Capítulo único

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A simples caminhada pela rua o encheu de lembranças alegres que, na verdade, faziam seu coração doer. Era como associar sem querer sua música preferida a alguém e nunca mais poder desvincular uma coisa da outra. Aquela rua estava impregnada com Kirishima a cada metro quadrado. O sorriso dele, as lembranças embaçadas de embriaguez, o tesão que tomava seu corpo. Seu corpo, sua mente lembrava perfeitamente bem que caminhar por ali com Kirishima sempre acabaria em sexo. No carro, no banheiro apertado, na esquina escura, na cama suja de um motel qualquer, no quarto vermelho com a cama de solteiro apertada de Kirishima, no quarto espaçoso e claro de Bakugou pressionado contra o vidro enorme da porta da sacada. Era sempre sexo depois daquela rua, não importava onde, não importava como.

Mas Kirishima não estava do seu lado agora, então ele podia apenas se embebedar com as lembranças. Claro que era sua culpa ele não estar do seu lado. Bem, culpa dos dois, né? Um relacionamento desgastado e cansado, depois de ter a confiança de ambos os lados abalada, não havia muito pelo que lutar. As lembranças eram boas, gostava de lembrar de Kirishima como alguém incrível que mudou sua vida para melhor e depois seguiram caminhos separados. Não era saudável se apegar ao Kirishima magoado que lhe despejava palavras duras e insensíveis do final. Até porque ele merecia algumas delas.

Ele adentrou o local pequeno. Um simples bar LGBT, escuro e meio sujo, que ele conheceu ainda na adolescência. Era seu lugar preferido em todo o mundo e quando começou a namorar o ruivo se tornou o lugar deles. Cada mesa, cadeira, e bebida tinha a marca e a lembrança de Eijirou, mas Bakugou não deixaria de visitar o lugar só para evitar lembrar de seu ex-namorado. E foi justamente por já estar com a mente cheia de lembranças e pensamentos sobre ele que pensou que o homem ruivo virando um copo de bebida no balcão fosse algum tipo de alucinação, lembrança ou confusão.

Teve que encará-lo por alguns minutos para ter certeza. De fato, era Eijirou o rapaz de calça vermelha que bebia calmamente, trocando algumas palavras com o barman. Sem pensar muito ele se aproximou.

— Com saudades de mim? — Katsuki perguntou, com um tom presunçoso.

Eijiro se virou para o lado, encontrando o ex - namorado que não via há dois anos. Mas que diabos?

— Katsuki? Você tá aqui? Quando você voltou?

— A pergunta é: você tá aqui? Pensei que o Deku ia te levar para novos lugares agora que vocês namoram.

Claro que Katsuki tinha que cutucar a ferida. Seu "melhor amigo" autoproclamado começar a namorar o seu ex pouco depois que ele viajou para a Inglaterra não era uma besteira para ele deixar passar sem sequer mencionar.

— Antes da gente começar essa besteira de ex-namorados, você pode me dizer quando voltou, Katsuki?

— Semana passada. Estou morando no centro da cidade agora.

— Por que não me avisou? — Eijiro perguntou, parecendo um pouco indignado.

— E eu tenho que te avisar? Preciso mencionar que terminamos, paramos de conversar e você começou a namorar meu melhor amigo?

— Mas você não tinha que me cortar de vez da sua vida. Eu disse que a gente podia ser amigo. Eu sei que não foi o termino mais tranquilo de todos, mas foi amigável, só decidimos seguir caminhos diferentes. Eu queria ser seu amigo, você que me afastou.

— Então você começou a namorar com meu amigo por raiva?

— Não, eu gostava do Izuku, comecei a gostar dele bem depois que você foi embora.

— Claro que sim. Tão belo o pobre Izuku com suas sardas e o cabelo verde estiloso, não é? Eu sabia que ele gostava de você mesmo quando a gente namorava, era ridículo. E eu disse, eu mencionei isso diversas vezes. Mas nãaaao, o Katsuki só é muito ciumento. Ora pois veja aí, vocês dois namorando, né mesmo.

F... U Betta (OneShot)Where stories live. Discover now