AU 5 III

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Gizelly's POV

Acordei com o pensamento de que hoje eu não me deixaria ficar presa naquele quarto, antes de esperar alguém fazer algo por mim, eu mesma tenho que começar me reerguendo.

Hoje me arrisquei a dar sorrisos, almocei com Marcela e Thelminha e estava me preparando para lavar roupa até que Marcela começou a falar sobre algumas pessoas importantes em sua vida do lado de fora da casa.

- Então você tem mais Gizelly na sua vida? – Thelminha perguntou e agora eu comecei a encarar Marcela.

- A minha produtora... Eu fiquei com dó dela, Gi perdão.

- Gizelly? Produtora e a outra? – falei tentando não transparecer ciúme.

- Tatuadora.

- E eu? São três Gizellys? – perguntei espantada.

- Viu? Quantas Gizellys em mi vida? – ela sorria escancarada enquanto eu desviava o olhar me remoendo de ciúme.

É, eu admiti, dane-se.

- A Gi tatuadora, ela é super legal, cabelo raspado, bem rock – ela colocou a língua pra fora – E tem a Gi produtora, que é super fofa.

- E eu sou o que? – me virei esperançosa.

- Louca né.

Revirei os olhos, todas as outras ganharam qualidades fofas e bonitas enquanto eu fui chamada daquilo que mais odeio e que no final deve ser mesmo já que todo mundo faz questão de repetir várias e várias vezes.

Saí do local para ir até o tanquinho lavar minhas roupas, um pouco de tempo sozinha ou pelo menos era o que eu achava, logo após alguns minutos, Marcela surge com aquele telefone que já começava a me tirar dos nervos para fazer uma selfie no espelho na qual ela colocou um emoji de "crush", porra, ela ainda provoca. Sorri pra foto porque eu ainda gostava de tirar fotos com ela.

Rafa apareceu pouco tempo depois e tirou uma foto minha e de Marcela lavando roupa, mas eu continuava irritada. Agora no tanquinho havia apenas eu, Marcela e Thelminha, quando Ma começou.

- To com saudades de beijar na boca – começou.

Eu queria rir, mas lembrei de que estava irritada e pensei duas vezes, decidindo por fim continuar a lavar minhas calcinhas.

- Sério? – Thelminha perguntou e Ma fez um som nasal de afirmação – Eu to com saudade da família só.

- Ah Thelminha, é porque tipo eu até consigo não transar, sabe? Mas beijar na boca é algo que eu não consigo ficar por muito tempo.

Ok, já chega desse papo, hora de estender roupa. Subi as escadas em direção ao varal da casa, lugar este que não tem câmeras, porém só podemos subir aqui um de cada vez. O que me espanta ao ver Marcela no pé da escada.

- Você não pode subir aqui, se não nós duas tomaremos punição – falei tentando estender as roupas o mais rápido o possível para que eu pudesse escapar daquele cômodo cheio de tensão.

- Você ta irritada com algo que eu fiz? – ela perguntou, só pode ta se fazendo de sonsa.

- Você não foi deitar comigo ontem à noite – decidi ser direta afinal ela não sossegaria até eu dizer qual o motivo da minha irritação.

- Desculpa por isso, mas o papo tava tão bom...

- Tava com medo de dormir de conchinha? Era só ter dormido como sempre dorme – falei sem olha-la.

- Eu... – a interrompi.

- Tem também aquela história de que eu sou a louca da sua vida.

- Mas eu amo você sendo você. Desse jeitinho que só você tem, Gi – ela havia subido ao mezanino, mas eu não tinha percebido até virar e dar de cara com ela.

- Você não tenta me amolecer não, Marcela – minha fala tinha começado firme, mas tinha acabado indo pelo caminho da moleza.

- Prometo que hoje eu durmo de conchinha com você e não vou ter medo – ela se aproximou.

Eu não conseguia pensar em muita coisa além do que estava acontecendo naquele momento.

- Você não consegue ficar sem beijar ninguém, então vai beijar qualquer pessoa aqui dentro? – me segurava para não gaguejar.

- Não, Gi, só tem uma pessoa nessa casa que eu quero beijar - ela encarava minha boca sem discrição.

- Você quer me beijar? – perguntei a olhando de maneira boba enquanto ela se aproximava.

Sem falar mais nada, senti as mãos de Marcela no meu corpo, uma mão na cintura e outra no pescoço guiando meu rosto ao seu.

Seu beijo era molhado na medida certa, não tinha pressa e nossos corpos pareciam dançar um com o outro. Nos explorávamos com delicadeza, mas quando a senti pressionar seu centro no meu, o beijo se intensificou naturalmente. A urgência se fez presente e eu me perguntei por que passei tanto tempo me segurando para que aquilo não acontecesse tão rápido.

O nosso transe parecia perfeito até que fomos tirados dele pelo "peeem" da produção. Eu ainda estava com os olhos fechados e ofegante tentando entender o que havia acontecido.

Outro "peeem" soou e eu finalmente acordei. Havíamos perdido estalecas, mas porra, valeu tanto a pena.

Marcela me olhou e mordeu os lábios, descendo rapidamente com um sorriso apaixonado me deixando sozinha com o dedo em minha boca lembrando e desejando-a novamente.

Acho que era isso que a gente precisava, um tempo a sós, sem câmeras e sem ninguém, para fazermos o que nos dava vontade sem pensar no que as pessoas de dentro e de fora da casa pensariam de nós.

Enquanto descia, vi que Marcela cantava Ludmilla.

- Ta com ciúme, ta com ciúme? Pega na mão e assume – cantava baixo e sorria no canto pegando suas roupas sem reparar que eu já estava no mesmo cômodo que ela e que a observava.

Olhei para a televisão e lá marcava "Gizelly e Marcela = Menos 300 estalecas".

Nossa, foram as 300 estalecas mais bem gastas da minha vida.

Gicela ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora