ஜ Savannah Wolff
Toda ação tem uma reação. A liberação de serotonina, endorfina, dopamina e oxitocina resulta em felicidade. A precisão de estímulo nas zonas erógenas leva a um orgasmo. A língua umedecida por mais taças de vinho do que deveria desagua em uma ressaca astronômica.
Quem nunca acordou a quatro mil milhas de casa, com a cabeça girando e os olhos projetando estrelas no teto que atire a primeira pedra – e se for levar o que eu disse ao pé da letra, por favor, o faça silenciosamente.
Gosto de pensar em mim mesma como uma mulher preparada, poderosa e fatal que, com seu batom vermelho nos lábios, consegue resolver qualquer impasse.
Uma verdadeira força da natureza que oscila entre trovejadas e sorrisos solares, dependendo do interlocutor e da ocasião.
Modesta também, claro.
Sobretudo, pontual. Mas não hoje. Definitivamente não.
Quando o sol se embrenhou pelas frestas da janela da minha suíte, eu tinha um avião prestes a entrar em decolagem dali a vinte minutos.
Nem adiantaria sair correndo e, ao invés de perder um sapatinho de cristal, deixar para trás uma lingerie de trezentos dólares da La Perla.
Confesso que será um alívio tremendo – principalmente para a minha flora intestinal devastada, e para os meus quadris – ver meus pés deixarem o país da lasagna, da bruschetta e do canolli.
Preciso voltar a Nova York.
Mais precisamente ao One World Trade Center, onde passei por inúmeras presepadas impossíveis para realizar as extravagâncias exigidas pelos meus superiores tirânicos.
No entanto, deixo dito que se, no passado, comi o pão que o diabo amassou, hoje sou eu quem segura o tridente.
Me orgulho de ser editora-chefe de uma renomada revista masculina a que dedico os meus dias e as minhas noites – também preenchidas com vinho e outras atividades mais ou menos interessantes, dependendo da intensidade da minha libido.
Que, por sinal, foi uma das grandes culpadas de eu ter dormido demais.
Taças de felicidade líquida somadas à ativação do meu apetite sexual equacionaram um casinho tórrido que terminou comigo acordando atrasada e enxotando o dono de uma boca deliciosa e braços tonificados para fora do quarto.
Estava enrolado num lençol de algodão egípcio, com suas roupas em mãos, grato por ter estado na cama de uma deusa por uma noite.
Na verdade, não foi bem assim. Em vez de grato estava, na verdade, emputecido por ter sido expulso da suíte abruptamente.
Ah, sua vaca sem coração, você deve estar pensando.
E, provavelmente está certo, a esta altura tenho um bloco de gelo no lado esquerdo do peito. Mas dessa vez a culpa não foi minha e sim do meu voo de Roma com destino a Nova York.
Como eu vim parar aqui?
Bem, vamos começar do começo.
Numa tarde primaveril de março, um anjo lindo desceu a Terra. Trinta e três semanas. Parto normal. Pele fina e brilhante. 1,765g de pura graça. Gritava de forma voraz, mesmo com tão pouco tamanho. Nasceu prematura.
O que? Não tão do começo? Ok.
A coisinha imaculada a quem me refiro, é minha irmã: a amada quase primogênita da família – eu a venci antes.
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Crossed Lines: sem limites
Romantik"Chame do que quiser, mas essa tal força misteriosa está merecendo um esporro por continuar te fazendo atravessar meu caminho" - Savannah Wolff. Independente, sedutora, elegante e dona de dois metros de belas pernas, Savannah Wolff é a famigerada e...