CAPÍTULO 1 - Súlfurico (III)

32 2 0
                                    

Antonie não podia negar que Jake também tinha lhe impressionado, mas não o suficiente para melhorar a impressão que teve ao segurar sua mão.

Muito pelo contrário, era algo negativo que lhe impressionava de um jeito fascinante, mas lhe lembrava que tinha de ficar longe daquele rapaz, pois estava segura de que ele não era um bom plano.

A festa ainda estava calma. Olhou no relógio na parede e notou que o pessoal começaria a ir embora em menos de uma hora. Ela andava pelos corredores, tentando capturar qualquer atitude suspeita e sorria para as pessoas.

Por volta das dez e quinze as pessoas começaram a se despedir, deixando o local.

Antonie seguiu até o hall principal e antes que pudesse chegar, John parecia transtornado. Ela se aproximou, preocupada.

— John? Está tudo bem? – Ela perguntou no pé da escada. — Senhor presidente, aconteceu alguma coisa?

— Antonie, eu estava te procurando. – Disse respirando fundo de olhos fechados, lhe segurando pelo ombro. John enfiou a mão no bolso tirando algo no qual não pode ver. — Antonie, você tem de ficar com isso. Por mim, por você e principalmente pelo teu pai. – As palavras correram as veias de Antonie fazendo com que suas pernas bambeassem. John lhe segurou as mãos com desespero, fazendo com que Antonie segurasse aquilo com força.

— Senhor Presidente! — Ela tentou articular, sem saber muito que fazer. O que diabos estava acontecendo?

— Antonie – Disse ele pausadamente, lhe olhando nos olhos. —, agora eu sou simplesmente John, e confio em você para resolver tudo isso, com você sempre fez. — Antonie franziu a testa confusa, mas ele simplesmente alisou os cabelos da mulher e depositou um beijo apertado em sua testa, antes de sair apressado escada acima

Antonie respirou fundo, sem saber o porquê do lapso de desespero. Quando olhou para as mãos notou um pen drive preto com um pingente em forma de águia em sua ponta, como uma espécie de chaveiro. Fechou a mão sustentando com força o que quer que aquilo fosse antes de se virar e voltar a dar atenção à festa atrás de si.

Não demorou muito para que o lugar se esvaziasse, e ela se encarregou de ver se todos já haviam saído do salão antes de fechar suas enormes portas.

— Antonie. – Chamaram fazendo com que ela se virasse. Connor segurava o celular na mão, fingindo tirar uma foto. Ele riu, guardando o aparelho no bolso quando ela fez um gesto indecente com o dedo. — Desculpe, é que quando der meia noite, a cinderela volta a ser a simples empregada, eu não quero perder esse momento. Vai ser mais fácil do que usar o truque do sapatinho de cristal.

— Connor, esse amor reprimido parece estar lhe sufocando, já passou da hora de abrir o jogo. — Disse assim que fechou a última porta. Connor riu.

— Prometo trabalhar nisso dá próxima vez. - Tonie assentiu, sorrindo ao revirar os olhos. — Você viu John? Ele sumiu há um tempo e também não sei Gabe está. – Gabe Kennedy era o chefe de segurança nacional, designado exclusivamente para estar 24h no encalço de Simmons.

— A última vez que o vi, ele estava subindo as escadas. — Seus olhos se voltaram para a escadaria branca e ela se remexeu. — Vou dar uma olhada. — Disse sorrindo, antes de se afastar e subir as escadas.

O salto bateu sobre o piso de madeira, fazendo com que o barulho ecoasse por todo o corredor. Estava tudo vazio e as luzes estavam para ser apagadas a qualquer momento. Antonie suspirou ainda com o pen drive em mãos e seguiu até a sala presidencial. Bateu duas vezes na enorme porta branca, esperando por uma resposta que não veio.

— Senhor Presidente? – Chamou. — É Antonie Macoy. — Bateu mais uma vez e a porta se afastou. Um cheiro horrível de coisa queimada infiltrou suas narinas, fazendo tapá-la com a mão. Empurrou mais uma vez a porta para pode entrar e logo pode saber o porquê do cheiro. — Ai meu Deus. — As palavras saíram de sua boca sem ao menos ouvir exatamente o que estava dizendo.

O chão estava encharcado de algo tão corrosivo que seus sapatos escorregaram, a sola começou a derreter fazendo com que desse um passo para trás mesmo sem saber como suas pernas se mexiam depois da imagem à sua frente.

Na armadura de prata no canto da sala, sobre a espada um corpo jazia inerte. A fincada da espada sobre o coração seria o suficiente para que ele nunca mais soltasse um suspiro, mas como garantia, seu rosto era apenas ossos. A pele escorria pingando no chão, totalmente derretida, mostrando sua caveira facial e o pingente de águia suspenso sobre o pescoço era a única coisa denunciava ser o Presidente do seu país. Atrás da bancada havia outro corpo, caído e só se podia ver os seus pés.

Tentando assimilar o que tinha acontecido com quem ela era, correu as mãos pelo vestido até encontrar um walk-talk, levando-o até a boca para chamar por socorro. Todos os seus músculos tremiam, seu coração palpitava com tanta força que ela quase aguardava pelo infarto que a fizesse cair dura. Seus olhos se enchiam de lágrimas, e ficavam embaçado conforme tentava respirar, mesmo sem muito sucesso.

— Aqui é Antonie Macoy, todas as equipes de segurança venham agora para a sala presidencial... – Mal pode terminar de falar, quando houve uma batida forte em sua nuca, fazendo com que seus joelhos já fracos falhassem. Suas mãos espalmaram o carpete da sala e ela grunhiu quando viu que seus dedos começaram a queimar. Queria gritar, mas sentiu uma mão sobre seus lábios e um forte cheiro que entorpecia sua mente. Ela se debateu, mas seus músculos começaram a ficar calmos e desobedientes e nem mesmo a ardência em seus dedos parecia incomodar.

Segundos depois, sua mente tinha apagado.

Fogo Cruzado (Desgutação | Completo na Amazon)Where stories live. Discover now