, sorrindo doce quando o pequeno levantou para não deixar o "presente" cair.

- Eu nem vou perguntar. - Sebastian chamou a atenção dos dois, segurando uma risada contida, não via aquele pirralho a séculos e ele não mudara nadinha, ainda o odiava, mas até que sentia falta dele. - Olá, jovem duque Everfree, desculpe, mas será que eu poderia aproveitar e roubar seu "amigo" por alguns minutinhos?

- Eu não quero nada com um corvo. - Devon respondeu e se levantou, ficando em posição para proteger seu jovem mestre se nessessário. - Fique longe dele Sebastian, se você tem qualquer amor a sua existência.

- Isso lá é jeito de falar com seu irmão mais velho? Essa não é a educação que eu te dei não. - Sebastian sorriu divertido, agora lembrava por quê não gostava desse pirralho. - De qualquer forma, meu jovem mestre disse que estaria me procurando?

- Perguntei ao conde Phantomhive se estaria aqui, fora isso, não acha que está muito confiante deixando seu jovem mestre sozinho no salão quando o duque Trancy está por aqui e aparentemente também trouxe certo velho amigo seu?

- Lorde Trancy está por aqui? - Sebastian parecia realmente confuso, achou que a presença demoníaca que sentia antes fosse a de seu irmãozinho e agora estava realmente preocupado. - Com licença, preciso ter certesa que meu jovem mestre está bem.

- Certo, já vamos voltar para o salão de qualquer forma.

Devon seguiu com os olhos até que Sebastian estivesse a uma distância segura antes de voltar a prestar atenção em seu jovem mestre que parecia estar fazendo algo com as flores, logo o jovem duque terminou o que estava fazendo e prendeu uma pulseira de flores ao pulso de Devon, agora pareciam mesmo um par, estavam combinando e aquilo fez o jovem duque sorrir, gostava da idéia de ter Devon como seu par. Os dois voltaram ao salão de mãos dadas e em uma conversa agradável sobre pássaros, isso já foi o sulficiente para que o jovem duque nem reparasse que aqueles nobres ainda o observavam, mesmo que agora estivessem o fazendo mais discretamente. A maioria dos convidados já havia chegado à essa altura e pares já se formavam para dançar, então Devon convidou seu jovem mestre para uma dança e o jovem duque aceitou quase imediatamente com um sorriso doce, sabia que aquilo iria deixar a maioria das pessoas ali encomodadas mas nem ligava para isso, a festa não era sua, as atenções deveriam estar em sua prima que estava fazendo par com o noivo no momento, aquelas pessoas não deveriam se importar.

- Bocchan, está preocupado? - Devon passou seus dedos pela bochecha de seu mestre em um carinho leve enquanto o guiava até a pista de dança - Não fique, está tudo--

- Você é irmão do mordomo dos Phantomhive? - Os olhos do jovem duque brilharam na luz, o tom já vermelho dos olhos dele se iluminando - Por quê não me disse nada antes?

- É complicado bocchan… Eu preferiria não encontrá-lo nunca mais na verdade, mas você quer fazer amisade com o conde Phantomhive…

- Não gosta do seu irmão mais velho? Por quê?

- Por quê ele é um demônio de verdade…

- Ué, e você não é um demônio de verdade também?

- Não, eu tenho princípios jovem mestre, ele é um carniceiro, são coisas diferentes…

Isso foi explicação sulficiente para fazer o jovem duque deixar a pergunta para lá e só aproveitar a música enquanto Devon delicadamente o guiava durante a dança, família sempre foi algo complicado para os dois e conversar sobre família era pior ainda, mas mesmo assim Devon manteve um sorriso doce e isso acabou deixando seu jovem mestre confortável o sulficiente para se aninhar no peito de seu mordomo-demônio e ouvir os batimentos que não podia sentir, se sentia protegido em estar nos braços de Devon à ponto de se permitir ficar sonolento em frente a uma platéia, o que nunca acontecia de verdade, mas ali estava…
Devon suspirou com um sorriso, para o inferno com as regras, Sebastian ou qualquer outro demônio, amava aquele pequeno duque em seus braços, sem dúvida.

O pecado dos anjos - Uma nova história de KuroshitsujiOnde histórias criam vida. Descubra agora