Crossed Lines: sem limites

Capítulo III - Me subestime de novo, e será divertido

ஜ Savannah Wolff

Misturar sexo e trabalho é atear fogo num galão cheio de gasolina. Eu sei disso, meu cérebro também. Agora explique isso ao que há entre minhas pernas, já que, aparentemente, essa região sabota grande parte dos comandos proferidos pelo meu córtex central.

Não me entenda mal. A cada edição da Entertainment religiosamente dirigida por mim que chega em lojas e bancas eu me encho de euforia. Mas se eu não achasse que sexo é bom, já estaria vivendo reclusa em um mosteiro no Tibete.

Sou uma mulher bem resolvida e não tenho nada contra casos de uma noite. Principalmente porque também não tenho tempo suficiente para negar que gosto de uma imoralidade.

Ainda assim, meu trabalho vem em primeiro lugar. Posso não ter a disciplina de um monge, mas prezo minha reputação e independência financeira mais do que qualquer outra coisa. Não pretendo coloca-las em jogo. Assim como esse cargo que amo mais do que a minha própria vida.

Contudo, é difícil resistir ao sorriso deliciosamente prepotente que se formou nos lábios de Blake Haas. Ele tem presença, não foge do contato visual, fala manso. Não está facilitando para mim.

Estou quase certa de que se o corpo é um templo, o dele é um palácio. Erguido tijolo por tijolo pelo sarcasmo e cimentado por seu porte atlético.

Não preciso ler mentes para saber o que este homem quer. Os olhos cobiçosos luzindo em desejo me dizem tudo que preciso saber.

— Sabe muito bem que a recíproca é verdadeira, Srta. Wolff. — Era suposto que o lindo sorriso estampado naquela bela face fosse o suficiente para me desestabilizar. Mas ele não me conhece.

Eu podia jurar ter visto uma gota de suor caindo da lateral de sua testa quando o encurralei. No entanto, ele se saiu bem da emboscada, e jogou tudo para cima de mim.

— Do que está falando? — Pergunto com ultraje. Me fiz de idiota, obviamente sabendo a resposta.

— O que estou querendo dizer é: quem pode me culpar? Você comanda a minha revista favorita, é uma mulher inteligente, tem uma presença forte e faz bem aos meus olhos. Então, sim, você cruzou a minha mente uma vez ou duas — O tom de voz rouco do maldito me ateia em chamas. — E sei que também cruzei a sua.

— Está enganado — Devolvo. — Muito enganado se acha que não tenho mais o que fazer do que andar por aí suspirando por um engravatado metido e presunçoso.

— Não foi isso que eu disse, Srta. Wolff. Cada vez que tenta tirar as palavras da minha boca só acaba se entregando mais. — É sem um pingo de vergonha na cara e sem levantar a voz que ele me diz isso.

Lá está o seu grande ego, de novo.

— Não disse, mas não é preciso ser muito esclarecida para entender aonde o senhor quer chegar. Escute com atenção, porque eu só vou falar uma vez: pare por aí.

Mais do que pronta para deixar o restaurante, me levanto da cadeira e agarro minha bolsa.

— Por que? — Blake também se levanta, e se aproxima de mim lentamente. — Não devo me meter com uma superpredadora do topo da cadeia alimentar?

— Sugiro que não, Blake Haas. É difícil funcionar sem uma cabeça — Rosno. — E eventualmente vai acabar querendo arrancar a sua por não conseguir me tirar dela.

— Vamos ver quem arranca o quê primeiro — Outro sorriso sacana se forma em seus lábios. — Alguém vai perder a cabeça ao longo do caminho, e não serei eu. 

Aproximo-me dele o máximo que posso. Se vai me ameaçar, que faça isso olhando diretamente nos meus olhos.

— Isto é uma ameaça? — A minha voz escorre em deboche.