2 meses depois
Três meses se passaram desde que tudo aconteceu. Edward continuava seu sono tranqüilo e parece que ninguém o arrancaria mais dali. Mas ele precisava voltar. Eu estava com uma leve dor de cabeça e me recostei na poltrona pra ver se pelo menos cochilava. Acabei apagando.
Estava naquele jardim com as crianças quando Edward chegou sorrindo. Aquelas covinhas lindas em seu rosto eram a minha perdição. Ele pegou o menininho em seu colo e fez cócegas em seu pescoço e o garotinho riu.
- Quem é o garotão do papai?
- Eeeeeeuuuuuu! - eu ria da cara de bobão do Ed.
- Vocês são meus homenzinhos! Vem me dar um abraço coletivo aqui.
Os dois pularam no meu colo quase me esmagando. Quando o menininho saiu correndo pra brincar com as outras crianças, Ed começou a falar calmo.
- Meu amor, está na hora de você me deixar um pouquinho e ir cuidar um pouco da sua saúde. Você não tem estado bem nesses últimos meses. Seus amigos também precisam de você, a minha filha tem precisado muito de você e você também ta precisando de colo. Vai viver, Lis! Eu sei que você nunca vai desistir de mim mas agora você precisa cuidar de você, por mim!
Antes que eu conseguisse responder, ele se levantou e saiu. Não o vi mais. Mesmo em sonho, ve-lo tão bem, ouvir sua voz e até sentir o seu cheiro me reconfortaram. Quando acordei, Rick estava ao meu lado. Parecia emocionado. Ele disse olhando para o Ed.
- Minha filha nasceu, Lis. É uma menina linda ruivinha, a cara da Sarah! - olhei pra ele e sorri
- Meus parabéns!
- A Sarah sente a sua falta. Queria que você estivesse por perto quando acontecesse, Lis. A gente ficaria muito orgulhoso se a dinda da Cher fosse lá pelo menos dar um oi pra ela.
O sonho. As pessoas que estavam acordadas precisavam de mim. O Edward pediu isso.
- Elas estão aqui?
- Sim.
- Me ajuda aqui. - eu estava com dificuldades pra me movimentar, meu corpo todo doía por causa da poltrona, que era até confortável mas três meses depois se tornou um calvário. Rick me ajudou a levantar e antes que eu saísse do quarto, peguei a mão do Ed e beijei.
- Daqui a pouco eu volto, meu amor.Seguimos abraçados pelo corredor. Rick era como um irmão pra mim e entendeu que eu não queria conversar naquele momento, só sentir. Eu precisava urgentemente sentir alguma coisa.
Quando entramos no quarto, lá estavam as duas ruivinhas. Sarah amamentava Cher e quando me viu começou a chorar.
- Shiiii! Você vai assustar a minha afilhada. - brinquei.
- Eu não to acreditando que você conseguiu, Rick. -disse ela chorando enquanto eu dava um beijo em sua testa.
- Vou deixar vocês duas sozinhas.
- Eu não cumpri minha promessa de me casar antes deles nascerem. - ri fraco.
- Você vai se casar e os bebês vão estar lá de qualquer jeito, mesmo dando trabalho. Como você ta?
- Esperando... E você? Ela é tão sua cara.
- Só não estou melhor porque você não está bem. Você precisa reagir, Lis! Você acha que ele vai gostar de te ver assim quando ele acordar?
- Ele vai acordar.
- Vai sim!
- Eu to sonhando muito com ele nesses últimos dias e tem um monte de crianças no meio, uma delas eu tenho certeza que é a Cher. - rimos. - tem um menininho também que eu tenho certeza que é o Miguel.
- A Cindy ta sentindo a sua falta, amiga.
- Eu sei. Eu quero ir lá mas não sei se estou preparada. Dizem que o Miguel é ele de novo.
- Lis, o Edward não morreu! Ele está em coma mas ele está vivo. Não trate esse tempo como um luto, porque não é. Você precisa se fortalecer! Seu filho tem estado muito triste por ver você desse jeito se acabando nesse hospital. - minhas lágrimas então caíram. Edward e John eram os meus pontos fracos.
- Eu vou tentar. Só não quero deixá-lo sozinho.
- Ele não ta sozinho, meu amor... Os meninos tão sempre de olho nele. - Cher remexeu no colo da minha amiga e eu a peguei pra colocar no bercinho. Era tão linda e cheirosa que me dava vontade de ficar mais com ela no colo.
- Tenho que ir agora. Vocês precisam descansar.
- To muito feliz que você veio. Promete que vai voltar?
- Amo vocês! - disse dando um beijo na testa dela e saindo do quarto. Rick estava assinando uns documentos no corredor quando me viu sair.
- sua filha é linda! - disse abraçando ele. - posso te pedir um favor? Mas só se você puder.
- O que você quiser, Lis.
- Chama um taxi pra mim e fica perto do Ed até eu voltar, por favor.
- Fico sim. Pode ficar tranqüila. Não quer que eu vá com você? Eu arrumo alguém de confiança pra ficar com o Ed.
- Não. Prefiro que fique perto dele.
- Ta. Senta aí que eu chamo um taxi agora.Cheguei em frente ao prédio sem muita coragem. Mas se eu tinha vindo até aqui era porque eu precisava.
- O apartamento da srta Bradford, por favor. - disse ao porteiro que me autorizou a subir após confirmar o meu nome. Cindy já estava na porta quando saí do elevador.
- Eu não acreditei quando... - disse com os olhos cheios de lágrimas. Eu não disse nada. Só a abracei.
- Me desculpa por tudo? - disse chorando também.
- Você não tem que pedir desculpa. Eu sempre soube que você viria.
- Eu fui uma covarde.
- Não foi não Lis, você é a pessoa mais forte que eu já conheci. -entramos abraçadas e ela me sentou no sofá. - como ele tá? Eu não consigo ir lá...
- Eu sei... Não se culpe por isso também. Ele sabe o quanto você o ama.
- Meu pai é tudo pra mim, Lis. Mas eu não consigo olhar pra ele naquela cama. Não da!
- Fica tranquila. Ele vai acordar tá! Agora cadê o meu afilhado? Ele ainda é meu afilhado ne? - ela riu.
- Nunca deixou de ser. Ele ta dormindo. Vem aqui. - e me levou até um quarto todo decorado com ursinhos. O cheirinho de bebê invadiu os meus pulmões. Ele acordou e abriu os olhinhos pra mim.
- Oi, bebezão! Olha quem veio ver você. Eu não falei que ela vinha?
- Meu Deus, Cindy! - os olhos, realmente eram os do Ed. - que lindo! - peguei ele nos braços e fiquei o observando. Para um garotinho que nasceu prematuro ele era muito esperto.
- Deve ter sido uma barra pra você até ele ficar bem. - vi o quanto eu fui egoista. Cindy via o pai e o filho brigando pela vida e eu não fiz nada por ela.
- Foi difícil mas deu tudo certo. Só falta agora o gatão.
- Eles dois ainda vão brincar muito juntos. Viu, Miguel, seu avô mandou dizer que ama muito você! - rimos juntas. Cindy assim como eu também estava muito abatida, efeito dos últimos meses difíceis. Conversamos mais um pouco até que Drew chegou e me encheu de beijos e nova choradeira. Me despedi e voltei pro hospital.
Havia um movimento atípico no andar. Meu coração já começou a acelerar. Ed! Enfermeiros correndo de um lado para o outro e ninguém me falava nada até que eu vi o Rick vindo correndo. Meus olhos já estavam molhados.
- Rick, pelo amor de Deus, o que ta acontecendo?
- Ele acordou, Lis! Ele acordou! - disse me abraçando forte.
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Lis Campbell: Uma Segunda Chance
RomanceMinha história não é mais um clichê de uma menina atrapalhada que acorda atrasada para a entrevista de emprego. Não mesmo! De fato eu tenho uma entrevista hoje. Mas sendo a mulher de 35 anos prevenida que sou, cheguei com quarenta minutos de anteced...